EVANGELHO DO DIA E HOMILIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXOES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

XV DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO C

QUEM É O MEU PRÓXIMO?

 Um doutor da Lei aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: “Mestre, que devo fazer para alcançara vida eterna?” (Lc 10′ 25). Jesus, no melhor estilo do mundo rabínico, devolveu-lhe a pergunta: “Que é que está escrito na Lei? Como é que lês?” E o doutor respondeu, citando o “Shemá, a oração que os israelitas rezam duas vezes por dia: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu espírito, e ao teu próximo como a ti mesmo”(lbid. , v 27). Era tudo tão claro! E não ficou bem para o doutor da Lei ter feito a pergunta. Ele, porém, não se deu por vencido, e acrescentou uma nova pergunta: “E quem é meu próximo?” (v 29). Foi quando Jesus pronunciou uma de suas mais belas parábolas, que será lembrada até os confins da terra e se contará ainda no último dia da História. É a parábola do Bom Samaritano. Ela fala do homem que descia de Jerusalém para Jerico, e no caminho foi assaltado pelos ladrões, que lhe roubaram tudo e o cobriram de pancadas, deixando-o meio morto à beira da estrada. A estrada naquele tempo era mais do que perigosa e as viagens eram arriscadas. Passou por ali pouco depois um sacerdote, viu o homem ferido, mas não quis se envolver no caso. Passou de longe e prosseguiu seu caminho. Passou também um levita, e teve o mesmo procedimento. Mas um viajante Samaritano, que ia passando em seguida, teve pena do pobre homem. Parou, apeou de sua cavalgadura, aproximou-se do pobre ferido, e lhe prestou os primeiros cuidados que pôde. Derramou óleo e vinho nas feridas. Vinho, como anti-séptico, e óleo como suavizante da dor. Colocou em seguida o homem em sua própria cavalgadura e o levou para uma próxima estalagem. Cuidou dele até o dia seguinte, e se despediu, deixando dois denários ao estalajadeiro para que fizesse tudo o mais que fosse necessário. E acrescentou que na volta pagaria tudo o mais que tivesse sido gasto. E aí vem a pergunta de Jesus ao doutor da Lei: “Qual desses três, na tua opinião, foi o próximo desse homem atacado pelos ladrões?” É claro que foi o que se compadeceu dele, respondeu o doutor. “Pois bem -concluiu Jesus -vai, e faze o mesmo” (v. 37).

À beira da bela estrada de asfalto que hoje liga Jerusalém à região da depressão do mar Morto, onde fica Jericó, há um hotel com o sugestivo nome de “Hotel do Bom Samaritano”, em oportuna homenagem à parábola de Jesus. E a lição ficou para todos nós. Socorremos necessitados, mesmo que isso nos custe sacrifício e perturbe nossos planos de atender tranqüilamente a nossos negócios. Só assim poderemos dizer que amamos ao próximo “como a nós mesmos”. Neste nosso século de negocismo e de visão de lucro, há muita gente que só faz algum benefício, quando tem um retorno lucrativo. Só ajudam, por exemplo, alguma instituição assistencial, que garanta desconto no imposto de renda. E quantos há, que só ajudam a um pobre para se verem livres dele! Bem diferente de muitos abnegados enfermeiros que tratam de pobres nos hospitais e daqueles que gastam sua vida socorrendo a toda classe de necessitados. Sobre eles se projeta amável a sombra do Bom Samaritano. Jesus foi, por excelência, o Bom Samaritano. Desceu da Jerusalém celeste para a Jericó que é esta terra, onde o pecado havia ferido o homem mortalmente e o prostrara à beira da estrada da vida. Jesus nos socorreu com todo o amor; embora isso lhe custasse a morte de cruz no suplício do Calvário. Fez tudo por nós. E, – se quisermos insistir na aplicação da parábola, – confiou-nos à hospedaria da Igreja, para que ela cuidasse de nós. E os próprios dois denários seriam a figuração dos dois sacramentos – o Batismo e a Eucaristia – que estão na base dos meios da santificação que temos nesta terra. Divino Bom Samaritano!

LEITURAS do xv Domingo do Tempo Comum – Ano c:

1a) Dt 30,10-14

2a) CI1 , 15-20

3a) Lc 10, 25-37