Pe. Lucas- Deixai as crianças e não as proibais de virem a mim, porque delas é o reino dos céus- Mateus 19, 13-15

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

Sábado da 19ª Semana do Tempo Comum

 

1) Oração

 

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 19, 13-15)

 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus – Naquele tempo, Foram-lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e orasse por elas. Os discípulos, porém, as afastavam. Então Jesus disse: Deixai as crianças e não as proibais de virem a mim, porque delas é o reino dos céus. E, depois de impor-lhes as mãos, continuou seu caminho. – Palavra da salvação.

3) Reflexão

 

* O evangelho é bem curto. Apenas três versículos. Descreve como Jesus acolhia as crianças.

* Mateus 19,13: A atitude dos discípulos frente às crianças. Levaram as crianças até Jesus, para que impusesse as mãos nelas e rezasse por elas. Os discípulos repreendiam as mães. Por que? Provavelmente, de acordo com as normas severas das leis da impureza, crianças pequenas nas condições em que viviam eram consideradas impuras. Se elas tocassem em Jesus, Jesus ficaria impuro. Por isso, era importante evitar que elas chegassem perto e tocassem nele. Pois já havia acontecido uma vez, quando um leproso tocou em Jesus. Jesus ficou impuro e já não podia entrar na cidade. Tinha de ficar em lugares desertos (Mc 1,4-45)

* Mateus 19,14-15: A atitude da Jesus: acolhe e defende a vida das crianças. Jesus repreende os discípulos e diz: Deixem as crianças, e não lhes proíbam de vir a mim, porque o Reino do Céu pertence a elas.” Jesus não se importa de transgredir as normas que impediam a fraternidade e o acolhimento a ser dado aos pequenos. A nova experiência de Deus como Pai marcou a vida de Jesus e lhe deu olhos novos para perceber e avaliar o relacionamento entre as pessoas. Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa. Impressiona quando se junta tudo que a Bíblia informa sobre as atitudes de Jesus em defesa da vida das crianças, dos pequenos:

  1. Agradecer pelo Reino presente nos pequenos. A alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças, os pequenos, entendem as coisas do Reino que ele anunciava ao povo. “Pai, eu te agradeço!” (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem mais do Reino que os doutores!
  2. Defender o direito de gritar. Quando Jesus, entrando no Templo, derrubou as mesas dos cambistas, eram as crianças as que mais gritavam. “Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, Jesus as defende e em sua defesa invoca as Escrituras (Mt 21,16).
  3. Identificar-se com os pequenos. Jesus abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança, é a Jesus que recebe (Mc 9, 37). “E tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40).
  4. Acolher e não escandalizar. Uma das palavras mais duras de Jesus é contra os que causam escândalo nos pequenos, isto é, são o motivo pelo qual os pequenos deixam de acreditar em Deus. Para estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado no fundo do mar (Lc 17,1-2; Mt 18,5-7). Jesus condena o sistema, tanto político como religioso, que é motivo de criança, gente humilde, perder sua fé em Deus.
  5. Tornar-se como criança. Jesus pede que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como criança. Sem isso não é possível entrar no Reino (Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como profes­sor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.
  6. Acolher e tocar.(O evangelho de hoje) Mães com crianças chegam perto de Jesus para pedir a bênção. Os apóstolos reagem e as afastam. Jesus corrige os adultos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas e lhes dá um abraço. “Deixem vir as crianças, não as impeçam!” (Mc 10,13-16; Mt 19,13-15). Dentro das normas da época, tanto as mães como as crianças pequenas, todas elas viviam, praticamente, num estado permanente de impureza legal. Tocar nelas significava contrair impureza! Jesus não se incomoda
  7. Acolher e curar. São muitas as crianças e jovens que ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha do Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a filha da mulher Cananéia (Mc 7,29-30), o filho da viúva de Naim (Lc 7,14-15), o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do Centurião (Lc 7,9-10), o filho do funcionário público(Jo 4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).

4) Para um confronto pessoal

 

  1. Crianças: o que você já aprendeu das crianças ao longo dos anos da sua vida? E o que as crianças aprenderam de você sobre Deus, sobre Jesus e sobre a vida?

 

  1. Qual a imagem de Deus que irradio para as crianças? Deus severo, bondoso, distante ou ausente?

 

 

5) Oração final

 

Restituí-me a alegria da salvação, e sustentai-me com uma vontade generosa. Então aos maus ensinarei vossos caminhos, e voltarão a vós os pecadores. (Sl 50, 14-15)

 

 

O AMANHECER DO EVANGELHO 

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

Sábado da 19ª Semana do Tempo Comum

Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior

1) Oração

Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Lucas 11, 27-28)

Enquanto Jesus falava, uma mulher levantou a voz do meio do povo e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram! Mas Jesus replicou: Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam!

3) Reflexão

* O evangelho de hoje é bem curto, mas tem um significado importante no conjunto do evangelho de Lucas. Ele nos traz a chave para entender o que Lucas ensina a respeito de Maria, a Mãe de Jesus, no assim chamado Evangelho da Infância (Lc 1 e 2).

* Lucas 11,27: A exclamação da mulher. “Enquanto Jesus dizia essas coisas, uma mulher levantou a voz no meio da multidão, e lhe disse: “Feliz o ventre que te carregou, e os seios que te amamentaram”. A imaginação criativa de alguns apócrifos sugere que aquela senhora era uma vizinha de Nossa Senhora lá em Nazaré. Tinha um filho, chamado Dimas, que, como tantos outros rapazes da Galiléia daquela época, entrou na guerrilha contra os romanos, foi preso e executado junto com Jesus. Era o bom ladrão (Lc 23,39-43). A mãe dele, ouvindo Jesus falar tão bonito ao povo, lembrou de Maria, sua vizinha, e disse: “Como Maria deve ser feliz tendo um filho assim!”.

* Lucas 11,28: A resposta de Jesus. Jesus responde, fazendo o maior elogio à sua mãe: “Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. Lucas fala pouco de Maria: aqui (Lc 11,28) e no Evangelho da Infância (Lc 1 e 2). Para ele, Lucas, Maria é a Filha de Sião, imagem do novo povo de Deus. Ele apresenta Maria como modelo para a vida das comunidades. No Concílio Vaticano II, o documento preparado sobre Maria foi inserido como capítulo final no documento Lumen Gentium sobre a Igreja.

Maria é modelo para a Igreja. É sobretudo na maneira de Maria relacionar-se com a Palavra de Deus que Lucas vê o exemplo dela para a vida das comunidades: “Felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. Maria nos ensina como acolher a Palavra de Deus, como encarná-la, vivê-la, aprofundá-la, ruminá-la, fazê-la nascer e crescer, deixar-nos moldar por ela, mesmo quando não a entendemos ou quando ela nos faz sofrer. Esta é a visão que está por de trás do Evangelho de Infância (Lc 1 e 2). A chave para entender estes dois capítulos nos é dada no evangelho de hoje: “Felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. Veja como nestes capítulos Maria se relaciona com a Palavra de Deus.

  1. Lucas 1,26-38: A Anunciação: “Faça-se em mim segundo a tua palavra!” Saber abrir-se, para que a Palavra de Deus seja acolhida e se encarne.
  2. Lucas 1,39-45: A Visitação: “Bem-aventurada aquela que acreditou!” Saber reconhecer a Palavra de Deus numa visita e em tantos outros fatos da vida.
  3. Lucas 1,46-56: O Magnificat: “O Senhor fez em mim maravilhas!” Reconhecer a Palavra na história do povo e produzir um canto de resistência e de esperança.
  4. Lucas 2,1-20: O Nascimento: “Ela meditava sobre os fatos em seu coração” Não havia lugar para eles. Os marginalizados acolhem a Palavra.
  5. Lucas 2,21-32: A Apresentação: “Meus olhos viram a tua salvação!” Os muitos anos de vida purificam os olhos.
  6. Lucas 2,33-38: Simeão e Ana: “Uma espada vai atravessar sua alma” Acolher e encarnar a palavra na vida, ser sinal de contradição.
  7. Lucas 2,39-52: Aos doze anos no templo: “Então, não sabiam que devo estar com o Pai?” Eles não compreenderam a Palavras que lhes foi dita!
  8. Lucas 11,27-28: O Elogio à mãe: “Feliz o ventre que te carregou!” Feliz quem ouve e pratica a Palavra.

4) Para um confronto pessoal

  1. Vocês consegue descobrir a Palavra viva de Deus em sua vida?
  2. Como você vive a devoção à Maria, a mãe de Jesus?

5) Oração final

Cantai ao Senhor hinos e cânticos, anunciai todas as suas maravilhas. Gloriai-vos do seu santo nome; rejubile o coração dos que procuram o Senhor. (Sl 104, 2-3)