EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
O AMANHECER DO EVANGELHO
REFLEXOES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
XXIV Domingo do Tempo Comum -ANO C
A ALEGRIA DO PERDÃO
Num dos belos cantos penitenciais do repertório de nossas igrejas estão estas belas palavras: “Eu canto a alegria, Senhor – de ser perdoado no amor”. O perdão que Deus nos dá de nossos pecados é todo feito de amor e de alegria. Não é a sentença de absolvição de um tribunal, dada muitas vezes com frieza e má vontade. É o coração de Deus Pai, que se alegra pela nossa volta. Como exemplifica Jesus em três parábolas que São Lucas – o evangelista da misericórdia – acolhe no seu evangelho.
A primeira parábola é a do pastor que encontra a ovelha perdida. Um pastor tinha cem ovelhas. Uma delas se afasta do rebanho e se extravia.
O pastor vai procurá-la. Com todo o carinho. Deixando as noventa e nove que estão seguras no aprisco, percorre montes e vales, até encontrar a que se tinha perdido.
Quando a encontra, faz grande festa com os amigos. “Assim- disse Jesus – haverá mais alegria no céu por um só pecador que faça penitência, do que por noventa e nove justos que não precisam de penitência” (Lc 15, 7).
A segunda parábola é a de uma mulher que tinha dez moedas de prata, e perdeu uma. Revira imediatamente toda a casa, até encontrá-la. E, então, chama as amigas para se alegrarem com ela. Uma alegria incontida! “Assim -concluiu de novo Jesus -eu vos digo que haverá alegria entre os anjos do céu por um só pecador que faça penitência” (Ibid., v 10).
Mas a terceira parábola é a mais bela de todas. É, sem dúvida, a mais bela de todo o Evangelho: É uma verdadeira dramatização muito viva de toda a história do pecador que se afasta de Deus; da miséria que ele encontra longe da casa do pai; e, enfim, da volta, em que ele é acolhido com alegria e com festa pelo pai; esse pai que ficara chorando sua ausência, e que alongava todos os dias os olhos para a última curva da estrada, na esperança de vê-lo regressar.
Todo aquele que estiver em estado de pecado, leia essa parábola e reflita sobre ela, e encontrará o caminho da conversão. Descobrirá como é dura ingratidão afastar-se de Deus que é Pai e que nos dá tudo o de que precisamos. Descobrirá como é infeliz a vida longe da casa do Senhor. A situação de miséria em que se encontrou o filho pródigo, tendo até de tomar conta de porcos – profissão amaldiçoada pela lei judaica -e sendo desprezado por todos, mostra-lhe-á o fundo abismo em que se precipitou. E acabará encontrando no fundo da alma o apelo à conversão. Como o moço da parábola, lembrará os bens de que gozava na casa do Pai, e sentirá de novo quanto é bom esse Pai. Quererá voltar para ele. Sentir -se-á indigno de ser seu filho, e se contentaria com um lugar de servo. Mas o Pai do céu, exatamente como o pai da parábola, Ihe fará sentir que o quer Ter sempre como filho. Que lhe perdoa tudo, e se alegra com grande alegria pela sua volta. Era um filho que estava perdido, e que agora volta; estava morto, e ressuscitou (cfrv 32).
O mais belo dos aspectos da parábola é exatamente esse, de que o filho é restituí do à sua condição de filho. O Santo Padre João Paulo II, em mais de um documento, insiste nesse elemento da parábola: “Pai pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um de teus empregados” (v 19). Mas o pai não quer assim. E tudo faz para que o filho sinta que ele é sempre seu pai. Esse é o sentido da túnica preciosa, do anel que lhe põe no dedo, da sandália que lhe faz calçar, e da festa que promove. É uma verdadeira ressurreição. Se não fosse assim, o perdão não pareceria completo; e ficaria sempre a sombra do remorso magoando a consciência para sempre:
Nas três parábolas há a alegria do encontro. E num crescendo de emoção. A alegria do pastor que reencontra sua ovelha é maior do que a da mulher que achou a moeda de prata. E infinitamente maior é a alegria do pai que recebe o filho que voltou. É bom guardarmos o sentido dessa alegria.
A confissão não é um sacramento de tristeza e de humilhação. É um sacramento de festa e de alegria. Humilhação e tristeza é o pecado. É estar longe de Deus. Voltar para Deus é alegria. É o amor de Deus florescendo em misericórdia. É o pecado do homem, destruído por essa misericórdia. Nada mais justo que cantar: “Eu canto a alegria, Senhor- De ser perdoado no amor”.
LEITURAS do XXIV Domingo do Tempo Comum -Ano C:
1a) Ex 32, 7-11.13-14
2a) 1Tm 1, 12-17
3a) Lc 15,1-32
EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
O AMANHECER DO EVANGELHO
REFLEXÕES DE FREI CARLOS MESTERS, , O. CARM
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
DOMINGO DA 24ª SEMANA DA STC
1) Oração
Concedei, ó Deus, que vossos filhos se preparem dignamente para a festa da Páscoa, de modo que a mortificação desta Quaresma frutifique em todos nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 20-26)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus – Naquele tempo, 20 Disse Jesus , se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus. 21Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal. 22Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: Raca, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena. 23Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. 25Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. 26Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo. – Palavra da salvação.
3) Reflexão
* O texto do evangelho de hoje faz parte de uma unidade maior de Mt 5,20 até Mt 5,48. Nela Mateus mostra como Jesus interpreta e explica a Lei de Deus. Por cinco vezes ele repete a frase: “Antigamente foi dito, mas eu vos digo!” (Mt 5,21. 27.33.38.43). Um pouco antes, ele tinha dito: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim acabar, mas sim dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17). A atitude de Jesus frente à lei é, ao mesmo tempo, de ruptura e de continuidade. Ele rompe com as interpretações erradas, mas mantém firme o objetivo que a lei quer alcançar: a prática da justiça maior que é o Amor.
* Mateus 5,20: A justiça maior que a justiça dos fariseus. Este primeiro versículo dá a chave geral de tudo que segue no conjunto de Mt 5,20-48. A palavra Justiça aparece nenhuma vez em Marcos, e sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). Isto tem a ver com a situação das comunidades para as quais Mateus escreve. O ideal religioso dos judeus da época era “ser justo diante de Deus”. Os fariseus ensinavam: “A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos os seus detalhes!” Este ensinamento gerava uma opressão legalista e trazia muita angústia para as pessoas, pois era muito difícil alguém observar todas as normas (cf. Rom 7,21-24). Por isso, Mateus recolhe palavras de Jesus sobre a justiça mostrando que ela deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem do que eu faço por Deus observando a lei, mas sim do que Deus faz por mim, acolhendo-me como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: “Ser perfeito com o Pai do céu é perfeito!” (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas da mesma maneira como Deus me acolhe e me perdoa, apesar dos meus defeitos e pecados.
* Por meio de cinco exemplos bem concretos, Jesus vai mostrar como fazer para alcançar esta justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus. Como veremos, o evangelho de hoje traz o primeiro exemplo relacionado com a nova interpretação do quinto mandamento: Não matarás! Jesus vai revelar o que Deus queria quando entregou este mandamento a Moisés.
* Mateus 5,21-22: A lei diz “Não matarás!” (Ex 20,13) Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que de uma ou de outra maneira possa levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, xingamento, desejo de vingança, exploração, etc.
* Mateus 5,23-24: O culto perfeito que Deus quer. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo, no ano 70, quando os judeus cristãos participavam das romarias a Jerusalém para fazer suas ofertas no altar e pagar suas promessas, eles sempre se lembravam desta frase de Jesus. Nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existem. Tinham sido destruídos pelos romanos. A própria comunidade e a celebração comunitária passam ser o Templo e o Altar de Deus.
* Mateus 5,25-26: Reconciliar. Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação. Isto mostra que, nas comunidades daquela época, havia muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes e até opostas. Ninguém queria ceder diante do outro.
Não havia diálogo. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhimento e compreensão. Pois o único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso, procure a reconciliação, antes que seja tarde demais!
6) Oração final
Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor; Senhor, ouvi minha oração. Que vossos ouvidos estejam atentos à voz de minha súplica. (Sl 129, 1-2)