EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

IV Domingo da Quaresma -ANO C

A ALEGRIA DA VOLTA

Entre as mais belas páginas do Evangelho de São Lucas -o evangelista da misericórdia – está a parábola do filho pródigo –  Entre as mais belas páginas do Evangelho de São Lucas -o evangelista da misericórdia – está a parábola do filho pródigo. Ela faz parte de uma trilogia de parábolas com as quais Jesus responde a seus adversários, que reclamavam porque Ele se sentava à mesa com os publicanos e os pecadores.

São as parábolas da misericórdia, onde brilha a alegria da recuperação do que estava perdido. E se apresentam numa gradação: a alegria da dona de casa que reencontra a moeda perdida, a alegria maior ainda do pastor que reencontra a ovelha desgarrada, e a imensa alegria do pai que faz uma grande festa pela volta do filho que abandonara a casa paterna.

Tudo põe em evidência a felicidade da conversão. Ela não é triste. O pecado é que é triste, abate, desonra. Foi muito inspirado o salmista, quando cantou: “Devolve-me o júbilo da tua salvação” (SI 50, 14).

E, quando a Igreja nos faz ler este evangelho no IV domingo da Quaresma, que é o domingo da alegria – domingo “Laetare” – quer inculcar exatamente essa verdade: a alegria de voltar aos braços de Deus, depois de nos termos afastado dele.

A parábola é a história do caminho do pecador. E para nosso proveito espiritual podemos contemplá-la nos seus três momentos: o afastar – se da casa do pai; a desilusão da vida lá fora; a alegria da volta. O filho estava bem na paz de sua casa, onde nada lhe faltava, onde tinha sobretudo o amor do pai e essa profunda realidade que é a certeza de ser filho. Dele se podia dizer que “era feliz e não sabia”.

Mas se deixou iludir, como acontece com tantos jovens – e com tanto adulto também – com os sonhos de uma vida mais livre e mais feliz. Volta as costas para o pai, para a casa, para Deus.

É aquilo que a teologia chama de “aversio a Deo et conversio ad creaturas”: afasta-se de Deus e se volta para as criaturas. Mas aí vem o segundo quadro. No fundo do cálice das delícias ele encontrou a amargura.

O dinheiro do pai se acabou depressa, como acaba o dinheiro de todos aqueles que gastam e não repõem com o trabalho. Os amigos – que não eram amigos seus, e sim de sua mesa e de suas festas – foram-se afastando rapidamente. Para sua maior desgraça sobreveio na região a carestia e a recessão. Queria trabalhar e não encontrava emprego. O que finalmente pôde encontrar foi a tarefa degradante de guardião de porcos, emprego sobre o qual pesava uma maldição da lei mosaica.

Foi aí que uma luz se acendeu no fundo de seu coração. Foi o terceiro quadro de sua história. Das profundezas daquela miséria e daquela fome, lembrou-se de sua casa.

Da fartura que lá havia até para os empregados. Mas surgiu sobretudo no seu coração a figura de seu pai. E percebeu o desgosto que lhe causara afastando-se dele. E veio o sincero arrependimento: “Vou-me embora procurar o meu pai e dizer -lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados” (Lc 15, 18-20).

O pai já o estava esperando. Seu coração não podia aceitar a separação do filho. Certamente, como o pai de Tobias, olhava todos os dias para a última curva do caminho, para ver se se levantava alguma poeira que lhe pudesse fazer adivinhar que era o filho que estava voltando. Quando o filho chegou, nem lhe deu tempo de se prostrar e de dizer as palavras que tinha planejado. Ele, em primeiro lugar o abraçou e o cobriu de beijos. E, quando o filho tentou dizer que não era mais digno de ser chamado de seu filho, a resposta foi mandar que os servos lhe trouxessem a melhor túnica, e anel, e sandálias. E que matassem o novilho cevado e se preparasse uma grande festa: “O filho estava morto e tornara a viver; estava perdido e fora reencontrado” (Ibid., v24).

O mais impressionante de tudo isso é que o filho se sente de novo filho. Não é a beleza exterior da festa que o empolga. É a alegria de poder dizer de novo: meu pai!

É o mesmo que acontece com o pecador que se converte. Ele pode dizer de novo com todo o direito o “Pai nosso”. E pode dizer a Deus: “Meu pai”, certo de que Deus lhe está dizendo: “meu filho”. Grandes realidades de nossa fé!

 

LEITURAS do IV Domingo da Quaresma – Ano C:

1ª) Js 5, 9a. 10-12

2a) 2Cor 5, 17-21

3a) Lc 15, 1-3.11-32