EVANGELHO E HOMILIA DO DIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

Pe. Lucas – Pentecostes- Cinqüenta dias depois – Jo20,19-23

CONFIRA O VÍDEO – PENTECOSTES- CINQÜENTA DIAS DEPOIS

    https://www.youtube.com/watch?v=siiE8YZQukw&feature=youtu.be,

CONFIRA O VÍDEO-PENTECOSTES-E RENOVAREIS A FACE DA TERRA

CONFIRA O VÍDEO-PENTECOSTES-TODOS FICARAM REPLETOS DO ESPÍRITO SANTO

“Contarás sete semanas, a partir do dia em que se começa a lançara foice para ceifar o trigo. E então celebrarás a “Festa das Semanas”, em honra de Javé, teu Deus. E se farão ofertas voluntárias, conforme as bênçãos com que Deus te houver abençoado” (Dt 16,9-11 ). Assim fala o livro do Deuteronômio, ao estabelecer a Festa das Semanas ou festa de Pentecostes, nome que lembra o número “cinqüenta”, pois era justamente o qüinquagésimo dia contado a partir da Páscoa. Era uma festa de caráter agrícola, que, por isso mesmo, se chamava também a festa das “primícias”, ou festa da “colheita”. Era uma festa de grande alegria. E, com o tempo, teve também o sentido de gratidão pelo dom da Lei, no monte Sinai”.Essa festa teve um desabrochar glorioso no Novo Testamento. Pois foi cinqüenta dias depois da Páscoa que aconteceu em Jerusalém a descida do Espírito Santo, mistério de infinita significação para a Igreja. É o dom solene do Espírito Santo, sem o qual não seria completa em nós a ação de Cristo crucificado e ressuscitado. Pentecostes é o complemento da Páscoa. E o dia do batismo da Igreja. E o ponto de partida para a difusão do Evangelho no mundo. E o sinal mais vivo da santidade que devia acontecer em cada cristão. De acordo, aliás, com uma grande palavra de Cristo, pronunciada no último dia da festa dos Tabernáculos: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, de seu seio jorrarão rios de água viva”. E o evangelista comenta: “Ele falava do Espírito que deviam receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus não fora ainda glorificado” (Jo 7,37 -39).Três grandes elementos caracterizam a descida do Espírito Santo: o vento, o fogo, as línguas. O vento – pois na hora se ouviu o som como de um forte vendaval – lembra exatamente o “Espírito”, para o qual na língua hebraica se usava a mesma palavra “ruah”, que significa “vento”, “respiração”, “sopro”. Era o termo concreto de que se serviam para indicar o misterioso sopro de Deus, que é o Divino Espírito Santo. Esse sopro de Deus que anima a vida da Igreja e de cada cristão, a ponto de Ele ser chamado “a alma da Igreja”. Ao ler essa página dos Atos dos Apóstolos, o leitor cristão é levado a lembrar a primeira página do Gênesis, onde, ao se narrar a criação do mundo e se descrever o caos inicial, se diz que “o espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2). Era a referência a um grande vendaval cósmico, que materializava o sopro vivificador de Deus, que vinha dar força e vida ao mundo que nascia. Parece até um comentário disso o que diz o salmo 33: “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o seu ornato pelo sopro de sua boca” (Sl 33,6).Depois, em Pentecostes, aparece o fogo: “Apareceram como que línguas de fogo, que se dispersaram, pousando cada uma sobre cada um deles” (At 2,2). Fogo é elemento purificador, lembrado mil vezes na Bíblia. Basta – e aqui no momento exato – a palavra de João Batista: “Eu vos batizo com água para a conversão; mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3, 11 ). O Espírito Santo, enviado por Jesus, é capaz de purificar a terra de toda a maldade. E aparecem em Pentecostes as línguas. Primeiro, o próprio fogo toma a forma de línguas. E, uma vez recebido o Espírito, os apóstolos começam misteriosamente a falar línguas diferentes.Falavam todas as línguas dos representantes dos mais diversos povos, que ali estavam presentes: da Mesopotâmia, da Judéia, do Egito, da Arábia, da Grécia, de Roma, de toda parte. Cada um os ouvia apregoar em sua própria língua as maravilhas de Deus. Era um prelúdio da pregação universal dos apóstolos. E era – como sempre os santos Padres comentam – uma réplica luminosa à confusão das línguas acontecida em Babel. Em Babel, a multiplicação das línguas trouxe confusão e divisão. Em Pentecostes, as muitas línguas unem e criam fraternidade.Como deve ser sempre o mundo cristão. Falando línguas diversas, pertencendo a raças e povos diversos, mas formando uma só família, a família dos filhos de Deus, tentando realizar o que pediu Jesus ao Pai: “Que todos sejam um”.Leituras da Solenidade de Pentecostes – Ano A:

1a)At 2,1-11 –

2a)1Cor 12, 3b-7,12-13 –

3a)Jo 20,19-23

Pe. Lucas – E renovareis a face da terra – Jo20,19-23

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM“E renovareis a face da terra”

No poema da Criação, que se lê na primeira página do Gênesis, o autor sagrado diz que, por sobre o abismo confuso em que se encontrava o Mundo em seu momento inicial, “o sopro de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2). Seria uma referência a um vendaval cósmico que se desencadeava sobre o caos, completando a sua confusão? Ou será talvez melhor a afirmação de que o espírito vivificador de Deus de certo modo pairava como um pássaro sobre a matéria, como que em função de “incubação” , preparando-a para ter forma e vida?Corresponderia ao que está no salmo 32: “O céu foi feito com a palavra do Senhor, e seu exército (astros e constelações) com o sopro de sua boca” (v. 6). 0 fato é que, ao longo de toda a Bíblia, aparece sempre o sopro de Deus como fonte de vida. Assim é que Deus soprou no rosto de Adão, depois que o plasmara do barro da terra, e ele se transformou em pessoa viva (Gn 2,7). E todos os seres vivos têm vida pelo sopro de Deus. Se ele retira esse sopro, tudo morre: “Se escondes teu rosto, eles se apavoram; se Ihes retiras a respiração, morrem e voltam ao pó da terra. Mas, se envias teu sopro, são recreados, e assim renovas a face da terra” (Sl  1 03, 29-30).No Novo Testamento também, vamos encontrar Jesus ressuscitado soprando sobre os apóstolos, para que recebam o Espírito Santo e tenham o poder de perdoar os pecados. Porém o mais grandioso é quando, na manhã de Pentecostes, um grande vendaval soprou em Jerusalém – eco do vendaval cósmico do princípio do mundo? – e desceu sobre a comunidade inicial da Igreja o Espírito Santo, em forma de línguas de fogo, e eles ficaram repletos de uma nova vida e de uma nova luz. Começava um novo mundo. Começava o tempo da Igreja.E essa Igreja viverá animada pelo sopro de Deus: não um simples influxo de Deus sobre as coisas, mas a pessoa divina do Espírito Santo, “Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado” (Símbolo Niceno-Constantinopolitano).

A Igreja é um corpo vivo. Não é apenas uma estrutura de perfeita exatidão canônica e de leis e rubricas muito bem formuladas. É vida! Vida que o Espírito Santo infunde em cada batizado, e que se manifesta sobretudo no amor a Deus e ao próximo que constitui a essência do cristianismo: “O amor de Deus se difundiu em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm. 5,5).Tem-se a impressão de que essa é como que uma síntese de tudo o que o Concílio Vaticano II quis ensinar à Igreja. Que os cristãos vivam seu cristianismo com novo viço, nova convicção, novo entusiasmo. Esse é o verdadeiro “aggiornamento” -o pôr-se em dia -da Igreja.Isso é que se irá manifestar nas estruturas oportunamente atualizadas, na fidelidade a todos os compromissos religiosos, na oração e nas atividades de toda a Igreja. E daí é que se derramará para o mundo a influência formadora da Igreja, depositária das verdades permanentes. 0 Papa João XXIII costumava dizer que o Concílio seria como um novo Pentecostes e como uma primavera da Igreja. Aí está bem nítida a idéia de vida que o Vaticano quis trazer. Não apenas renovação de estruturas e organismos, mas sobretudo um novo sopro de vida e de esperança. Que beleza que pode ser para um mundo desesperançado uma Igreja portadora de esperança!

Num jardim bem organizado é importante a geometria dos canteiros bem planejados e bem construídos.Mas o importante mesmo são as flores que neles se vão plantar. 0 importante é que elas sejam bonitas e viçosas. Os canteiros podem ser até modificados, se não estiverem favorecendo a vida das flores. Elas é que não se podem perder. É o que queremos para a Igreja. Leis e rubricas muito sábias. Mas, antes de tudo, vida e santidade: fé, amor, fraternidade, verdade, justiça, concórdia, paz. “Para que vejam nossas boas obras e glorifiquem o Pai que está nos céus” (Mt. 5,16).

Leituras da Solenidade de Pentecostes – Ano A:

1a) At 2,1-11 –

2a) 1Cor 12, 3b-7,12-13 –

3a) Jo  20,19-23                                                      EVANGELHO DO DIA E HOMILIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

PENTECOSTES – ANO A- At 2, 1-11 – “Todos ficaram repletos do Espírito Santo”

Oração do dia

Ó Deus, que, pelo mistério da festa de hoje, santificais a vossa Igreja inteira, em todos os povos e nações, derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo e realizai agora, no coração dos fiéis, as maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.   Primeira Leitura – Atos dos Apóstolos 2,1-11

2,1 Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. 
2 De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. 
3 Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. 
4 Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. 
5 Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. 
6 Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. 
7 Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: “Não são, porventura, galileus todos estes que falam? 
8 Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? 
9 Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, 
10 a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, 
11 judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus!”
– Palavra do Senhor.EVANGELHO (João 20,19-23)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.20,19 Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: “A paz esteja convosco!” 20 Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor.21 Disse-lhes outra vez: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós”. 22 Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: “Recebei o Espírito Santo. 23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”.
– Palavra da Salvação. COMENTÁRIO

A liturgia de hoje nos descreve a descida do Espírito Santo sobre a comunidade dos discípulos, em duas tradições – a de Lucas (Atos) e da Comunidade do Discípulo Amado (João 20). Salta aos olhos que uma leitura fundamentalista da bíblia – infelizmente ainda muito comum entre nós – leva a gente a um beco sem saída, pois no Evangelho de João a Ressurreição, a Ascensão e a descida do Espírito se deram no mesmo dia (Páscoa), enquanto Lucas separa os três eventos, em um período de cinquenta dias. Por isso, devemos ler os textos dentro dos interesses teológicos dos diversos autores – os 40 dias de Lucas, por exemplo, entre a Ressurreição e a Ascensão, correspondem aos 40 dias da preparação de Jesus no deserto, para a sua missão. Pois, como Jesus ficou “repleto do Espírito Santo” (Lc 4, 1) e se lançou na sua missão “com a força do Espírito” (Lc 4, 14), a comunidade cristã se preparou durante o mesmo período, e na festa judaica de Pentecostes também experimentou que “todos ficaram repletos do Espírito Santo” (At 2, 4).Uma leitura superficial do texto de Atos dá a impressão de um relato uniforme e coeso – mas, isso se deve à habilidade literária do autor. Na verdade, ele costurou um relato só, tecendo elementos de duas tradições. Uma leitura cuidadosa nos mostra essas duas tradições: a primeira está nos vv. 1-4, uma tradição mais antiga e apocalíptica; a segunda está nos vv. 5-11, mais profética e missionária.Nos primeiros versículos, estamos no ambiente de uma casa, onde os discípulos se reuniram. Atos nos faz lembrar que estavam reunidos três grupos distintos: os Onze; as mulheres, entre as quais Maria a mãe de Jesus; e, os irmãos do Senhor. Embora talvez representem três tradições cristológicas diferentes no tempo de Lucas, ele faz questão de enfatizar que todos estavam reunidos com “os mesmos sentimentos, e eram assíduos na oração” (At 1, 14). Quer dizer, a descida do Espírito não é algo mágico; mas, consequência da unidade na fé e no seguimento do projeto de Jesus.O primeiro relato (vv. 1-4) usa imagens apocalípticas, símbolos da teofania, ou da manifestação da presença de Deus – o som de um vendaval e as línguas de fogo. A expressão externa da descida do Espírito é o “falar em outras línguas” (não o “falar em línguas”- glossolalia – tão valorizado por muitos grupos de cunho neo-pentecostal).A segunda tradição muda o enfoque. O ambiente muda da casa para um lugar público – provavelmente o pátio do Templo. O sinal visível da presença do Espírito não é mais o falar em outras línguas, mas o fato que todos os presentes pudessem “ouvir, na sua própria língua, os discípulos falarem” (At 1, 6). O termo “ouvir” aqui implica também “compreender”. Três vezes o relato destaca o fato dos presentes poderem “ouvir” na sua própria língua (vv. 6.8.11). Assim, Lucas quer enfatizar que o dom do Espírito Santo tem um objetivo missionário e profético – de fazer com que toda a humanidade possa ouvir e compreender a nova linguagem, que une todas as raças e culturas – ou seja, a do amor, da solidariedade, do projeto de Jesus, do Reino de Deus.A lista dos presentes tem um sentido especial – estão mencionadas raças, áreas geográficas, culturas e religiões. Todos ouvem as maravilhas do Senhor.Assim Lucas ensina que a aceitação do Evangelho não exige o abandono da identidade cultural. Contesta a dominação cultural, ou seja, a identificação do Evangelho com uma cultura específica. Durante séculos, esse fato foi esquecido nas Igrejas, e identificava-se o Evangelho com a sua expressão cultural europeia. Nos últimos anos, a Igreja tem insistido muito na necessidade da “inculturação”, de anunciar e vivenciar a mensagem de Jesus dentro das expressões culturais das diversas raças e etnias. O texto é uma releitura da Torre de Babel, onde a língua única era o instrumento de um projeto de dominação (uma torre até o céu) que foi destruído por Deus pela diversidade de línguas. Nenhuma cultura ou etnia pode identificar o evangelho com a sua expressão cultural dele.Hoje é uma grande festa missionária. Marca a transformação da Igreja de uma seita judaica em uma comunidade universal, missionária, mas, não proselitista, comprometida com a construção do Reino de Deus “até os confins da terra”. Lucas insiste que a experiência de Pentecostes não se limita a um evento – é uma experiência contínua – por isso relata novas descidas do Espírito Santo: em uma comunidade em oração em uma casa (At 4, 31), sobre os samaritanos (At 8, 17), e para o espanto dos judeu-cristãos ortodoxos, sobre os pagãos na casa do Cornélio (At 10, 4). Pois, o Espírito Santo sopra onde quer, sobre quem quer, em favor do Reino de Deus.Aprendamos do texto de Atos, e celebremos a nossa vocação missionária, não a de falar em línguas, mas de falar a língua única do amor e do compromisso com o Reino, para que a mensagem do Evangelho penetre todos os povos, culturas,raças e etnias.

Leituras da Solenidade de Pentecostes – Ano A:

1a) At 2,1-11 –

2a) 1Cor 12, 3b-7,12-13 –

3a) Jo  20,19-23