EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXOES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA

O PAI AMIGO 

Perguntaram a uma menina pequenina se ela sabia dizer o que era um pai. E ela disse que pai era um homem grande que era capaz de se sentar no chão com a gente e comer a comidinha de brinquedo da casa da boneca.

É como a história do fidalgo que entrando no gabinete do Rei encontrou sua Majestade brincando com o filhinho caçula e servindo de cavalo para o pequeno montar. E o Rei não deu nenhuma explicação nem pediu desculpas. Sabia que o fidalgo era pai também e entenderia.

Para filhos pequeninos valem esses quadros cheios de encanto. Para filhos mais crescidos eu já pensaria na expressão que eu ouvi de um jovem entusiasmado por seu pai: “Meu pai é meu amigo”.
Vou tentar colocar em uma ligeira pincelada uma reflexão que o dia dos Pais me sugere meditar nesta importante qualidade que um Pai deve ter: A AMIZADE. E começaria pela expressão do jovem entusiasmado com seu pai: “Meu pai é meu amigo!” Evidentemente, porque há pais que não se mostram amigos dos filhos. Estão sempre ocupados. Não tem tempo para conversar com eles. Para ouvi-los e para falar-lhes. E para ajudá-los a não se perder em caminhos errados, nem se desencorajarem diante dos problemas. Um jovem faz a seguinte queixa: Meu pai me fornece tudo o de que preciso: roupas, discos, dinheiro para gastar. Agora está me oferecendo uma viagem à Europa. Ele acha que eu sou ingrato. Mas é que ele ainda não entendeu que o que eu quero é que ele seja tão pródigo de si mesmo, como o é das coisas que me dá. Não sei se algum jovem saberia dizer de uma forma mais bonita como ser pai. Alguém que está presente, que escuta, que se interessa, que mostra caminho, que inspira e ajuda, que perdoa e que é capaz de reconhecer que, às vezes, erra também e é capaz de reformar seus pontos de vista.

Tenho pena dos pais pobres que não têm tempo de estar com os filhos, porque o trabalho longe de casa e as horas que gastam para ir e voltar mal lhes permitem ver os filhos nas últimas horas do dia.  E tenho pena dos pais ricos, cujos negócios e encargos e encontros obrigatórios e conferências e congressos lhe tomam todo o tempo e pensamento, não lhes sobrando o espaço necessário para conviver com os filhos. Sem se perceber, vão se diluindo os laços que consolidam o amor e a confiança. Como é importante o encontro das gerações.

Encontro de perto, íntimo, amigo. Encontro que se vai tornando, hoje, mais difícil, porque a brecha entre as gerações se alargou demasiadamente. São duas ou três dezenas de anos do passar do tempo, mas parecem séculos de diferença de mentalidade.

Os pais, de certo modo, tem que se educar de novo para aprender a acolher os filhos como eles são. Para descobrir os valores novos que neles existem, como o repúdio à injustiça e a vontade de serem construtores do mundo. Para descobrir o caminho e para ajudá-los. E para anular os valores negativos que o mundo lhes vai insuflando.

Que os pais não percam a esperança. Há forças misteriosas postas por Deus no coração dos filhos. E elas atuam, mesmo quando pareçam amortecidas por uma porção de forças contrárias presentes no tempo e na sociedade. A autoridade do pai não se destrói. Nem se destrói o respeito no coração dos filhos. Talvez haja apenas novos modos de exercer a autoridade. Uma autoridade que, em vez de impor suas ordens, imponha-se pelo seu valor. Como, nos filhos, o respeito é mais temperado de carinho e de confiança. Um respeito que cresce e se fortalece no fundo da consciência, embora sem formas exteriores muito cerimoniosas.

Entra hoje mais o clima do caminhar junto, lado a lado, se bem que no subconsciente do filho esteja a certeza de que o pai é quem está na frente por muitos títulos, infundindo-lhe uma grande confiança. Uma grande segurança. Um vivo estímulo.

LEITURAS do XX Domingo do Tempo Comum -Ano c:

1a) Jer 38, 4-6, 8-10 -2a) Her 12, 1-4 -3a) Lc 12, 49-53