Lc 24, 46-53 – ASCENSÃO DO SENHOR -ANO C – “SUBIU AOS CÉUS”

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

 – O Amanhecer do Evangelho

– Reflexões e ilustrações de Padre Lucas de Paula Almeida, CM

ASCENSÃO DO SENHOR -ANO C – “SUBIU AOS CÉUS”

Parece a descrição de uma solene liturgia! O Pontífice subindo para o altar entre nuvens de incenso. E a assembléia, de olhos maravilhados, contemplando aquela subida para a altura. .. Até que aparecem dois anjos, vestidos de branco, a Ihes dizer: “Homens da Galiléia, por que ficais assim a olhar para o céu?

Jesus, que do meio de vós foi elevado ao céu, voltará do mesmo modo que o vistes ir para o céu” (At l’ 11 ). É assim que São Lucas descreve a Ascensão de Jesus, que, historicamente, já estava implícita na própria Ressurreição, uma vez que Jesus ressuscitado não voltou a assumir a vida biológica que tinha vivido aqui na terra. Passou para outro modo de ser. Para o modo celeste de viver, “sentado à direita do Pai”. Nem é preciso dizer que a cena da Ascensão descrita por São Lucas não pode ser interpretada como se Ele estivesse empreendendo uma viagem cósmica, em direção a um céu considerado como a parte de cima do Universo. É a limitação de nossa condição humana que nos faz dizer as coisas em linguagem tão material.

A verdade é que cessaram as aparições pascais de Jesus, que o mostravam perto dos seus. Jesus agora – presente sempre, mas de modo invisível – vive sua nova vida de ressuscitado. Temos que ter humildade para saber que não sabemos como é isso propriamente. Mas adoramos o Senhor Jesus na eternidade, e o aguardamos na esperança do último dia, que a nuvem da Ascensão de algum modo quis prenunciar.

A Liturgia nos ajuda a meditar nesse mistério, rezando o salmo quarenta e seis: “Povos todos, batei palmas, aclamai a Deus com alegria, pois é Ele todo- poderoso, grande rei de todo o universo. É Deus que sobe por entre aclamações, o Senhor ao som das trombetas. Cantai salmos a Deus, cantai salmos, cantai ao nosso Rei” (SI 46, 2- 3.6.7). Esse salmo é um canto de louvor dos israelitas, provavelmente renovando numa procissão a alegria da primeira entrada da arca no Templo de Jerusalém.

A Igreja celebra com grande alegria esta festa, que deve significar para nós um canto de vitória e de esperança. E quer que os fiéis saibam tirar dela as mais proveitosas lições. E nos faz ler, por exemplo, as palavras de Santo Agostinho no sermão desta festa: “Hoje Nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu; suba também com Ele o nosso coração”. Temos que viver com o coração posto nas alturas. Não rastejando na mediocridade das paixões terrenas. É o programa apresentado por São Paulo na carta aos colossenses, ligando muito bem a Ressurreição e a Ascensão, como teologicamente se deve fazer: “Se ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus.

Pensai nas coisas do alto e não nas coisas da terra. Estais mortos, e vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando cristo se manifestar (no dia final), vós também com Ele sereis manifestados em glória” (CI3, 1-4).

Cabe aos discípulos de Jesus Cristo empenharem-se em iluminar o mundo com essas luzes que vêm do alto. Pois tem-se muito viva a impressão de que a vida dos homens na terra vai tendendo cada vez mais para baixo.

Ao mesmo tempo em que o progresso material, em todas as áreas da ciência e da técnica, se desenvolve prodigiosamente, percebe-se uma decadência cada vez mais dolorosa nos costumes.

Cresce o egoísmo, com todo o seu cortejo de injustiças; cresce a violência, tornando-se a vida humana cada vez mais desrespeitada e agredida; cresce a degradação da dignidade humana pelo uso dos entorpecentes, o pansexualismo, a destruição progressiva da família, e toda a sorte de crimes contra a vida e contra os bens, inclusive nessa forma diabolicamente difundida do crime organizado. Parece quase um milagre que as crianças que agora nascem possam ter uma infância moralmente sadia, uma juventude em que não morra a esperança, e uma vida adulta responsável e equilibrada. Só mesmo o poder de Deus é que no meio de todas essas sombras pode ainda manter vivo o clarão que a Ascensão de Jesus veio acender, como professamos no Credo: “Subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos”.

LEITURAS para a Solenidade da Ascensão – Ano c:

1a)At1,1-11

2a) Ef 1, 17-23

3a) Lc 24, 46-53