EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE

PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

V DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

CHAMADOS PARA O APOSTOLADO

Unindo a primeira leitura de hoje com o evangelho, encontramo-nos com duas eminentes vocações: a de Isaías, o maior dos profetas, no Antigo Testamento, e a de Simão Pedro, o maior dos apóstolos, no Novo Testamento. É Deus que os chama. Mas as duas vocações são apresentadas em cenários bem diferentes.

Isaías, no Templo, tem uma visão da glória de Deus e do esplendor do seu trono; vê os serafins de seis asas que lhe fazem guarda de honra, cantando: Santo, santo, santo é o senhor Deus dos exércitos; e vê o Templo encher-se de branca fumaça, sinal da presença de Deus. Isaías ficou aterrorizado.

Era crença entre os israelitas que o homem que visse a Deus, morreria imediatamente. Ele teve consciência do homem pecador que era, que tinha os lábios impuros e era solidário com um povo de lábios impuros.Nisso, um dos serafins toma com uma tenaz, uma brasa do altar e lha aproxima dos lábios, dizendo: “Teu pecado se apagou, tua iniquidade foi expiada”(No ritual da antiga missa – hoje simplificado – o diácono ou sacerdote, antes de proclamar o evangelho, dizia: “Purifica o meu coração e os meus lábios, Deus onipotente, que purificaste com um carvão incandescente os lábios do profeta Isaías. Possa eu de tal modo ser purificado pela graça da tua misericórdia, que seja capaz de anunciar dignamente o teu santo evangelho”).

E ouviu-se aí a voz de Deus: Quem eu hei de enviar? Quem será o mensageiro? E Isaias, colocando-se totalmente nas mãos de Deus, respondeu: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me” (cfr. Is 6, 1-8).

Já no Novo Testamento, a vocação de Pedro acontece às margens do Lago de Genesaré, entre os barcos e as redes, no desfecho de uma pesca prodigiosa, quando Jesus – depois de uma noite infrutífera, que frustrara a perícia do grupo de pescadores – lhes encheu os barcos de peixes.

Aí também, Pedro sentiu a grandeza de Deus, Senhor dos peixes e das águas. E sentiu sua pequenez de homem pecador, o que o levou a prostrar-se aos pés de Jesus, dizendo: “afasta-te de mim, Senhor, pois sou homem pecador”.

E foi quando Jesus disse a Pedro: “Não tenhas medo: de agora em diante, serás pescador de homens”. Essa palavra valeu também para os outros companheiros de Pedro, tanto que todos deixaram as redes e seguiram a Jesus ( cfr. Lc 5, 1-11 ).

É fácil descobrir que a pesca miraculosa é uma “parábola em ação”, pois ela mostra o que vai ser a pregação dos apóstolos, apesar de seus poucos méritos e graças ao poder de Deus que Ihes confirma a força da palavra, até com milagres, quando é preciso (cfr. Mc 16,20).

Jesus prega de dentro da barca de Pedro. E a Igreja é freqüentemente chamada “a nau de São Pedro”. É uma das muitas lições que o Evangelho nos ajuda a tirar da convivência de Jesus com os pescadores do mar da Galiléia. Quantas coisas aconteceram, cheias de lições para a nossa fé, no maravilhoso cenário desse lago!A vocação dos apóstolos, duas pescas milagrosas, o caminhar sobre as ondas, o dominar a tempestade com a força de uma palavra, o fazer da barca de Pedro o púlpito flutuante, do qual podia ser visto e ouvido por uma grande multidão postada na praia. Divina poesia do Evangelho! Mas poesia sólida, que não nasce apenas de um vôo sentimental da fantasia, mas brota da realidade de fatos cheios de grandeza humana e de divina majestade.

Vale a pena guardar sempre bem viva a imagem de Jesus pregando de dentro da barca de Pedro. É uma lembrança permanente do serviço do magistério de Pedro. Um dos títulos mais belos do Papa é o que declara “servidor e sinal da fé para o povo de Deus”.

A Igreja se sente feliz e tranqüila ouvindo essa voz, que tem a misteriosa garantia da infabilidade; dessa infabilidade que Cristo não ‘podia deixar faltar à sua Igreja e que encontra na palavra de Pedro sua sentença de última instância. Realiza-se aquilo do Evangelho: “Simão, rezei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” (Lc 22, 32).

LEITURAS do V Domingo do Tempo Comum – Ano C:

1ª) Is 6, 1-2a3-8

2ª) 1Cor 15, 1-11

3ª) Lc 5,1-11