Pe. Lucas – “Quem me vê,vê o Pai”- Jo 14,1-12

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

                                                        REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

                                                    CURTA O VÍDEO – V DOMINGO DA PÁSCOA – “QUEM ME VÊ, VÊ O PAI”:O salmo 117 – na bíblia hebraica 118 – é uma bela liturgia de ação de graças. Um rei – ou algum outro nobre personagem – vem ao Templo dar graças a Deus por uma grande vitória. Foi Deus o autor da grande maravilha. E esse dia de vitória é “o dia que o Senhor fez: é preciso comemorá-lo com imensa alegria” (v.24). À luz do Novo Testamento torna-se evidente que esse rei é Cristo. E sua vitória é a Ressurreição – o grande “Dia de Deus”. Por isso mesmo, na festa da Páscoa aparece gloriosamente esta proclamação: “Haec dies quam fecit Dominus”- este é o dia que o Senhor fez. A Ressurreição de Jesus é a maior de todas as vitórias de todos os tempos e lugare

Mas nesse salmo, quando se fala das lutas que o Rei teve de enfrentar, declara-se isso com uma bela imagem:”A pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se a pedra angular”(v.22). Essa pedra é Cristo. Sabemo-lo por uma declaração do próprio Jesus, na parábola da vinha (Mt 21,42). E sabemo-lo, de maneira mais explícita, pela palavra de São Pedro, na sua fala aos homens do Sinédrio: “É Ele a pedra que vós, os construtores,  rejeitastes, e que se tornou a Pedra angular”(At 4,11). Pode-se até dizer que esse é um texto predileto de São Pedro, que vai repeti-lo em sua primeira carta (1 Pedro 2,6).

Cristo é a pedra angular do mundo novo. Todo o bem, toda a justiça, toda a verdade, que devem estar presentes na História, para que ela se construa de um modo sadio, harmonioso, vitorioso, têm sua base em Cristo. Na sua palavra, no seu exemplo, na graça de Redenção que Ele nos trouxe por sua vitória sobre a morte. E assim é que Ele pôde dizer, no seu discurso testamentário, pronunciado no Cenáculo, na Última Ceia, mas que agora lemos à luz da Ressurreição: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vai ao Pai, senão por mim” (Jo 14,6). Ele estava respondendo a uma pergunta de Tomé, que queria saber o caminho para o Pai.Jesus não é apenas alguém que ensina o caminho. Ele é o próprio Caminho, por onde temos de passar. Ele não é apenas um mestre que ensina a Verdade. Ele é a própria verdade, que devemos conhecer e com que nos devemos identificar. Ele não é apenas alguém que promove a vida ou que transmite a vida. Ele é a própria Vida que devemos viver. Temos de chegar àquilo de São Paulo: “Para mim o viver é Cristo” (Fl 2,21 ). Ou mais energicamente ainda: “Eu vivo, mas já, não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). lsso quer dizer que, pela fé, Jesus Cristo se torna de algum modo o sujeito de todas as ações vitais do cristão, podendo cada um dizer num enlevo de felicidade: Jesus é minha vida.Mas, na perícope do evangelho de São João que a Igreja nos está fazendo ler na liturgia deste domingo, há uma grande palavra sobre a qual não podemos deixar de nos deter, com a mais reverente atenção. Felipe pede que Jesus Ihe mostre o Pai. E Jesus responde: “Felipe, há tanto tempo que estou convosco, e tu ainda não me conheces? Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). E Jesus ainda explica que Ele está no Pai, e o Pai está nele (cfr v 10). Pela fé é que podemos saber isso. Sem a fé, não o sabemos. Talvez Felipe estivesse querendo uma manifestação fulgurante do Pai. Mas não era ainda a hora. Temos que nos contentar na terra com o conhecimento como que silencioso das coisas de Deus. Podemos pedir – isso sim – que Deus nos aumente a fé. E nos dê aquela claridade interior que faz a felicidade dos santos.O que está claro nessa palavra do Evangelho é que Jesus é a perfeita imagem do Pai: “Ele é a imagem do Deus invisível”, como lemos na carta aos colossenses (CI l’ 15). Aliás, não devemos desconhecer que essa afirmação já está explícita desde o próprio prólogo do evangelho de São João: “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho Unigênito, que está voltado para o seio do Pai, este o deu a conhecer”(Jo1,18). Jesus é mesmo o “Deus-Conosco”. A Encarnação trouxe Deus para o mundo dos homens. É o céu na terra.Leituras do V Domingo da Páscoa -Ano A:

1a) At 5,1-7

2a) 1Pdr 2,4-9

3a) Jo 14,1-12