João 6,60-69 – Ficaremos fiéis até o fim –
XXI Domingo do Tempo Comum-

– A Bíblia explicada em capítulos e versículos-
– O amanhecer do Evangelho-
– Reflexões e ilustrações de Padre Lucas-

XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO B

FICAREMOS FIÉIS ATÉ O FIM, SENHOR, A QUEM IREMOS NÓS?

Depois que Moisés morreu no alto do monte Nebo, à vista da Terra da Promissão, assumiu plenamente a chefia do Povo de Israel Josué, que era seu braço direito. Sob o comando dele, atravessaram o Jordão e foram ocupando todo o território da Palestina. Ao se aproximar da morte, Josué reuniu em Siquém os chefes do povo de Israel, e Ihes fez uma proposta da maior responsabilidade: “Se vos desagrada servir a Javé, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem serviram vossos pais na outra margem do rio, ou antes aos deuses dos amorreus, em cujo país habitais.

Eu, porém, e minha casa serviremos a Javé”. Mas o povo todo respondeu: “Longe de nós a idéia de abandonar Javé para servir a outros deuses.

Porque Javé é o nosso Deus, que nos tirou a nós e a nossos pais da terra do Egito”. E com essas e outras palavras, reafirmaram sua fidelidade ao Deus verdadeiro: “Nós serviremos a Javé, nosso Deus; e à sua voz queremos obedecer” (Js 24, 15. 17. 18). Concluiu-se uma aliança com o povo e foi levantada uma pedra em testemunho. Pouco depois, Josué morreu.

Semelhante ao desafio que Josué apresentou ao povo hebreu, foi a palavra que Jesus dirigiu a seus doze apóstolos, na sinagoga de Cafarnaum, como está na página evangélica que lemos neste domingo. Grande parte dos discípulos não aceitaram a declaração de Jesus a respeito de dar sua carne e seu sangue como comida e bebida. Reclamaram de maneira veemente: “Esta palavra é muito dura! Quem será capaz de aceitá-Ia?” (Jo 6, 60). Não tiveram a humildade e a disponibilidade que Ihes abriria o espírito, para acolher tudo o que Jesus iria dizer em seguida. E se afastaram de Jesus. Então o Mestre dirigiu uma espécie de desafio aos doze: “Não quereis vós também ir-vos embora?

“Foi quando Pedro, tomando a palavra em nome de todos, disse: “Senhor, para onde iríamos? És tu que tens palavras de vida eterna.

E nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Ibid, 67-69). Um eco daquela grande palavra que precedera sua escolha para ser a pedra fundamental da Igreja. E ficaram com Cristo para sempre: Pedro, os Apóstolos, a Igreja ao longo dos séculos. Desde a Igreja das catacumbas, que levava o sacramento da Eucaristia aos cristãos encarcerados, até à Igreja da Idade Média, que aprendeu a cantar o “Lauda, Sion” e o “Tantum ergo”, e à Igreja dos séculos XIX e XX, que povoa o mundo com as multidões hosanantes dos congressos eucarísticos: “Deus está aqui – Vinde, adoradores, adoremos ao Cristo Redentor”.

Se os discípulos que debandaram tivessem tido mais paciência e mais humildade -e sobretudo mais confiança em Jesus – teriam prestado atenção às palavras que Ele disse, confirmando as afirmações sobre a “carne-verdadeira comida” e “sangue-verdadeira bebida”.

Jesus disse uma palavra absolutamente indispensável para se apreender o verdadeiro sentido da presença eucarística : ” A carne não serve para nada; o espírito é que vivifica. As palavras que eu vos disse são espírito e vida” (v. 63).

O grande teólogo Joseph Ratzinger, hoje Cardeal Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e atual papa Bento XVI aproxima essas palavras das que escreveu São Paulo na primeira carta aos coríntios, a respeito da natureza do corpo ressuscitado: “Asseguro-vos, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorruptibilidade” (1 Cor 15, 50).

Tanto a realidade do corpo ressuscitado, como a realidade do corpo de Cristo na Eucaristia, não é uma realidade físico-química. Cristo está realmente presente na Eucaristia, mas se trata de uma realidade transfísica (RATZINGER – Introd. ao Cristianismo, III parte, cap. II ).

Vale a pena lembrar o que São Paulo escreveu sobre a ressurreição dos corpos: “Semeia-se um corpo animal, ressuscita um corpo espiritual” ( 1 Cor 15, 44), O corpo de Cristo na Eucaristia é o corpo da Ressurreição, o corpo da glória.

LEITURAS do XXI Domingo do Tempo Comum – Ano B:

1ª –  Js 24,1-2a,15-17,18b.

2ª –  Ef  5, 21-32.

3ª – Jo 6, 61 -70.