EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

XXVII Domingo do Tempo Comum -ANO C

FÉ E HUMILDADE COMPLETANDO-SE

Um dia os apóstolos fizeram um bonito pedido a Jesus: “Senhor, aumenta-nos a fé”.

E Jesus respondeu de coração aberto: “Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, podereis dizer a esta amoreira: ‘arranca-te e lança-te ao mar’ , e ela vos obedecerá” (Lc 17, 5s). Os evangelistas Mateus e Marcos trazem a resposta de Jesus um pouco diferente.

Em vez de falar de uma árvore, fala-se de um monte. Donde a expressão “uma fé que transporta montanhas”. E a legenda cristã captou a tradição de um santo -São Gregório, o Taumaturgo – que teria com sua oração feito arredar do lugar um monte que estava impedindo a construção de uma igreja.

Não se trata aqui da fé teológica, pela qual aderimos às verdades de Deus, como aquela de que fala a carta aos hebreus, ao dizer que “aqueles que se aproximam de Deus devem crer que Ele existe a que recompensa os que o procurarem” (Hb 11′ 7). Jesus está falando aqui da confiança no poder e na bondade de Deus, que vem em nosso socorro de maneiras as mais maravilhosas.

Nossa própria experiência nos mostra como se encontram pessoas admiráveis por essa fé em Deus onipotente e misericordioso. Para elas, na verdade, nada é impossível. Parece que Deus está mesmo a seu lado, como um amigo sempre leal.

Continuando a leitura desta perícope de São Lucas, poderemos ligar o que já lemos com a lição que Jesus dá em seguida. E podemos dizer: mesmo que uma pessoa tivesse essa fé tão grande que fosse capaz de conseguir milagres, deve saber que Deus não tem nenhuma obrigação para com ela.

Tudo o que Ele faz, Ele o faz por sua divina generosidade. Sobretudo o céu, que Ele nos dá como prêmio de nossa vida fiel aos seus mandamentos, na verdade é pura graça de sua bondade. Ninguém compra o céu. Deus é que quis ligar nossa vida a esse prêmio, que vem totalmente de sua bondade. Num dos prefácios da liturgia da missa, se recorda que, quando Deus premia os méritos de seus santos, na verdade está premiando seus próprios méritos. Pois todo o bem que existe em nós é dom de Deus. Tudo é graça. Deus não nos deve nada. Nós é que devemos tudo a Deus.

Jesus contou uma pequena parábola: Se um homem tivesse um empregado que estivesse trabalhando fora no campo, quando à tarde esse empregado voltasse para casa, o patrão não iria mandá-lo sentar-se à mesa e servir-lhe ele próprio a refeição.

Pelo contrário, o empregado iria primeiro servir o patrão, e só depois é que se sentaria para tomar sua refeição.

E nem o patrão teria que agradecer-lhe por isso, uma vez que o empregado estaria simplesmente fazendo sua obrigação. E Jesus concluiu com simplicidade: “Assim também vós, quando tiverdes feito o que vos está mandado, sabei dizer: somos servos inúteis; fizemos o que tínhamos que fazer” (Lc 17, 10).

É uma beleza, um sinal de espírito nobre, essa humildade que deve caracterizar nosso serviço. Servir com absoluto espírito de gratuidade. O que faz lembrar uma palavra da Bíblia que ficou quase proverbial: “Deus ama aquele que dá com alegria o que deve dar” (2 Cor 9; 7). Fica sendo como se desse duas vezes.

E vamos guardando essas e outras pérolas da sabedoria do Evangelho, que a igreja nos vai oferecendo ao longo do Ano Litúrgico.

O Mês da Bíblia que acabamos de celebrar, principalmente com o “Dia da Bíblia” que marcou o último domingo do mês, deve ajudar-nos a crescer no amor as Sagradas Escrituras.

De modo especial, ao Evangelho, que é o coração da Bíblia, onde não apenas encontramos a Palavra de Deus, mas nos encontramos com Cristo, a Palavra viva de Deus a luz que brilhou no mundo para iluminar o tempo e a História.

LEITURAS do XXVII Domingo do Tempo Comum -Ano c:

1a) Hab l, 2-3; 2, 2-4

2a) 2Tm 1, 6-8.13-14

3a) Lc 17,5-10