26. Sábado da 7ª Semana do Tempo Comum

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA).

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

1) Oração

Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto,
realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho – (Marcos 10, 13-16)

Naquele tempo, 13Apresentaram-lhe então crianças para que as tocasse; mas os discípulos repreendiam os que as apresentavam. 14Vendo-o, Jesus indignou-se e disse-lhes: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham. 15Em verdade vos digo: todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará.” 16Em seguida, ele as abraçou e as abençoou, impondo-lhes as mãos.

3) Reflexão – Mc 10,13-16

* O evangelho de anteontem trazia conselhos de Jesus sobre o relacionamento dos adultos com os pequenos e excluídos (Mc 9,41-50). O evangelho de ontem trazia conselhos sobre o relacionamento entre homem e mulher, marido e esposa (Mc 10,1-12). O evangelho de hoje traz conselhos sobre o relacionamento com as mães e as crianças. Com os pequenos e excluídos Jesus pedia o máximo de acolhimento. No relacionamento homem-mulher, pedia o máximo de igualdade. Agora, com as crianças e suas mães, ele pede o máximo de ternura.

Marcos 10,13-16Receber o Reino como uma criança.

Trouxeram crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos tentam impedir. Por que impedem? O texto não diz. Talvez seja pelo fato de, conforme as normas rituais da época, crianças pequenas com suas mães, viverem quase constantemente na impureza legal. Tocar nelas significaria contrair impureza! Elas tocando em Jesus, ele também ficaria impuro! Mas Jesus não se incomoda com estas normas rituais da pureza legal.

Ele corrige os discípulos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas, lhes dá um abraço dizendo: “Deixem as crianças vir a mim. Não lhes proíbam, porque o Reino de Deus pertence a elas”. E ele comenta: “Eu garanto a vocês: quem não receber como criança o Reino de Deus, nunca entrará nele.” Então Jesus abraçou as crianças e abençoou-as, pondo a mão sobre elas.O que significa esta frase? 1) A criança recebe tudo dos pais. Ela não consegue merecer o que recebe, mas vive do amor gratuito. 2) Os pais recebem a criança como um dom de Deus e cuidam dela com todo carinho. A preocupação dos pais não é dominar a criança, mas sim amá-la e educá-la, para que cresça e se realize!

* Um sinal do Reino: Acolher os pequenos e os excluídos

Há muitos sinais da presença atuante do Reino na vida e na atividade de Jesus. Um deles é a sua maneira de acolher as crianças e os pequenos. Além do episódio do evangelho de hoje, eis uma lista de alguns outros momentos de acolhida aos pequenos e crianças:

1 . Acolher e não escandalizar.

Uma das palavras mais duras de Jesus é contra aqueles que causam escândalo nos pequenos, isto é, que são o motivo pelo qual os pequenos deixam de crer em Deus. Para estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado nas profundezas do mar (Mc 9,42; Lc 17,2; Mt 18,6).

 2 . Identificar-se com os pequenos. 

Jesus abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança, é a “mim que recebe” (Mc 9,37). “E tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40).

3 . Tornar-se como criança.

Jesus pede que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como criança. Sem isso não é possível entrar no Reino (Mc 10,15; Mt 18,3; Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.

4 . Defender o direito da criança de gritar.

 Quando Jesus, entrando no Templo, derruba as mesas dos cambistas, são as crianças as que mais gritam. “Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas pelos chefes dos sacerdotes e escribas, Jesus as defende e, em sua defesa, invoca até as Escrituras (Mt 21,16).

5. Agradecer pelo Reino presente nos pequenos.

A alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças, os pequenos, entendem as coisas do Reino que ele anunciava ao povo. “Pai, eu te agradeço!” (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem melhor as coisas do Reino do que os doutores!

6. Acolher e curar.

São muitas as crianças e jovens que ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha do Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a filha da mulher cananéia (Mc 7,29-30), o filho da viúva de Naim (Lc 7, 14-15), o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do Centurião (Lc 7,9-10), o filho do funcionário público (Jo 4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).

4) Para um confronto pessoal

1) Na nossa sociedade e na nossa comunidade, quem são os pequenos e os excluídos? Como está sendo o acolhimento que nós damos a eles?

2) Na minha vida, o que já aprendi das crianças sobre o Reino de Deus?

5) Oração final

Senhor, eu vos chamo, vinde logo em meu socorro; escutai a minha voz quando vos invoco.
Que minha oração suba até vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para vós sejam como a oferenda da tarde. (Sl 140, 1-2)