A vigília pascal, a mãe de todas as santas vigílias –

A Bíblia explicada em capítulos e versículos –

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

A VIGILIA PASCAL, A MÃE DE TODAS AS SANTAS VIGÍLIAS

LUZ SEM SOMBRAS – https://www.youtube.com/watch?v=JKRF9oU82Ws

LUZ SEM SOMBRAS

 Há muitos anos atrás, correu por todos os cinemas do mundo o filme americano intitulado “Trevas sem Luz”, que deu muito o que falar. Aí se abordava o seguinte tema: “Um sábio arqueólogo empreendeu escavações nos arredores de Jerusalém, onde hoje se encontra a basílica do Santíssimo Calvário”. Certo dia comunica ele a todos os meios da Imprensa: ‘Eu encontrei a sepultura de Jesus de Nazaré, crucificado no ano 33. ’A sepultura, porém não está vazia, mas dentro dela se encontra um cadáver mumificado; Cristo, pois, não pode ter  ressuscitado; Cristo não ressuscitou.’ Esta novidade se espalha aos quatro ventos por rádios, televisão e Imprensa. O mundo entra numa densa treva. Tudo o que recordava Cristo foi feito desaparecer.

Igrejas foram destruídas, conventos fechados, padres abandonam suas paróquias, missionários do mundo inteiro retornaram às suas pátrias, irmãs abandonaram suas escolas e hospitais. Enfim, o mundo entrou numa enorme confusão até que enfim é desmascarado o impostor, comentavam alguns. Abaixo com a moral cristã e com a cruz, símbolo do sacrifício e da aceitação da morte, gritavam outros. Outros tantos não deixaram de observar; É muita pena que tudo isso tenha sido uma falsidade, pois o ressuscitado ainda nos dava um sentido e esperança de enfrentar a vida e de superar os seus absurdos.  Agora ,porém, com dor, temos que verificar nossa frustração. Assim, e com outros tantos pormenores, o filme Trevas sem luz vai mostrando o que significa o mundo sem o fato e a fé na ressurreição de Cristo: Verdadeiramente trevas, confusão, frustração e angústias nos corações humanos. Porém, no final, o filme mostra o sábio arqueólogo no leito de morte. Antes de entrar em agonia, ele quer ainda uma vez falar. E então revela ao médico, professor da universidade que sua descoberta fora uma falsidade, que ele interpretou mal o cadáver mumificado. Este não era do ano 33, mas do ano 333 dC. Essa história de um filme moderno, mostra-nos o que seria o mundo sem a fé na ressurreição. São Paulo já nos dizia em sua epístola aos coríntios : Se Cristo não ressuscitou, vã é  nossa pregação, vã é nossa fé:

Nós seríamos falsos testemunhos e os mais miseráveis de todos os homens ( Cor 15,15 s ). Quereríamos viver de fantasia em vez de enfrentar a vida e a morte, procuraríamos fugir da dureza com falsas projeções de nossos desejos. Porém com o fato da ressurreição de Cristo, entrou uma novidade total em nosso mundo fechado pelo círculo da morte. Alguém rompeu este círculo e deu esperança a todos nós. E dizia S. Paulo, novamente na sua carta  aos Coríntios: “Se Cristo ressuscitou haveremos nós de ressuscitar também. Ele é apenas o primeiro da enorme cadeia dos mortos que um dia hão de ressurgir para a vida que jamais conhecerá a morte. Na noite de sábado nós celebramos a grande Vigília Pascal, a “mãe de todas as Santas Vigílias”, como classifica Santo Agostinho. Nela -a Igreja espera vigilante a ressurreição e a proclama nos sacramentos – verá acender-se um fogo, como semente brotada da pedra, lembrando o Cristo que ressurge vivo da pedra do sepulcro. E veremos a Igreja inteira receber a luz do Círio pascal e proclamaremos entre aleluias a grande notícia sempre antiga e sempre nova: “Cristo Ressuscitou!”

A ressurreição é o ponto alto do maior dia da nossa história. É o centro da nossa fé. Ela é que deu sentido ao mundo que perdera o sentido, envolto nas trevas do pecado e da desesperança. Nessa noite tem imenso significado as renovações da promessa do batismo e a aspersão da água recém-santificada sobre o povo, recordando o batismo recebido um dia. Pelo batismo – e o cristão sabe disso – nós nos associamos ao Cristo Ressuscitado. É a nova vida que nasce em nós e que crescerá até a plenitude quando passamos do tempo para a eternidade. A alegria da ressurreição iluminará todo o tempo da Páscoa e prolongará por sete semanas “como se fosse um só e longo domingo”, até a festa de pentecostes no 50º dia. Só nos resta desejar que a fé e oração dos cristãos ajudem o mundo a levantar o coração para o alto, para Deus. A fim de que não pereçam os valores mais profundos que o materialismo vai tentando abafar. E reine na terra a alegria e a paz. Após a ressurreição, temos compromisso com um novo modo de ser, devemos viver uma vida nova. Cristo ressuscitou uma vez para sempre. E a morte já não tem nenhum poder sobre Ele. Assim, aqueles que ressuscitaram com Cristo no batismo “devem considerar-se mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus Nosso Senhor”. Temos que viver então num clima de vida nova. Sujeitos, embora, às forças negativas da concupiscência que nos podem levar a resvalar nalgum pecado, nosso compromisso permanente tem que ser com a dignidade da vida cristã. Não temos mais direito de rastejar na mediocridade e na miséria moral. “Ressuscitados com Cristo – ensina – nos ainda São Paulo – temos que buscar as coisas do alto…saborear as coisas do alto e não as pobres coisas da terra”. ( Cl 3,1-2 ). Temos que viver em climas de ressurreição.

O MISTÉRIO DA PÁSCOA

“Porque procurais entre os mortos aquele que está vivo?

Hoje é o maior dia da nossa religião.

É o maior dia da nossa história.

É o maior dia do cristianismo:

Dia da ressurreição de Jesus Cristo.

  • dia da sua vitória.
  • O dia da sua alegria.
  • O dia da sua páscoa.
  • O dia da nossa esperança.

O mistério da páscoa é o mistério da máxima humilhação de Jesus Cristo e durante a Semana Santa nós pudemos sentir a humilhação do Senhor como nos disse Isaías: “Ele nem tinha imagem de gente”. Era como se fosse um verme. Com a cruz às costas, ele percorreu os caminhos da nossa vida, os nossos pecados cheios das nossas ingratidões, de nossas culpas. Durante os dias da Paixão nós pudemos meditar com mais profundidade o amor infinito de nosso Deus para conosco. Percebemos, mais claramente, que temos o valor infinito porque fomos salvos, remidos pelo sangue preciosíssimo de Cristo. Ele morreu porque nos amou até a morte e morte de cruz.

Mas, o mistério da Páscoa é o mistério da máxima glorificação de Cristo. E ei-lo hoje ressuscitado. Ei-lo hoje vitorioso. Ei-lo hoje triunfante trazendo nas mãos um estandarte. O estandarte da vitória, aquele que desceu à cruz e deu a vida por todos nós. É importante que cada um de nós reflita esse mistério: Mistério de morte e de vida, e essas duas coisas se juntam para fazer o mistério da vida cristã. E cada um de nós sofre, contempla e vive esse mistério: Mistério de luz e de trevas, de morte e de vida, de graça e de pecado.

  1. c) PARA SE ENTENDER A PÁSCOA CRISTÃ

Para se entender um pouco a Páscoa Cristã é preciso se lembrar da Páscoa dos judeus, porque é uma história. A Páscoa dos judeus se resumiu em três fatos:

Primeiro, o fato da libertação quando Moisés do meio do povo saído do Egito diz: “Vamos meu povo, nós estamos libertado. Vamos embora, vamos sair da escravidão.” E aponta, por assim dizer, o caminho, o caminho do deserto, o caminho da terra prometida. E o segundo fato foi o que aconteceu no Mar Vermelho quando o mar se abriu em duas partes e os judeus passaram a pés enxutos com a proteção de Deus.

O terceiro fato é o que aconteceu quatro meses depois, quando chegaram ao Monte Sinai e se fizeram aliança do povo com Deus. E Deus disse: “Eu serei o teu Deus e tu serás o meu povo.” E na Páscoa dos judeus, Moisés mandou que eles comessem o cordeiro pascal e cingidos como quem ia viajar, eles comeram e partiram.

E a gente poderia perguntar : E a nossa Páscoa? A Páscoa Cristã tem também esse sentido de libertação? Na nossa Páscoa, o cordeiro não é mais um cordeiro físico, um cordeiro animal. É o próprio Cristo.

O Cristo foi imolado por nós na ara da cruz. Por isso ele nos libertou.

A gente precisaria viver muito, este sentido profundo da páscoa. É um sentido maravilhoso. É um sentido que a gente vê em todas as coisas: na alegria das crianças, na paz de consciência, no sentido de uma liturgia participada, que nos leva cada vez mais a dizer que o senhor ressuscitou.

É o sentido de vida, de esperança, de alegria.

A Páscoa é que nos dá vida. Veja o sorriso de uma criança.

Se a gente soubesse transformar tudo isso, no seu sentido espiritual, de luz, de pureza, no seu sentido de encantamento, essa criança que existe dentro de nós, poderia gritar a alegria da ressurreição, a alegria da páscoa, a alegria de que o Senhor ressuscitou de verdade.

E a Páscoa é tão importante que ela é também comemorada a partir do sábado santo. Nesta noite nós acendemos uma luz. É o Círio Pascal. E aqui estamos todos juntos para dizer que Cristo é a nossa luz e desta luz todos nós recebemos.

Nesta Semana Santa nós tivemos oportunidade de refletir sobre o sofrimento, a Paixão e morte de Cristo. É o sentido da morte de Cristo e do cristão. Hoje, estamos falando muito do sentido da vida. A pergunta é esta: Houve diferença na sua vida nessa Semana Santa? Ou a Semana Santa foi simplesmente um fato histórico? Houve diferença quando você entrou na Igreja nessa Vigília Pascal quando você procurou o perdão do Senhor? Você está fazendo dessa Vigília Pascal aquele sentido de morrer para o pecado e viver para a vida da graça? Houve diferença nestes dias na sua casa? Você começou a tratar as pessoas com bondade, com paciência, com compreensão? Você perdoou e pediu perdão? Houve diferenças nesses dias da Semana Santa? A pergunta é essa. A resposta não depende de mim. Você vai responder se sentiu, se sofreu o sentido de ter sepultado a si mesmo com o Cristo, as suas dores, os seus pecados, e se está agora vivendo o sentido profundo da alegria do Cristo Ressuscitado. Esse Cristo que é nossa vitória, nossa alegria, nossa esperança. Esse Cristo que vai na nossa frente dizendo que um dia também nós fomos libertados. Olhando agora o Cristo ressuscitado, queria comparar com a figura que eu disse de Moisés na frente do seu povo, já livres dos 430 anos de escravidão. Moisés de mãos levantadas, feliz, dizia para os seus conterrâneos:

“Vamos meu povo, vamos embora.

Estamos libertos.

A escravidão passou.

A escravidão morreu.

Estamos livres”.

É a mesma figura que se apresenta do Cristo, hoje ressuscitado dizendo: “Vamos meu povo, estamos livres.

Vamos meu povo: Povo santo que marcha nessa direção para onde eu vou. Direção do Pai, direção do amor, direção da própria vida”. A alegria da Páscoa deve ser uma alegria contagiante. Que parta do mais profundo da nossa alma, ao celebrar. “Esse dia que o Senhor fez, esse dia por excelência, é o dia do Senhor”. Neste momento eu gostaria de aproveitar para desejar a você leitor as melhores alegrias da Páscoa. Que dentro do coração de você bata os sinos da felicidade. Dentro do coração de você bata o sino de uma intimidade bem profunda com Deus.

E esse sino possa ser o sentido profundo de que na verdade o Cristo ressuscitou:

Cristo que é a nossa vida,

  • Cristo que é a nossa alegria,
  • que é a nossa esperança,
  • que é o nosso tudo.
  • Este é o dia que o Senhor fez.
  • Alegremo-nos Nele.
  • Dia da nossa vitória porque Cristo Ressuscitou.
  • Feliz Páscoa! Aleluia!.

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA,

 

JESUS VIVE! JESUS RESSUSCITOU!

– Evangelho – Mt 28,1-10

 

JESUS VIVE! JESUS RESSUSCITOU!

         A frase, “Quando ainda estava escuro‑ (v.1), significa que os discípulos de Jesus ainda estavam na escuridão da morte (cf Lc 1,79) porque a fé deles ainda não se despertara para o Dia da Ressurreição (cf.v.9).

Sair da noite da falta de fé e despertar‑se para a aurora da ressurreição é um caminho pessoal lento e árduo.

É necessário ir atrás do Senhor, à sua procura mesmo às apalpadelas, no bojo da escuridão pôr‑se a caminho e correr (cf.v.4).

Com efeito, a aurora da ressurreição vai surgindo lentamente das entranhas da noite. Mesmo no escuro, Maria Madalena vê a pedra retirada do túmulo (v. 1 ).

O outro discípulo vê os panos de linho rio sepulcro e, finalmente Pedro contempla os panos e o sudário dobrado posto à parte (vv.6‑7).

0 discípulo que havia chegado primeiro ao tumulo viu e acreditou (v.8).

Este ver que produza fé não é simplesmente ver com os olhos que veem as evidências do túmulo vazio e dos panos, mas sim a evidência do encontro que descobre o essencial invisível aos olhos.

Todos os testemunhos visíveis da ressurreição de Jesus bem como de seu ministério terrestre, permanecem mudos sem a iluminação da fé que brota no encontro.

De fato, Maria Madalena diante do túmulo vazio, prova visível da ressurreição, se retira horrorizada pensando que haviam roubado o corpo do seu Senhor.

Mas quando, no mesmo túmulo vazio, ela o encontra (v. 16), a fé desponta em seu coração e ela é iluminada pelo Imenso que irrompe na sua escuridão.

Por isso, agora, o túmulo vazio passa de lugar de horror, a tempo do feliz encontro com o Senhor Ressuscitado.

Aquele primeiro dia da semana torna‑se dia do Senhor.

É o Domingo cristão dia em que Jesus é reconhecido como vencedor da morte e de todas as escravidões.

Manifestemos nossa alegria e firmemos nosso compromisso de levar adiante o projeto de libertação!

É festa da Ressurreição! Proclamemos Cristo Ressuscitado como Caminho Verdade e Vida!