Um menino e sua mãe

Lucas de Paula Almeida, aos 10 anos

Conheci um menino há muitos anos que andava atrás de uns trocadinhos de sua mamãe. Então, escreveu um bilhete para ela com os seguintes dizeres:

” Mamãe, a senhora está me devendo 17 reais por vários motivos:
– “Quando me levantei, escovei os dentes, arrumei a cama, varri o quarto, fui a Missa cedinho, arrumei a minha batina,estudei, fiz meus deveres para casa, arrumei a minha pasta com os livros e a minha merenda, por causa disso a senhora me deve 4 reais.– Fui a escola me comportei bem, prestei atenção e quando cheguei em casa esquentei a minha comida que a senhora havia deixado no fogão, lavei os pratos, varri a casa e deixei tudo prontinho, por causa disso a senhora está me devendo mais 13 reais. Deixou o bilhete em cima da mesa e foi brincar…

Quando voltou encontrou os 17 reais e junto um outro bilhete: “Meus parabéns, filho , aqui estão os 17 reais, e continue sempre assim”.

Gostaria de lhe dizer que você não me deve nada por tê-lo guardado em mim por 9 meses, cuidado de você nestes nove meses, e ter compartilhado com você todo o meu ser, enquanto você ainda estava no pensamento de Deus, desde toda eternidade.

Me lembro, meu filho, que Jesus prometeu a vida eterna para quem, por seu amor, der um copo de água ao irmão. Pois bem, se a vida eterna Jesus dá por um copo de água, o que, então, dará para quem a vida lhe deu e amou você, quando você era apenas uma promessa?E por ter acariciado você no meu seio esperando você nascer acalentando-o com muito amor, meu filho, você não me deve nada. Eu nunca lhe disse que, quando você nasceu quase morri de eclampsia por que tive problema grave no seu nascimento. Não se esqueça do cuidado que tive com você logo que nasceu. Amamentei-o com muito amor e ternura para que você ficasse bem de saúde.

E qual será a paga para os meus braços que embalaram você, para as horas de vigília orquestradas pelo seu choro impertinente? Por um copo d’água, a vida eterna! É o que Jesus vai dar, em paga pelos anos todos de cuidados por você, que nem sempre era o que eu esperava?

Você foi o maior sonho acalentado durante meus 40 anos de vida e, por tudo que fiz por você nestes seus 10 anos de vida, meu filho, você não me deve nada. Finalmente, você diz que eu lhe devo 17 reais, e está certo. Mas eu lhe pergunto o que vai me dar, em paga pelos anos todos de cuidados por você, que nem sempre era o que eu esperava?

Qual a recompensa pelas rugas que você ajudou a cavar em mim, pelas grinaldas de cabelos prateados que encobriram a coroa de espinhos de muitos anos e tantas dores por você, meu filho. Apesar de tudo, você não me deve nada”.

Ao ler aquele bilhete resposta aquele filho caçula que tinha seus 10 anos ficou tão envergonhado que deixou os 17 reais sobre a mesa e foi abraça-la, agradecendo-a tudo que ela lhe havia feito.

Eu sou aquele menino. Hoje, padre Lucas. Tive a graça de conviver com aquela mãe feliz por um período de 32 anos. Infelizmente, não está junto de nós, filhos. Quando me dirigia para dar um curso de canto pastoral em Vitória, sofremos um acidente. Um carro desgovernado veio em cima do meu carro.

O motorista dormiu no volante acidentando a minha mãe, que recebeu das mãos do seu filho padre o conforto dos últimos sacramentos e acabou morrendo nos meus braços. Fiquei 9 meses engessado da cabeça aos pés.

Isto aconteceu em 16/02/1978, depois de termos acabado de rezar o terço e ela feliz da vida como que se despedindo de mim agradecendo o filho padre que Deus lhe tinha dado.

O Menino que queria ser padre

Alguns anos atrás, um grupo de mães da cidade de Ouro Branco veio ter comigo, no mês de agosto, mês das vocações, pedindo-me para falar para elas a respeito de vocação. Uma mãe, pobrezinha, me perguntou se menino pobre podia ser padre.

_ Senhora, respondi-lhe, eu conheci muito bem um menino pobre que tinha um ardente desejo de ser padre. A sua mãe, porém, era viúva e pobre não podia mantê-lo no seminário. Com insistência daquele menino, encheu-se de forças. Um dia, na festa do padroeiro da cidade, aquele menino entrou na igreja. A sua imaginação e a sua alma encheram-se do esplendor do culto. Um desejo ardente e uma ânsia incontida talvez, uma esperança desfeita lhe apertou o coração. E ele, sem conter as lágrimas saiu da Igreja apressadamente.Na praça, sua mãe o viu e perguntou-lhe: _ “Por que choras, meu filho?”
_ “Desejo ser padre, mas eu sou pobre, respondeu o menino.”
_ “Nós vamos dar um jeito, garantiu aquela mãe, mas vai depender muito de você”. Aquela mãe sofrida pelo tempo, a fazedora de biscoitos, doces, foi recompensada.

O menino fez o ginásio, científico, a filosofia, a pedagogia, a teologia, doutorando-se em música, estudando 15 anos seguidos. E no dia 18 de julho de 1976 ordenou-se padre depois de muito sacrifício, mesmo sabendo que sua mãe se alimentava uma vez por dia para poder manter os estudos de seu filho.

 

E na manhã do dia 18 de julho, uma manhã fria com a praça repleta de gente estava aquele menino em frente aquela mesma praça onde chorou a 15 anos atrás desejoso de ser um padre.

E naquela manhã fria estava ele abençoando pela primeira vez a sua mãe, aquela mulher feliz, sofrida e abençoada por Deus. Voltando-se para as mamães ali presentes disse sorrindo:

“Este menino que queria ser padre, sou eu que lhes falo agora”.

 

A VIDA DE UM PADRE

No dia 18 de julho de 2018, fiz 42 anos de padre. O meu serviço de padre até 2001 foi na direção espiritual e nacional da SSVP (Sociedade São Vicente de Paulo), professor de Filosofia das Religiões, na Puc de Minas e no …Seminário São Vicente de Paulo como professor em Liturgia e Música.

ATUALMENTE, SOU UM SIMPLES PADRE ESCRITOR COM 77 LIVRO: 
10 sobre Jesus Cristo, 05 sobre Maria de Nazaré, 02 sobre São José, 31 sobre Biblia, 04 sobre Catequese, 06 sobre liturgia e musica, 05 sobre Teologia Popular, 06 sobre São Vicente de Paulo, 7 de peças teatrais, 1 novela. Coordenador, via internet, de 77 cursos a distância sobre todos os meus livros.

Nosso trabalho é bastante profundo sobre a VIDA E OBRAS
SOBRE SÃO VICENTE DE PAULO, PAI DOS POBRES. São 21 DVDS feitos em parceria com os padres expoentes da nossa Congregação Vicentina.

365 EVANGELHOS DO DIA & HOMILIAS DIARIAS EXPLICADAS: ANOS A – (2008, 2011, 2014…

 

365 EVANGELHOS DO DIA & HOMILIAS DIARIAS EXPLICADAS: ANO B – (2009, 2012, 2015

365 EVANGELHOS DO DIA & HOMILIAS DIARIAS EXPLICADAS: ANO C: (2007, 2010, 2013…

 

Finalmente, trabalho também como Produtor Musical e sou diretor espiritual das peregrinações pelo mundo afora (127 paises visitados).

 

Sou um sacerdote com uma vida muito cheia. Todas essas funções dão muito trabalho, fazem a gente sofrer muito, mas também dão muita alegria. Nas minhas orações sempre tenho mais que agradecer a Deus do que pedir.
Começaria por agradecer a Deus contando um fato que aconteceu comigo a 37 anos atrás. Logo que me ordenei, fui colocado em Bambui, na diocese de Luz do grande bispo, amigo e poeta, Dom Belchior da Silva Neto, uma cidade maravilhosa, onde passei 3 dos meus melhores anos da minha vida, junto desse povo religioso, bom, inteligente, generoso, musical (14 cds de minhas melhores e mais bonitas musicas saíram dessa terra querida e bendita) como diretor das MISSÕES POPULARES VICENTINAS. Chegamos com 4 Padres Vicentinos e 8 filhas da caridade para um trabalho direto com o povo, mas sobretudo da zona rural como fazia São Vicente de Paulo. Fiz uma proposta a equipe de começar o nosso planejamento de trabalho fazendo um levantamento sócio religioso das famílias a fim de conhecê-las melhor e também sua realidade. Começamos visitando todas as famílias, onde éramos recebidos com muita alegria. Fazíamos as visitas de rural, a cavalo e na maioria das vezes a pé, pois não havia estradas. Numa tardezinha de novembro, depois de ter andado a pé quase o dia todo me aproximei de uma das casas. Estava enlameado da cabeça aos pés. Minha botina pesava muito. Antes de entrar numa daquelas casas, comecei a limpar os pés na grama. Aí, um menino veio correndo e disse:_ “Não precisa limpar os pés, não, seu padre, pode vir assim mesmo!” Ao me aproximar da soleira daquela casa, eu levei o maior susto. Toda a família estava ajoelhada. Espantado, perguntei porque estavam assim. E o pai de família respondeu: _ “Senhor padre Lucas, receber a sua pessoa para nós é o mesmo que receber Jesus Cristo”. Essas palavras me tocaram bem no fundo do meu coração. E até hoje sinto o seu peso. Senti naquele momento algo de sobrenatural, revolucionando todo o meu mundo interior. Percebi com clareza o nada da minha pequenez diante da grandeza infinita de Cristo que eu representava. Foi um desafio. Está sendo um desafio. Até hoje e para sempre aquele gesto de uma família ajoelhada diante de um ministro de Deus, continua exigindo de mim um comportamento tanto quanto possível semelhante ao de Cristo a quem eu represento e quero seguí-lo. Se não me engano foi Santa Catarina de Sena quem disse: Se eu encontrar na rua um PADRE ou UM ANJO iria saudar , em 1º lugar o padre, pois Ele é o representante de Jesus Cristo.

 

 

(1) Pe. Lucas de Paula Almeida, CM
padrelucas@terra.com.br – www.padrelucas.com.br
Rua José Cleto, 320 – Bloco B – Apto. 304
Bairro Palmares – 31155-240
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TEL. (031)34260069- 99766272
 ” QUE O SENHOR TE ABENÇOE E TE GUARDE;
QUE O SENHOR FAÇA RESPLANDECER SEU ROSTO SOBRE TI
E TENHA MISERICÓRDIA DE TI
QUE O SENHOR SOBRE TI LEVANTE O SEU ROSTO
E TE DÊ A PAZ.”
E QUE MARIA IMACULADA TE CUBRA SEMPRE COM O SEU MANTO PROTETOR. AMEMPadre Lucas é a 33 anos de padre e sacerdote vicentino da Congregação da Missão (CM), maestro, compositor, cantor e escritor, formado em Filosofia, Teologia, Pedagogia, Liturgia e Musica. 48 livros publicados e 46 CD editados (vencedor de 23 CF) .[content_timeline id=”1″]

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