– Pe. Lucas – Saiu o Semeador a Semear – Mt 13,18-23 –

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

                                                                                     Saiu o semeador a semear O Verbo de Deus se fez homem. É o mistério da Encarnação, que uniu o céu com a terra e fez Deus ficar mais perto de nós. Em Cristo, Deus é um de nós. Representante legítimo do gênero humano.Porém, é preciso lembrar que Ele se fez homem dentro de um determinado povo, numa cultura determinada, falando uma determinada língua, e espelhando os costumes de sua gente. Como declara São Mateus no primeiro versículo do primeiro capítulo de seu Evangelho: “Lista genealógica de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão”. Mas, evidentemente, Jesus é a expressão mais pura de tudo o que há de melhor no seu povo. Seu espírito é aberto para a contemplação da natureza.E, como seu grande antepassado Salomão – que ficou como protótipo da sabedoria antiga -usa nos seus discursos a elegante arte das parábolas. De Salomão se dizia que havia pronunciado três mil parábolas. De Jesus não se diz quantas; mas se afirma que era esse o seu modo habitual de falar: “Nada lhes falava senão em parábolas” (Mc. 4,34).Na missa de hoje ressoa em nossas igrejas uma das parábolas mais conhecidas: a do semeador que saiu a semear a sua semente. Jesus a pronunciou de dentro de um barco – símbolo da nau da Igreja, de dentro da qual a palavra vai ser anunciada ao longo dos séculos. Falou para a multidão reunida à beira do lago de Genesaré.É uma lição definitiva sobre como nos comportarmos diante da palavra de Deus.Jesus fala do semeador como era no seu tempo. Não havia então as técnicas agrícolas de hoje, nem as máquinas para preparar o solo, nem os fertilizantes para melhorar – lhe a qualidade.Era uma agricultura mais primitiva e mais espontânea, marcada como que por uma suave poesia de contato mais direto com a natureza.O semeador ia atirando à terra a semente, e os grãos iam caindo desordenadamente nos vários tipos de terreno que iam encontrando. Como foi enumerando Jesus, com toda a vivacidade própria de sua palavra.Uma primeira parte da semente – disse Ele – caiu ao longo do caminho que atravessava o terreno; e os pássaros, sempre presentes, não deram nem tempo de os grãos penetrarem na terra; comeram-nos avidamente.Outra parte de grãos caiu em terreno pedregoso. Como não havia muita terra para enfrentar, os grãos brotaram logo; porém, mal se levantou o sol, como não tinham raízes, logo murcharam e secaram.Outros grãos caíram entre os espinhos. Os grãos germinaram, mas os espinhos logo cresceram e os sufocaram. Finalmente outros grãos caíram em terra boa. E brotaram, e cresceram, e deram fruto: cem, sessenta, trinta por um (cf. Mt 13,1-8).Tenho a impressão de estar vendo o povo atento às palavras do Mestre. Mas muita gente não ouviu direito, ou ouviu e não quis entender. Já o profeta Isaías – Jesus o lembrou expressamente, comentando com os discípulos – havia predito a atitude desses corações indispostos.E o Divino Mestre disse estas consoladoras palavras ao grupo privilegiado dos discípulos: “Felizes os vossos olhos que vêem e os vossos ouvidos que ouvem. Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo e não o viram, e ouvir o que estais ouvindo e não o ouviram” (Ibid., 15s). E lhes explicou ponto por ponto a parábola.E foi esta a explicação: 0 caminho no qual caíram as sementes e vieram os passarinhos e as comeram, significa os que têm coração desatento e de má vontade. Ouvem a palavra, mas vem o demônio e a arrebata do seu coração.O terreno pedregoso representa os que ouvem a palavra apenas superficialmente. Podem até emocionar-se; mas diante da primeira tribulação logo abandonam o que tinham aprendido.O terreno com espinhos representa os corações cheios de cuidados mundanos e do fascínio das riquezas, que sufocam a palavra que ia germinando. Finalmente a terra boa na qual cai a semente significa os que ouvem a palavra de Deus e dão fruto: cem, sessenta, trinta por um (cf. ibid., 18-23).É interessante notar que Marcos assinala estes frutos em ordem crescente: trinta, sessenta e cem por um. O que ilumina o final da parábola com uma luz de maior otimismo. Um convite à esperança. Como deve ser a atitude de todo aquele que ouve a palavra de Deus.

Mt 13,18-23 – SAIU O SEMEADOR A SEMEARPe.Lucas- Explicação da parábola do semeador-(Mateus 13,18-23)

O AMANHECER DO EVANGELHO

                                                                       Sexta-feira da 16ª Semana do Tempo Comum1) Nós estamos orando por você

Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.2) Leitura do Evangelho (Mateus 13, 18-23)

18Ouvi, pois, o sentido da parábola do semeador: 19quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho. 20O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida, 21mas não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, logo encontra uma ocasião de queda. 22O terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa. 23A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem por um, sessenta por um, trinta por um.3) Um momento de Reflexão

  • Contexto. A partir do capítulo 12, aparece uma oposição entre os líderes religiosos de Israel, os escribas e fariseus, de um lado, enquanto por outro lado, entre as multidões que ouvem Jesus maravilhadas com suas ações prodigiosas, vai-se formando pouco a pouco um grupo de discípulos de características ainda não definidas, mas que segue a Jesus com perseverança.
  • A doze destes discípulos Jesus dá o dom da sua autoridade e de seus poderes; envia-os como mensageiros do reino e lhes dá instruções exigentes e radicais (10,5-39). No momento da controvérsia com seus adversários, Jesus reconhece a sua verdadeira parentela não vinha da carne (mãe, irmãos), mas sim nos que o seguem, ouvem e fazem a vontade do Pai (12,46 -50). Este último relato nos permite imaginar que o público a quem Jesus dirige a palavra é duplo: de um lado, os discípulos aos quais lhes concede conhecer os mistérios do reino (13,11) e que são capazes de compreendê-los (13,50 ) e, por outro lado, a multidão que parece estar privada desta compreensão profunda (13,11.34-36).
  • Às grandes multidões que se reúnem para ouvir Jesus é apresentada em primeiro lugar a parábola do semeador. Jesus fala de uma semente que cai na terra ou não. O seu crescimento depende do lugar onde ela cai, é possível que seja impedida até o ponto de não dar frutos, como acontece nas três primeiras categorias de terra: “o caminho” (lugar duro por causa da passagem de homens e animais), “o terreno rochoso” (formada por rochas), “cardos” (terra coberta de espinhos).
  • No entanto, aquela que cai na “boa terra” dá um fruto excelente ainda que em quantidades diferentes. O leitor é orientado a prestar mais atenção ao fruto do grão que à ação do semeador. Além disso, Mateus focaliza a atenção do público sobre a boa terra e sobre fruto que ela é capaz de produzir excepcionalmente.
  • A primeira parte da parábola termina com uma advertência: “Aquele que tem ouvidos, ouça.” (v. 9), é uma chamada para a liberdade de ouvir. A palavra de Jesus pode permanecer uma simples “parábola” para uma multidão incapaz de entender, mas para aquele que se deixa conduzir por sua força pode revelar “os mistérios do reino dos céus.” O acolher a palavra de Jesus é o que distingue os discípulos e a multidão anônima, a fé dos primeiros revela a cegueira dos segundos e os empurra a buscar para além da parábola.

Ouvir e compreender. É sempre Jesus quem conduz os discípulos no caminho certo para a compreensão da parábola. No futuro, será a Igreja a ser guiada através dos discípulos para a compreensão da Palavra de Jesus. Na explicação da parábola, os dois verbos “ouvir” e “entender” aparecem em 13,23: “A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende.” É na compreensão onde o discípulo que ouve cada dia a Palavra de Jesus se distingue das multidões que só a escutam ocasionalmente.Impedimentos à compreensão. Jesus refere-se, principalmente, à resposta negativa que seus contemporâneos dão à sua pregação do reino dos céus. Esta resposta negativa está ligada a impedimentos de vários tipos. O terreno da beira do caminho é aquele que os pedestres tornaram endurecido e aparece totalmente negativo: “Todo mundo sabe que não serve para nada lançar a semente no caminho: não há as condições necessárias para o crescimento. Depois as pessoas passam, pisoteiam e destroem a semente. A semente não se lança em qualquer parte” (Carlos Mesters). Antes de tudo está a responsabilidade pessoal do indivíduo: acolher a Palavra de Deus no próprio coração; se ao contrário cai em um coração “endurecido”, teimoso em suas convicções e na indiferença, se oferece campo ao maligno que acaba completar por completar esta atitude persistente de fechamento à Palavra de Deus.O solo pedregoso. Se o primeiro obstáculo é um coração insensível e indiferente, a imagem da semente que cai sobre pedras, sobre rochas e entre os espinhos, indica o coração imerso em uma vida superficial e mundana. Estes estilos de vida são a energia que impedem que a Palavra dê frutos. Ele dá um vislumbre de ouvir, mas logo se torna bloqueado, não só pelas provações e tribulações inevitáveis, mas também para o envolvimento do coração nas preocupações e riqueza. A vida não profunda e superficial provoca a instabilidade.boa terra é o coração que ouve e compreende a palavra; esta dá frutos. Esse desempenho é o trabalho da Palavra em um coração acolhedor. Trata-se de uma compreensão dinâmica, que se deixa envolver pela ação de Deus presente na Palavra de Jesus. A compreensão da sua Palavra permanecerá inacessível se negligenciarmos o encontro com ele e não o deixamos que dialogue conosco.4) Para um confronto pessoal

  1. A escuta da Palavra de Deus, te leva à compreensão profunda ou permanece apenas como um exercício intelectual?
  2. És coração acolhedor e disponível, dócil para chegar a uma compreensão plena da Palavra?

5) Oração final

A lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma; a ordem do Senhor é segura, instrui o simples. Os preceitos do Senhor são retos, deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos. (Sl 18, 8-9)