EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE

PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

Bodas de Caná

1) Oração

Ó Deus todo-poderoso, ao redermos culto à Imaculada Conceição de Maria, mãe de Deus e senhora nossa, concedei que o povo brasileiro, fiel à sua vocação e vivendo na paz e na justiça, possa chegar um dia à pátria definitiva. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho(João 2,1-11)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João

Naquele tempo,2,1três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se  ali  a  mãe  de  Jesus. 2Também  foram convidados  Jesus  e  os  seus discípulos. 3Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: “Eles já não têm  vinho”. 4Respondeu-lhe  Jesus:  “Mulher,  isso  compete  a  nós?  Minha  hora ainda não chegou”. 5Disse, então, sua mãe aos serventes: “Fazei o que ele vos disser”. 6Ora,  achavam-se  ali  seis  talhas  de  pedra  para  as  purificações  dos judeus,  que  continham  cada  qual  duas  ou  três  medidas.

7Jesus  ordena-lhes: “Enchei  as  talhas  de  água”.  Eles  encheram-nas  até  em  cima. 8″Tirai  agora”, disse-lhes  Jesus,  “e  levai  ao  chefe  dos  serventes”.  E  levaram. 9Logo  que  o chefe  dos  serventes  provou  da  água  tornada  vinho,  não  sabendo  de  onde  era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água), chamou o noivo 10e disse-lhe: “É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os  convidados  já  estão  quase  embriagados,  servir  o  menos  bom.  Mas  tu guardaste  o  vinho  melhor  até  agora”. 11Este  foi  o  primeiro  milagre  de  Jesus; realizou-o  em  Caná  da  Galiléia.  Manifestou  a  sua  glória,  e  os  seus  discípulos creram nele.

-Palavra da Salvação.

3) Reflexão

A primeira parte do Quarto Evangelho é comumente chamada “O  Livro  dos Sinais”, pois, o evangelista relata uma série de sete sinais que, passo por passo, revelam  quem  é  Jesus,  e  qual  é  a  missão  d’Ele  (embora  algumas  bíblias traduzam  o  termo grego por “milagre”, a tradução mais correta é: “Sinal”). O primeiro desses sinais aconteceu no contexto das bodas de Caná, o nosso texto de  hoje.  Como  quase  todo  o  Evangelho  de  João,  o  relato  está  carregado  de simbolismos, onde pessoas, números e eventos funcionam simbolicamente, para nos levar além da superfície das coisas, em uma caminhada de descoberta sobre a pessoa de Jesus. Um  dos temas centrais do quarto evangelho é o da “hora” de Jesus. A “hora” não se refere à cronometria, mas à hora de glorificação de Jesus, por sua morte  e  ressurreição.  Em  resposta  ao  pedido  feito  por  Maria  (note  que  João nunca se refere a Ela pelo nome, mas pelo título “mulher”), usando de uma maneira um tanto estranha este termo para a mãe d’Ele, João quer indicar que Jesus rejeita uma esfera meramente humana de ação para Maria, para reservar para Ela um papel muito mais rico, ou seja, o da mãe dos seus discípulos. Maria somente vai aparecer mais uma vez neste evangelho – ao pé da cruz, onde Ela e o  Discípulo  Amado  assumem  um  relacionamento  de  Filho  e  Mãe.  Devemos lembrar  que  o  Discípulo  Amado  simboliza  a  comunidade  dos  discípulos/as  do Senhor. Não  devemos  reduzir  a  ação  da  Maria  no  texto  à  de  uma  incomparável intercessora. Embora seja comum esta interpretação na devoção popular, não se sustenta  do  ponto  de  vista  exegético.  É  melhor  ver  Maria  aqui  como  discípula exemplar, pois  embora  a  resposta  de  Jesus  indique  um  distanciamento  entre a sua expectativa e a visão d’Ele, Ela continua com confiança n’Ele e leva outros a acreditar nele: “Façam tudo o que Ele lhes disser”.

O  simbolismo  da  água  tornada  vinho  é  também  importante.  Não  era qualquer água – era a água da purificação dos judeus. Com essa história, João quer  mostrar  que  doravante  os  ritos  judaicos  de  purificação  estão  superados, pois  a  verdadeira  purificação  vem  através  de  Jesus.  Podemos  entender  isso como  a  mudança  de  uma  prática  religiosa  baseada  no  medo  do  pecado,  uma

prática  que  excluía  muita  gente  considerada  impura,  para  uma  nova  relação entre Deus e a humanidade, a partir de Jesus. Assim, em Caná Jesus começa a substituir  as  práticas  do  judaísmo  do  Templo,  o  que  vai  continuar  ao  longo  do Evangelho de João. A quantia do vinho chama a atenção

– 600 litros! O vinho em abundância era símbolo  dos  tempos  messiânicos,  e  na  tradição  rabínica,  a  chegada  do Messias  seria  marcada  por  uma  colheita  abundante  de  uvas.  Assim  João  quer dizer   que   a   expectativa   messiânica   se   realiza   em   Jesus.   E   as   talhas transbordantes simbolizam a graça abundante que Jesus traz. A figura do mestre-sala é também simbólica, bem como a dos serventes. Aquele que devia saber a origem do vinho da festa, não o sabia, enquanto estes sabiam. Assim, o mestre – sala representa os chefes do Templo que não sabiam a origem de Jesus enquanto os servos representam os discípulos que acreditaram n’Ele.

Fazendo comparação entre o vinho antigo e o novo, João quer reconhecer que  a  Antiga  Aliança  era  boa,  mas  a  Nova  a  superou.  Os  ritos  e  práticas judaicos,  ligados  à  purificação  e  a o  sacrifício,  não  têm  mais  sentido,  pois  uma nova era de relacionamento entre a humanidade e Deus começou em Jesus.

O  ponto  culminante  do  relato  está  em  v.  11:  “Foi  em  Caná  que  Jesus começou os seus sinais, e os seus discípulo acreditaram n’Ele”. A fé deles não é intelectual  ou  teórica,  mas  o  seguimento  concreto  do  Mestre,  na  formação  de novos  relacionamentos  de  amor.  Passo  por  passo,  o  autor  vai  revelando  Jesus através de sinais para que nós, os leitores, possamos “acreditar que Jesus é o Messias,  o  Filho  de  Deus.  E  para  que,  acreditando,  tenhamos  a  vida  em  seu nome” (Jo 20, 31).

4) Para um confronto pessoal

1) Maria diz: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Como estou colocando em prática estas palavras da Mãe de Deus?

2) Percebo os sinais de Deus na vida e no mundo? Sou um sinal de Deus para os outros?

5) Oração final

Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: que o rei se encante com vossa beleza! Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: “Esquecei vosso povo e casa paterna! Que o rei se encante com vossa beleza! Prestai-lhe homenagem: é vosso senhor! O povo de Tiro vos traz seus presentes, os grandes do povo vos pedem favores. Majestosa, a princesa real vem chegando, vestida de ricos brocados de ouro.

Em vestes vistosas ao rei se dirige, e as virgens amigas lhe formam cortejo; entre cantos de festa e com grande alegria, ingressam, então, no palácio real” (Sl 44 / 45)