Mc 12,38-44 – O fio condutor das leituras de hoje é duplo: a partilha e o exercício do poder. No Evangelho, Jesus critica a liderança dos doutores da lei e exalta a partilha feita pela viúva.-

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O Amanhecer do Evangelho-

                                Reflexões, ilustrações e vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM-

Sábado IX do Tempo Comum

Mc 12,38-44 – O fio condutor das leituras de hoje é duplo: a partilha e o exercício do poder.                                                             

No Evangelho, Jesus critica a liderança dos doutores da lei e exalta a partilha feita pela viúva.

  1. Oração

Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo, para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.— Amém.

 Evangelho (Mc 12,38-44): Ao ensinar, Jesus dizia: «Cuidado com os escribas! Eles fazem questão de andar com amplas túnicas e de serem cumprimentados nas praças, gostam dos primeiros assentos na sinagoga e dos lugares de honra nos banquetes. Mas devoram as casas das viúvas, enquanto ostentam longas orações. Por isso, serão julgados com mais rigor. Jesus estava sentado em frente do cofre das ofertas e observava como a multidão punha dinheiro no cofre. Muitos ricos depositavam muito. Chegou então uma pobre viúva e deu duas moedinhas. Jesus chamou os discípulos e disse: «Em verdade vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos os outros que depositaram no cofre. Pois todos eles deram do que tinham de sobra, ao passo que ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver».Catequese Bíblico-Missionária

O fio condutor das leituras de hoje é duplo: a partilha e o exercício do poder. No Evangelho, Jesus critica a liderança dos doutores da lei e exalta a partilha feita pela viúva. A mesma partilha é feita pela viúva pobre a pedido do profeta Elias. A Carta aos Hebreus destaca como Jesus exerceu sua autoridade entregando-se a si mesmo por nós.No Evangelho, Jesus faz um discurso bem forte contra os doutores da lei, que usam seu saber para dominar e explorar o povo. É muito perigoso quando as lideranças religiosas, ao invés de ensinarem o povo a partilhar, usam de seu poder para acumular riquezas.Jesus acusa os teólogos de sua época porque transformam seu saber em poder opressor, manipulando a imagem de Deus. Transformam o Deus defensor dos pobres num Deus que defende os ricos e sua riqueza acumulada.Jesus condena violentamente as falsas lideranças religiosas que exploram a fé do povo simples. São falsos pastores, mais preocupados em tosquiar suas ovelhas do que em transmitir os ensinamentos de Deus. Jesus é para nós a única e verdadeira liderança religiosa.A Carta aos Hebreus quer renovar nossa esperança em Jesus. Tudo o que a antiga Aliança buscava obter através de rituais e sacrifícios, torna-se para nós plena realidade no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Através de Jesus temos agora acesso direto ao nosso Deus. Em Jesus temos a plena reconciliação da humanidade com a vontade de Deus. Prova de amor maior não há do que partilhar a sua vida com seus irmãos e irmãs.Na Primeira Leitura, o profeta Elias mostra como atua uma liderança que se inspira na Palavra de Deus. Elias foi enviado a uma viúva, numa cidade fora de Israel. Ele foi pedir abrigo a uma pessoa que não era de seu povo, nem da sua religião. Temos aqui um quadro simbólico do encontro entre Deus e os pobres.O nosso Deus se coloca ao lado da viúva, do órfão, do estrangeiro. Deus defende e dá a vida aos pobres. Mas os pobres devem aprender a partilhar. É o que Elias diz para a viúva: partilha comigo o pouco que você tem, e nada faltará. Quando os pobres partilham, a vida triunfa. A verdadeira liderança revela o rosto de Deus no meio dos pobres.O Salmo de Meditação mostra como o próprio Deus exerce sua autoridade a serviço dos pobres. O Salmo enumera as pessoas pobres atendidas por Deus: os oprimidos, os famintos, os prisioneiros, os cegos, os encurvados, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Em resumo, Deus ama os justos e transtorna o caminho dos injustos.ABRIR OS OLHOS PARA VER

No texto de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre porque ela soube partilhar mais do que todos os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. O povo diz: “Pobre não deixa morrer de fome”. Mas às vezes, nem isso é possível.Dona Cícera, que veio do interior da Paraíba para morar na periferia de João Pessoa, dizia: “No interior, a gente era pobre, mas tinha sempre uma coisinha para dividir com o pobre na porta. Agora que estou aqui na cidade, quando vejo um pobre que vem bater na porta, eu me escondo de vergonha, porque não tenho nada em casa para dividir com ele!”De um lado: gente rica que tem tudo, mas não quer partilhar. Do outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas quer partilhar o pouco que tem. Vamos conversar sobre isso.COMENTANDO

 Marcos 12, 38-40: Jesus critica os doutores da Lei 

Jesus chama a atenção dos discípulos para o comportamento ganancioso e hipócrita de alguns doutores da Lei. Estes tinham gosto em circular pelas praças com longas túnicas, receber as saudações do povo, ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes. Eles gostavam de entrar nas casas das viúvas e fazer longas preces em troca de dinheiro! E Jesus termina: “Essa gente vai receber um julgamento mais severo!”Marcos 12, 41-42: A esmola da viúva 

Jesus e os discípulos, sentados em frente ao cofre do Templo, observavam como todo  o mundo colocava aí a sua esmola. Os pobres jogavam poucos centavos, os ricos jogavam moedas de grande valor. Os cofres do Templo recebiam muito dinheiro. Todo o mundo trazia alguma coisa para a manutenção do culto, para o sustento do clero e para a conservação do prédio. Parte deste dinheiro era usada para ajudar os pobres, pois naquele tempo não havia previdência social. Os pobres viviam entregues à caridade pública.Os pobres que mais precisavam da ajuda dos outros eram os órfãos e as viúvas. Estas não tinham nada. Dependiam em tudo da caridade dos outros. Mas mesmo sem ter nada, elas faziam questão de partilhar. Assim, uma viúva bem pobre colocou sua esmola no cofre do Templo. Poucos centavos apenas!Marcos 12, 43-44: Jesus aponta onde se manifesta a vontade de Deus 

O que vale mais: os 10 centavos da viúva ou os 1.000 reais dos ricos? Para os discípulos, os 1.000 reais dos ricos eram muito mais úteis para fazer a caridade do que os 10 centavos da viúva. Eles pensavam que o problema do povo só poderia ser resolvido com muito dinheiro. Por ocasião da multiplicação dos pães, eles tinham dito a Jesus: “O senhor quer que vamos comprar pão por 200 denários para dar de comer ao povo?” (Mc 6,37). De fato, para quem pensa assim, os 10 centavos da viúva não servem para nada.Mas Jesus diz: “Esta viúva que é pobre lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro”. Jesus tem critérios diferentes. Chamando a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ele ensina onde eles e nós devemos procurar a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e na partilha.

ALARGANDO

 Esmola, partilha, riqueza 

A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma “boa obra”, pois dizia a lei do AT: “Nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: abre a mão em favor do teu irmão, do teu humilde e do teu pobre em tua terra” (Dt 15,11). As esmolas, colocadas no cofre do Templo, seja para o culto, seja para os necessitados, os órfãos ou viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus. Dar esmolas era uma maneira de se reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós somos apenas administradores e administradoras desses dons, para que haja vida em abundância para todas as pessoas.Foi a partir do Êxodo que o povo de Israel aprendeu a importância da esmola, da partilha. A caminhada dos 40 anos pelo deserto foi necessária para superar o projeto de acumulação que vinha do faraó e que estava na cabeça do povo. É mais fácil sair do país do faraó que deixar a mentalidade dele. Ela é sutil demais. Foi preciso experimentar a fome no deserto para aprender que os bens necessários à vida são para todos. Este é o ensinamento da história do maná: “Nem aquele que tinha juntado mais tinha maior quantidade, nem aquele que tinha colhido menos encontrou menos” (Ex 16,18). Mas a tendência à acumulação era e continua muito forte. Fica difícil uma pessoa livrar-se dela totalmente. Ela renasce sempre no coração humano. É com base nesta tendência que os grandes impérios da história da humanidade se formaram. Ela está no coração da ideologia destes impérios. Assim, cerca de 1.200 anos depois da saída do Egito, Jesus vai mostrar a conversão necessária para a entrada no Reino.Ele disse ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres” (Mc 10,21). A mesma exigência é repetida nos outros evangelhos: “Vendei vossos bens e dai esmolas. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói” (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). E Mateus acrescenta o porquê dessa exigência: “Pois onde está o teu tesouro aí estará também o teu coração” (Mt 6,21).A prática da partilha e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus, comunicado no dia de Pentecostes (At 2,1-13), quer realizar nas comunidades.O resultado da efusão do Espírito é este: “Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam o resultado da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos” (At 4,34-35a; 2,44-45).Estas esmolas recebidas pelos apóstolos não eram acumuladas, mas “distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade” (At 4,35b; 2,45).A entrada de ricos na comunidade cristã, por outro lado, possibilitou uma expansão do cristianismo, dando melhores condições para o movimento missionário. Mas, por outro lado, a acumulação dos bens bloqueava o movimento da solidariedade e da partilha provocado pela força do Espírito de Pentecostes.Tiago quer ajudar estas pessoas a perceberem o caminho equivocado no qual estão metidas: “Pois bem, agora vós, ricos, chorai por causa das desgraças que estão a sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças” (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos precisam tornar-se alunos daquela viúva pobre, que partilhou tudo o que tinha, o necessário para viver (Mc 12,41-44).Para um confronto pessoal

 

  1. Como é que os dois centavos da viúva podem valer mais que os mil reais dos ricos? Olhe bem o texto e diga por que Jesus elogiou a viúva pobre. Qual a mensagem deste texto para nós hoje?

  1. Quais as dificuldades e alegrias que você já encontrou na sua vida ao praticar a solidariedade e a partilha com os outros?

Sábado IX do Tempo Comum

Mc 12,38-44 – O fio condutor das leituras de hoje é duplo: a partilha e o exercício do poder.                                                             

No Evangelho, Jesus critica a liderança dos doutores da lei e exalta a partilha feita pela viúva.

  1. Oração

Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo, para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.— Amém.

 Evangelho (Mc 12,38-44): Ao ensinar, Jesus dizia: «Cuidado com os escribas! Eles fazem questão de andar com amplas túnicas e de serem cumprimentados nas praças, gostam dos primeiros assentos na sinagoga e dos lugares de honra nos banquetes. Mas devoram as casas das viúvas, enquanto ostentam longas orações. Por isso, serão julgados com mais rigor. Jesus estava sentado em frente do cofre das ofertas e observava como a multidão punha dinheiro no cofre. Muitos ricos depositavam muito. Chegou então uma pobre viúva e deu duas moedinhas. Jesus chamou os discípulos e disse: «Em verdade vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos os outros que depositaram no cofre. Pois todos eles deram do que tinham de sobra, ao passo que ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver».Catequese Bíblico-Missionária

O fio condutor das leituras de hoje é duplo: a partilha e o exercício do poder. No Evangelho, Jesus critica a liderança dos doutores da lei e exalta a partilha feita pela viúva. A mesma partilha é feita pela viúva pobre a pedido do profeta Elias. A Carta aos Hebreus destaca como Jesus exerceu sua autoridade entregando-se a si mesmo por nós.No Evangelho, Jesus faz um discurso bem forte contra os doutores da lei, que usam seu saber para dominar e explorar o povo. É muito perigoso quando as lideranças religiosas, ao invés de ensinarem o povo a partilhar, usam de seu poder para acumular riquezas.Jesus acusa os teólogos de sua época porque transformam seu saber em poder opressor, manipulando a imagem de Deus. Transformam o Deus defensor dos pobres num Deus que defende os ricos e sua riqueza acumulada.Jesus condena violentamente as falsas lideranças religiosas que exploram a fé do povo simples. São falsos pastores, mais preocupados em tosquiar suas ovelhas do que em transmitir os ensinamentos de Deus. Jesus é para nós a única e verdadeira liderança religiosa.A Carta aos Hebreus quer renovar nossa esperança em Jesus. Tudo o que a antiga Aliança buscava obter através de rituais e sacrifícios, torna-se para nós plena realidade no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Através de Jesus temos agora acesso direto ao nosso Deus. Em Jesus temos a plena reconciliação da humanidade com a vontade de Deus. Prova de amor maior não há do que partilhar a sua vida com seus irmãos e irmãs.Na Primeira Leitura, o profeta Elias mostra como atua uma liderança que se inspira na Palavra de Deus. Elias foi enviado a uma viúva, numa cidade fora de Israel. Ele foi pedir abrigo a uma pessoa que não era de seu povo, nem da sua religião. Temos aqui um quadro simbólico do encontro entre Deus e os pobres.O nosso Deus se coloca ao lado da viúva, do órfão, do estrangeiro. Deus defende e dá a vida aos pobres. Mas os pobres devem aprender a partilhar. É o que Elias diz para a viúva: partilha comigo o pouco que você tem, e nada faltará. Quando os pobres partilham, a vida triunfa. A verdadeira liderança revela o rosto de Deus no meio dos pobres.O Salmo de Meditação mostra como o próprio Deus exerce sua autoridade a serviço dos pobres. O Salmo enumera as pessoas pobres atendidas por Deus: os oprimidos, os famintos, os prisioneiros, os cegos, os encurvados, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Em resumo, Deus ama os justos e transtorna o caminho dos injustos.ABRIR OS OLHOS PARA VER

No texto de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre porque ela soube partilhar mais do que todos os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. O povo diz: “Pobre não deixa morrer de fome”. Mas às vezes, nem isso é possível.Dona Cícera, que veio do interior da Paraíba para morar na periferia de João Pessoa, dizia: “No interior, a gente era pobre, mas tinha sempre uma coisinha para dividir com o pobre na porta. Agora que estou aqui na cidade, quando vejo um pobre que vem bater na porta, eu me escondo de vergonha, porque não tenho nada em casa para dividir com ele!”De um lado: gente rica que tem tudo, mas não quer partilhar. Do outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas quer partilhar o pouco que tem. Vamos conversar sobre isso.COMENTANDO

 Marcos 12, 38-40: Jesus critica os doutores da Lei 

Jesus chama a atenção dos discípulos para o comportamento ganancioso e hipócrita de alguns doutores da Lei. Estes tinham gosto em circular pelas praças com longas túnicas, receber as saudações do povo, ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes. Eles gostavam de entrar nas casas das viúvas e fazer longas preces em troca de dinheiro! E Jesus termina: “Essa gente vai receber um julgamento mais severo!” Marcos 12, 41-42: A esmola da viúva 

Jesus e os discípulos, sentados em frente ao cofre do Templo, observavam como todo  o mundo colocava aí a sua esmola. Os pobres jogavam poucos centavos, os ricos jogavam moedas de grande valor. Os cofres do Templo recebiam muito dinheiro. Todo o mundo trazia alguma coisa para a manutenção do culto, para o sustento do clero e para a conservação do prédio. Parte deste dinheiro era usada para ajudar os pobres, pois naquele tempo não havia previdência social. Os pobres viviam entregues à caridade pública.Os pobres que mais precisavam da ajuda dos outros eram os órfãos e as viúvas. Estas não tinham nada. Dependiam em tudo da caridade dos outros. Mas mesmo sem ter nada, elas faziam questão de partilhar. Assim, uma viúva bem pobre colocou sua esmola no cofre do Templo. Poucos centavos apenas!Marcos 12, 43-44: Jesus aponta onde se manifesta a vontade de Deus 

O que vale mais: os 10 centavos da viúva ou os 1.000 reais dos ricos? Para os discípulos, os 1.000 reais dos ricos eram muito mais úteis para fazer a caridade do que os 10 centavos da viúva. Eles pensavam que o problema do povo só poderia ser resolvido com muito dinheiro. Por ocasião da multiplicação dos pães, eles tinham dito a Jesus: “O senhor quer que vamos comprar pão por 200 denários para dar de comer ao povo?” (Mc 6,37). De fato, para quem pensa assim, os 10 centavos da viúva não servem para nada.Mas Jesus diz: “Esta viúva que é pobre lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro”. Jesus tem critérios diferentes. Chamando a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ele ensina onde eles e nós devemos procurar a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e na partilha.

ALARGANDO

 Esmola, partilha, riqueza 

A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma “boa obra”, pois dizia a lei do AT: “Nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: abre a mão em favor do teu irmão, do teu humilde e do teu pobre em tua terra” (Dt 15,11). As esmolas, colocadas no cofre do Templo, seja para o culto, seja para os necessitados, os órfãos ou viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus. Dar esmolas era uma maneira de se reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós somos apenas administradores e administradoras desses dons, para que haja vida em abundância para todas as pessoas.Foi a partir do Êxodo que o povo de Israel aprendeu a importância da esmola, da partilha. A caminhada dos 40 anos pelo deserto foi necessária para superar o projeto de acumulação que vinha do faraó e que estava na cabeça do povo. É mais fácil sair do país do faraó que deixar a mentalidade dele. Ela é sutil demais. Foi preciso experimentar a fome no deserto para aprender que os bens necessários à vida são para todos. Este é o ensinamento da história do maná: “Nem aquele que tinha juntado mais tinha maior quantidade, nem aquele que tinha colhido menos encontrou menos” (Ex 16,18). Mas a tendência à acumulação era e continua muito forte. Fica difícil uma pessoa livrar-se dela totalmente. Ela renasce sempre no coração humano. É com base nesta tendência que os grandes impérios da história da humanidade se formaram. Ela está no coração da ideologia destes impérios. Assim, cerca de 1.200 anos depois da saída do Egito, Jesus vai mostrar a conversão necessária para a entrada no Reino.Ele disse ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres” (Mc 10,21). A mesma exigência é repetida nos outros evangelhos: “Vendei vossos bens e dai esmolas. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói” (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). E Mateus acrescenta o porquê dessa exigência: “Pois onde está o teu tesouro aí estará também o teu coração” (Mt 6,21).A prática da partilha e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus, comunicado no dia de Pentecostes (At 2,1-13), quer realizar nas comunidades.O resultado da efusão do Espírito é este: “Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam o resultado da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos” (At 4,34-35a; 2,44-45).Estas esmolas recebidas pelos apóstolos não eram acumuladas, mas “distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade” (At 4,35b; 2,45).A entrada de ricos na comunidade cristã, por outro lado, possibilitou uma expansão do cristianismo, dando melhores condições para o movimento missionário. Mas, por outro lado, a acumulação dos bens bloqueava o movimento da solidariedade e da partilha provocado pela força do Espírito de Pentecostes.Tiago quer ajudar estas pessoas a perceberem o caminho equivocado no qual estão metidas: “Pois bem, agora vós, ricos, chorai por causa das desgraças que estão a sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças” (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos precisam tornar-se alunos daquela viúva pobre, que partilhou tudo o que tinha, o necessário para viver (Mc 12,41-44).Para um confronto pessoal

 

  1. Como é que os dois centavos da viúva podem valer mais que os mil reais dos ricos? Olhe bem o texto e diga por que Jesus elogiou a viúva pobre. Qual a mensagem deste texto para nós hoje?

  1. Quais as dificuldades e alegrias que você já encontrou na sua vida ao praticar a solidariedade e a partilha com os outros?