(Mateus 5, 27-32) – No evangelho de hoje, Jesus faz uma releitura do mandamento “Não cometer adultério” – Pe. Lucas – Evangelho do dia e Homilia – O amanhecer do Evangelho – Pe. Lucas

(Mateus 5, 27-32) -No evangelho de hoje,  faz uma releitura do mandamento “Não cometer adultério” A Bíblia explicada em capítulos e versículos O Amanhecer do Evangelho Reflexões e ilustrações de Padre Lucas de Paula Almeida, CM  Quarta-feira da 11ª Semana do Tempo Comum Sexta-feira da 10ª Semana do Tempo Comum 1) Oração Ó Deus, fonte de todo […]

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Marcos 1, 29-39 – A cura da sogra de Simão que estava de cama – A Bíblia explicada em capítulos e versículos – O amanhecer do Evangelho – Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

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“Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.” (Mateus 15, 21-28)- O Amanhecer do Evangelho- A Bíblia explicada em Capítulos e Versículos

Pe. LUCAS ” MULHER, GRANDE É A TUA FÉ ” – (Mateus 15, 21-28)

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

” MULHER, GRANDE É A TUA FÉ ”.

“Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.” (Mateus 15, 21-28)

Saindo daquele lugar, Jesus retirou-se para a região de Tiro e de Sidom.22Uma mulher cananeia, natural dali, veio a ele, gritando: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Minha filha está endemoninhada e está sofrendo muito”.23Mas Jesus não lhe respondeu palavra. Então seus discípulos se aproximaram dele e pediram: “Manda-a embora, pois vem gritando atrás de nós”.24Ele respondeu: “Eu fui enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel”.25A mulher veio, adorou-o de joelhos e disse: “Senhor, ajuda-me!” 26Ele respondeu: “Não é certo tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”. 27Disse ela, porém: “Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”. 28Jesus respondeu: “Mulher, grande é a sua fé! Seja conforme você deseja”. E, naquele mesmo instante, a sua filha foi curada.A Fenícia dos tempos de Jesus corresponde praticamente ao Líbano de hoje, marcado, entre outras, pelas cidades portuárias de Sur e Saída, que correspondem às antigas cidades de Tiro e Sídon. Era região de grande prosperidade, e lá habitavam os cananeus. Jesus andou também por lá, como se deduz de uma passagem de Mateus com paralelo em Marcos (Mt 15,21 e Mc 7,24). E, por isso mesmo os libaneses se comprazem em dizer que seu país faz parte da Terra Santa. Bem-aventurados os caminhos um dia percorridos pelos passos do Senhor!Justamente nessa terra aconteceu o episódio que a Igreja faz ler na liturgia da Palavra deste vigésimo domingo do Tempo Comum. É uma página muito viva, que parece, até, traduzir em termos bem rudes para nossos ouvidos ocidentais o que Jesus falou. Que, porém, se ilumina no fim com a grandeza da misericórdia e do poder taumatúrgico do Divino Mestre.O Evangelho conta que, estando Jesus numa casa, foi à sua procura uma mulher Cananéia, para pedir a cura de sua filha, uma menina que estava – segundo ela – sob o poder do demônio.E ela o pedia em gritos tão insistentes e angustiosos, que chegaram a impacientar os apóstolos, os quais pediram a Jesus que a atendesse logo, para que ela os deixasse em paz. O que a mulher pedia em gritos tão insistentes já denotava confusamente alguma fé: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! A minha filha está horrivelmente endemoninhada” (Mt 15,22).Jesus começou, recusando. Sua missão pessoal- embora a Igreja se devesse depois estender a todo o mundo – se restringia ao povo de Israel. Ela, porém, insistia: “Senhor, socorre-me!” (Ibid.,v25).Mas Jesus replicou: “Não fica bem tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos” (Ibid., v 26). A redação de Marcos é mais amenizada: “Deixa que primeiro os filhos se saciem; pois não é bom tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos” (Mc 7,27). Era uma aparentemente dura pedagogia, que visava, no entanto, fazer desabrocharem plenitude a fé que já se manifestava naquela pobre mulher.Ai veio a resposta da mulher, marcada por uma comovedora humildade, e por uma confiança que se poderia dizer audaciosa: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem debaixo da mesa a migalhas das crianças (Ibid., v 28). Foi quando a misericórdia e o poder de Jesus como que explodiram numa solene palavra de aprovação e de bênção: “mulher grande é a tua fé! Seja feito como queres” (Mt 15,28).E assim foi. Ela voltou para casa e encontrou a criança atirada tranquilamente sobre o leito. E seu nome, através das páginas do Evangelho, começou a percorrer o mundo, como um dos mais belos exemplos de fé inabalável.Diante desse fato, não é possível não lembrar o exemplo de Abraão. Deus lhe prometera que seria pai de uma imensa posteridade, mais numerosa do que as estrelas do céu e do que as areias das praias do mar. E, no entanto, um dia, inexplicavelmente, mandou que ele sacrificasse seu filho Isaac, no alto do Monte Moriá. E Abraão não duvidou em acolhera ordem de Deus. “Acreditou contra toda a esperança”, diz a carta aos romanos (Rm 4,18). Deus lhe deteve o braço na hora de consumar a imolação de seu herdeiro, e ele se tornou o pai de gerações sem conta.O segredo de nossa felicidade está em jamais duvidar da sabedoria e da bondade de Deus. Ainda que às vezes os caminhos se nos apresentem muito obscuros. Temos sempre que repetir aquela palavra que a sabedoria popular repete a cada momento: Deus sabe o que faz. Essa foi a atitude da mulher cananeia, diante da palavra aparentemente negativa de Jesus. Ela também acreditou contra toda a esperança. E assim devemos crer também.

Mateus 15, 21-28
Pe. LUCAS ” MULHER, GRANDE É A TUA FÉ ” – (Mateus 15, 21-28)

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM“Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.” (Mateus 15, 21-28)Mateus 15,21-28: O encontro de Jesus com a mulher siro-fenícia

A situação retratada no texto de Mt 15,21-28 parece ser uma realidade de conflito nas comunidades daquele tempo, provocada por atitudes discriminatórias de judeus para com estrangeiros e para com mulheres. O relato fala do encontro de Jesus com uma mulher estrangeira.Naquela época, os estrangeiros significavam algo detestável no pensamento dominante em Israel. Apesar de as tradições ancestrais mostrarem a necessidade de oferecer proteção aos estrangeiros, o judaísmo hegemônico no pós-exílio os considerava impuros, bem como uma ameaça por serem desconhecedores da lei e perturbadores da tranquilidade de Israel. Reprovava seus costumes, suas tradições e seus ritos. Em Mt 15,21-28, Jesus rompe fronteiras e se aproxima do território de Tiro. A situação era muito tensa, pois Jesus se encontra junto a terras estranhas e, ali, o seu primeiro encontro é com uma cananéia, considerada duplamente impura por ser mulher e por ser estrangeira.O texto põe em evidência duas posições discordantes nas comunidades cristãs daqueles anos. Uma delas provém do mundo judeu e olha para as mulheres e os estrangeiros com atitude suspeita. A outra conduta é de quem procedia do mundo greco-romano e que tem uma visão mais aberta, com influência de mulheres e de estrangeiros, sendo-lhes mais favorável.
É interessante que, na narrativa, Jesus aparece como homem judeu, representante do discurso e da mentalidade dominante de seu povo, dirigindo-se à terra da mulher siro-fenícia, terra de impuros para o pensamento preponderante no judaísmo. Segundo Mc 7,24, Jesus quer ocultar-se, manter-se fora do alcance das pessoas daquele lugar, talvez para manter sua pureza ritual. Mas, ele não consegue permanecer oculto, pois logo vem ao seu encontro uma mulher estrangeira, duplamente condenada pela mentalidade que ele representa.
A primeira atitude de Jesus é a conduta e a mentalidade excludente de judeus que não atendem e não se sensibilizam diante da necessidade de uma mãe com sua filha doente. O interesse de manter a pureza ritual impedia que ele se sensibilizasse e se solidarizasse com a mulher cananéia. Jesus silencia, não diz uma palavra sequer à mulher, apesar dos seus gritos de aflição. Diante de seu silêncio, os discípulos propõem uma saída ainda mais drástica, sugerindo a expulsão dela. Por fim, as palavras de Jesus representam o mesmo discurso que seguramente brotava da boca do setor judeu daquela comunidade: “Não fui enviado a não ser para as ovelhas perdidas de Israel. Não é conveniente tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorros.” (vv. 24.26). Para muitos judeus, estrangeiros/as não eram outra coisa que “cães” ou “porcos” (cf. Mt 7,6), provocadores de grandes calamidades para os filhos de Israel.Chama a atenção a resposta da mulher siro-fenícia. Ela podia responder com diversas argumentações ou ficar simplesmente calada como sinal de reprovação diante da discriminação que sofre. Contudo, ela utiliza os mesmos termos de Jesus para fazê-lo repensar sua posição discriminatória: “É verdade, Senhor, mas também os cachorros comem das migalhas que caem da mesa de seus donos!” (v. 27). Pela boca da siro-fenícia falam as mulheres e os representantes gentios marginalizados naquelas comunidades cristãs. A ação da mulher é um símbolo do esforço dos cristãos de origem gentílica para expulsar o “demônio da exclusão” ainda reinante naquela ocasião. Através do personagem da mulher estrangeira, os gentios reclamam aceitação na nova comunidade de fé.
E a mudança de Jesus, ao passar a escutar os gritos de aflição da mulher estrangeira, tal como o Deus do êxodo (Ex 3,7-8), representa a nova atitude que as comunidades são chamadas a assumir. Quando Jesus se deixa interpelar pela excluída siro-fenícia e se abre para o diálogo com ela, sensibiliza-se com sua realidade e reconhece que o “pão” é direito de todos os filhos e filhas para além de Israel. Paradoxalmente, a enfermidade da filha da mulher estrangeira, considerada um mal e uma impureza na mentalidade predominante do judaísmo, torna-se um fator que humaniza e rompe com os opostos. Torna-se um símbolo de recuperação e de cura comunitária.
Esse relato do Evangelho representava um convite à comunidade cristã para assumir uma atitude nova de reciprocidade e receptividade para além do povo judeu. A luta por uma experiência social e religiosa de integração e respeito parece ser um dos objetivos desse texto. Da mesma forma, o Evangelho nos convida hoje a uma atitude nova de diálogo, de abertura e de fraternidade humana.

Jesus e a Mulher Cananéia

“Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.” (Mateus 15, 21-28)

É muito difícil ouvir um não, torna-se ainda mais dolorido ouvir um não, quando você tem absoluta certeza de que seu pedido é justo. Nesta história do evangelho, a mulher Cananéia ouviu um não; e o que é pior, um não carregado de argumentos.Mais duro que ouvir um “não” é ser ignorada, e isto também aconteceu com ela. Nas lutas das mulheres por conquistas no mundo do trabalho e na busca de direitos iguais na sociedade, temos percebido o quanto a palavra não é repetida e de quantas maneiras as mulheres recebem este não. Existem maneiras de reagir a um não: você pode se resignar e aceitar a resposta negativa, ou lutar por aquilo que você acredita e gritar. Eis o que a mulher Cananéia fez. Eis o seu exemplo e a sua história. A postura submissa desta mulher, o seu jeito de aproximar-se de Jesus, é somente uma parte de sua identidade. A sua petição e a sua insistência desafiam a identidade e missão de Jesus e confronta a ideologia imperialista de Israel. Ela exige que Jesus torne disponível para ela o que está disponível para Israel. Sua petição não é para ela, mas para Jesus libertar sua filha das forças que a oprimem.Jesus não responde com ajuda instantânea, mas com silêncio. Não é dado nenhum motivo, entretanto, os fatores étnicos, culturais, religiosos, econômicos e políticos, como também seu gênero, sugerem numerosas razões para Jesus ignorá-la. Num segundo momento Jesus afirma: “Não é bom tirar o pão dos filhos e dá-los aos cachorrinhos”.

Mesmo depois de ter recebido uma resposta negativa, sem amedrontar-se, a mulher se ajoelha diante de Jesus e clama por socorro. Junto com a sua submissão ela pede novamente e continua, audaciosamente, desafiando uma ideologia de favoritismo. Ela reclama o seu lugar nos propósitos de Deus.Aqui se concentra a força desta história: a mulher não é intimidada pela resposta de Jesus. Ao invés, ela, com astúcia e corajosamente reformula a resposta de Jesus: “Também os cachorrinhos comem das migalhas que caem das mesas dos seus donos”. A resposta dela se move além das barreiras da divisão étnica, cultural, religiosas, de gênero e política, para as possibilidades que permanecem firmes às promessas de Deus de abençoar todas as nações da terra.A resposta engenhosa da mulher abre possibilidades para sua filha e para Jesus. Ele responde positivamente e realiza o pedido daquela mulher. Esta história nos dá uma grande lição, assim como deu uma grande lição a Jesus e seus discípulos. Não podemos nos enclausurar dentro de nossos conceitos e preconceitos, sem perceber a realidade ao nosso redor. É preciso parar e ouvir o que as mulheres, as mães, as pessoas, estão pedindo; mesmo que pareça incoerente, mesmo que incomode, mesmo que seja preciso mudar as regras…O Dia Internacional da Mulher é um dia especial de lembrar a luta de tantas mulheres que, ao ouvirem um não, persistiram e lutaram para conquistar o que queriam.

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” MULHER, GRANDE É A TUA FÉ ” – (Mateus 15, 21-28)

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

” MULHER, GRANDE É A TUA FÉ ”.

“Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.” (Mateus 15, 21-28)

Saindo daquele lugar, Jesus retirou-se para a região de Tiro e de Sidom.22Uma mulher cananeia, natural dali, veio a ele, gritando: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Minha filha está endemoninhada e está sofrendo muito”.23Mas Jesus não lhe respondeu palavra. Então seus discípulos se aproximaram dele e pediram: “Manda-a embora, pois vem gritando atrás de nós”.24Ele respondeu: “Eu fui enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel”.25A mulher veio, adorou-o de joelhos e disse: “Senhor, ajuda-me!” 26Ele respondeu: “Não é certo tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”. 27Disse ela, porém: “Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”. 28Jesus respondeu: “Mulher, grande é a sua fé! Seja conforme você deseja”. E, naquele mesmo instante, a sua filha foi curada.A Fenícia dos tempos de Jesus corresponde praticamente ao Líbano de hoje, marcado, entre outras, pelas cidades portuárias de Sur e Saída, que correspondem às antigas cidades de Tiro e Sídon. Era região de grande prosperidade, e lá habitavam os cananeus. Jesus andou também por lá, como se deduz de uma passagem de Mateus com paralelo em Marcos (Mt 15,21 e Mc 7,24). E, por isso mesmo os libaneses se comprazem em dizer que seu país faz parte da Terra Santa. Bem-aventurados os caminhos um dia percorridos pelos passos do Senhor!Justamente nessa terra aconteceu o episódio que a Igreja faz ler na liturgia da Palavra desta quarta-feira do XVIII Semana do Tempo Comum. É uma página muito viva, que parece, até, traduzir em termos bem rudes para nossos ouvidos ocidentais o que Jesus falou. Que, porém, se ilumina no fim com a grandeza da misericórdia e do poder taumatúrgico do Divino Mestre.O Evangelho conta que, estando Jesus numa casa, foi à sua procura uma mulher Cananéia, para pedir a cura de sua filha, uma menina que estava – segundo ela – sob o poder do demônio.E ela o pedia em gritos tão insistentes e angustiosos, que chegaram a impacientar os apóstolos, os quais pediram a Jesus que a atendesse logo, para que ela os deixasse em paz. O que a mulher pedia em gritos tão insistentes já denotava confusamente alguma fé: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! A minha filha está horrivelmente endemoninhada” (Mt 15,22).Jesus começou, recusando. Sua missão pessoal- embora a Igreja se devesse depois estender a todo o mundo – se restringia ao povo de Israel. Ela, porém, insistia: “Senhor, socorre-me!” (Ibid.,v25).Mas Jesus replicou: “Não fica bem tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos” (Ibid., v 26). A redação de Marcos é mais amenizada: “Deixa que primeiro os filhos se saciem; pois não é bom tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos” (Mc 7,27). Era uma aparentemente dura pedagogia, que visava, no entanto, fazer desabrocharem plenitude a fé que já se manifestava naquela pobre mulher.Ai veio a resposta da mulher, marcada por uma comovedora humildade, e por uma confiança que se poderia dizer audaciosa: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem debaixo da mesa a migalhas das crianças (Ibid., v 28). Foi quando a misericórdia e o poder de Jesus como que explodiram numa solene palavra de aprovação e de bênção: “mulher grande é a tua fé! Seja feito como queres” (Mt 15,28).E assim foi. Ela voltou para casa e encontrou a criança atirada tranquilamente sobre o leito. E seu nome, através das páginas do Evangelho, começou a percorrer o mundo, como um dos mais belos exemplos de fé inabalável.Diante desse fato, não é possível não lembrar o exemplo de Abraão. Deus lhe prometera que seria pai de uma imensa posteridade, mais numerosa do que as estrelas do céu e do que as areias das praias do mar. E, no entanto, um dia, inexplicavelmente, mandou que ele sacrificasse seu filho Isaac, no alto do Monte Moriá. E Abraão não duvidou em acolher a ordem de Deus. “Acreditou contra toda a esperança”, diz a carta aos romanos (Rm 4,18). Deus lhe deteve o braço na hora de consumar a imolação de seu herdeiro, e ele se tornou o pai de gerações sem conta.O segredo de nossa felicidade está em jamais duvidar da sabedoria e da bondade de Deus. Ainda que às vezes os caminhos se nos apresentem muito obscuros. Temos sempre que repetir aquela palavra que a sabedoria popular repete a cada momento: Deus sabe o que faz. Essa foi a atitude da mulher cananéia, diante da palavra aparentemente negativa de Jesus. Ela também acreditou contra toda a esperança. E assim devemos crer também.“Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.” (Mateus 15, 21-28)Mateus 15,21-28: O encontro de Jesus com a mulher siro-fenícia

A situação retratada no texto de Mt 15,21-28 parece ser uma realidade de conflito nas comunidades daquele tempo, provocada por atitudes discriminatórias de judeus para com estrangeiros e para com mulheres. O relato fala do encontro de Jesus com uma mulher estrangeira.Naquela época, os estrangeiros significavam algo detestável no pensamento dominante em Israel. Apesar de as tradições ancestrais mostrarem a necessidade de oferecer proteção aos estrangeiros, o judaísmo hegemônico no pós-exílio os considerava impuros, bem como uma ameaça por serem desconhecedores da lei e perturbadores da tranquilidade de Israel. Reprovava seus costumes, suas tradições e seus ritos. Em Mt 15,21-28, Jesus rompe fronteiras e se aproxima do território de Tiro. A situação era muito tensa, pois Jesus se encontra junto a terras estranhas e, ali, o seu primeiro encontro é com uma cananéia, considerada duplamente impura por ser mulher e por ser estrangeira.O texto põe em evidência duas posições discordantes nas comunidades cristãs daqueles anos. Uma delas provém do mundo judeu e olha para as mulheres e os estrangeiros com atitude suspeita. A outra conduta é de quem procedia do mundo greco-romano e que tem uma visão mais aberta, com influência de mulheres e de estrangeiros, sendo-lhes mais favorável.
É interessante que, na narrativa, Jesus aparece como homem judeu, representante do discurso e da mentalidade dominante de seu povo, dirigindo-se à terra da mulher siro-fenícia, terra de impuros para o pensamento preponderante no judaísmo. Segundo Mc 7,24, Jesus quer ocultar-se, manter-se fora do alcance das pessoas daquele lugar, talvez para manter sua pureza ritual. Mas, ele não consegue permanecer oculto, pois logo vem ao seu encontro uma mulher estrangeira, duplamente condenada pela mentalidade que ele representa.
A primeira atitude de Jesus é a conduta e a mentalidade excludente de judeus que não atendem e não se sensibilizam diante da necessidade de uma mãe com sua filha doente. O interesse de manter a pureza ritual impedia que ele se sensibilizasse e se solidarizasse com a mulher cananéia. Jesus silencia, não diz uma palavra sequer à mulher, apesar dos seus gritos de aflição. Diante de seu silêncio, os discípulos propõem uma saída ainda mais drástica, sugerindo a expulsão dela. Por fim, as palavras de Jesus representam o mesmo discurso que seguramente brotava da boca do setor judeu daquela comunidade: “Não fui enviado a não ser para as ovelhas perdidas de Israel. Não é conveniente tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorros.” (vv. 24.26). Para muitos judeus, estrangeiros/as não eram outra coisa que “cães” ou “porcos” (cf. Mt 7,6), provocadores de grandes calamidades para os filhos de Israel.Chama a atenção a resposta da mulher siro-fenícia. Ela podia responder com diversas argumentações ou ficar simplesmente calada como sinal de reprovação diante da discriminação que sofre. Contudo, ela utiliza os mesmos termos de Jesus para fazê-lo repensar sua posição discriminatória: “É verdade, Senhor, mas também os cachorros comem das migalhas que caem da mesa de seus donos!” (v. 27). Pela boca da siro-fenícia falam as mulheres e os representantes gentios marginalizados naquelas comunidades cristãs. A ação da mulher é um símbolo do esforço dos cristãos de origem gentílica para expulsar o “demônio da exclusão” ainda reinante naquela ocasião. Através do personagem da mulher estrangeira, os gentios reclamam aceitação na nova comunidade de fé.
E a mudança de Jesus, ao passar a escutar os gritos de aflição da mulher estrangeira, tal como o Deus do êxodo (Ex 3,7-8), representa a nova atitude que as comunidades são chamadas a assumir. Quando Jesus se deixa interpelar pela excluída siro-fenícia e se abre para o diálogo com ela, sensibiliza-se com sua realidade e reconhece que o “pão” é direito de todos os filhos e filhas para além de Israel. Paradoxalmente, a enfermidade da filha da mulher estrangeira, considerada um mal e uma impureza na mentalidade predominante do judaísmo, torna-se um fator que humaniza e rompe com os opostos. Torna-se um símbolo de recuperação e de cura comunitária.
Esse relato do Evangelho representava um convite à comunidade cristã para assumir uma atitude nova de reciprocidade e receptividade para além do povo judeu. A luta por uma experiência social e religiosa de integração e respeito parece ser um dos objetivos desse texto. Da mesma forma, o Evangelho nos convida hoje a uma atitude nova de diálogo, de abertura e de fraternidade humana.

Jesus e a Mulher Cananéia

“Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.” (Mateus 15, 21-28)

É muito difícil ouvir um não, torna-se ainda mais dolorido ouvir um não, quando você tem absoluta certeza de que seu pedido é justo. Nesta história do evangelho, a mulher Cananéia ouviu um não; e o que é pior, um não carregado de argumentos.Mais duro que ouvir um “não” é ser ignorada, e isto também aconteceu com ela. Nas lutas das mulheres por conquistas no mundo do trabalho e na busca de direitos iguais na sociedade, temos percebido o quanto a palavra não é repetida e de quantas maneiras as mulheres recebem este não. Existem maneiras de reagir a um não: você pode se resignar e aceitar a resposta negativa, ou lutar por aquilo que você acredita e gritar. Eis o que a mulher Cananéia fez. Eis o seu exemplo e a sua história. A postura submissa desta mulher, o seu jeito de aproximar-se de Jesus, é somente uma parte de sua identidade. A sua petição e a sua insistência desafiam a identidade e missão de Jesus e confronta a ideologia imperialista de Israel. Ela exige que Jesus torne disponível para ela o que está disponível para Israel. Sua petição não é para ela, mas para Jesus libertar sua filha das forças que a oprimem.Jesus não responde com ajuda instantânea, mas com silêncio. Não é dado nenhum motivo, entretanto, os fatores étnicos, culturais, religiosos, econômicos e políticos, como também seu gênero, sugerem numerosas razões para Jesus ignorá-la. Num segundo momento Jesus afirma: “Não é bom tirar o pão dos filhos e dá-los aos cachorrinhos”.

Mesmo depois de ter recebido uma resposta negativa, sem amedrontar-se, a mulher se ajoelha diante de Jesus e clama por socorro. Junto com a sua submissão ela pede novamente e continua, audaciosamente, desafiando uma ideologia de favoritismo. Ela reclama o seu lugar nos propósitos de Deus.Aqui se concentra a força desta história: a mulher não é intimidada pela resposta de Jesus. Ao invés, ela, com astúcia e corajosamente reformula a resposta de Jesus: “Também os cachorrinhos comem das migalhas que caem das mesas dos seus donos”. A resposta dela se move além das barreiras da divisão étnica, cultural, religiosas, de gênero e política, para as possibilidades que permanecem firmes às promessas de Deus de abençoar todas as nações da terra.A resposta engenhosa da mulher abre possibilidades para sua filha e para Jesus. Ele responde positivamente e realiza o pedido daquela mulher. Esta história nos dá uma grande lição, assim como deu uma grande lição a Jesus e seus discípulos. Não podemos nos enclausurar dentro de nossos conceitos e preconceitos, sem perceber a realidade ao nosso redor. É preciso parar e ouvir o que as mulheres, as mães, as pessoas, estão pedindo; mesmo que pareça incoerente, mesmo que incomode, mesmo que seja preciso mudar as regras…O Dia Internacional da Mulher é um dia especial de lembrar a luta de tantas mulheres que, ao ouvirem um não, persistiram e lutaram para conquistar o que queriam.

Pe. Lucas – Não faltou pão para ninguém – Mateus 14, 13-21

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

XVIII QUARTA-FEIRA DO TEMPO COMUM

NÃO FALTOU PÃO PARA NINGUÉM1) Oração

Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os vosso filhos que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação, e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho (Mateus 14, 13-21)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus – 13A essa notícia, Jesus partiu dali numa barca para se retirar a um lugar deserto, mas o povo soube e a multidão das cidades o seguiu a pé. 14Quando desembarcou, vendo Jesus essa numerosa multidão, moveu-se de compaixão para ela e curou seus doentes. 15Caía a tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar víveres na aldeia.16Jesus, porém, respondeu: Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer. 17Mas, disseram eles, nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes. 18Trazei-mos, disse-lhes ele. 19Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo. 20Todos comeram e ficaram fartos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios. 21Ora, os convivas foram aproximadamente cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças. – Palavra da salvação.3) Reflexão: E NÃO FALTOU PÃO PARA NINGUÉM

Como no deserto Deus não deixou faltar comida para o povo israelita e Ihes mandou prodigiosamente o maná e as codornizes, assim saciou de pães e de peixes a multidão que o seguira nas imediações do lago de Tiberíades.Como também não deixará faltar até ao fim do mundo o Pão da Eucaristia para os que nele crerem. E um prazer ir descobrindo na leitura das Sagradas Escrituras como esses acontecimentos que se desenrolam no tempo estão ligados nos planos da eternidade.E não estranhamos ao descobrir ressonâncias da liturgia eucarística na narração do milagre da multiplicação dos pães. Sobretudo na redação de São Marcos: “Tomando os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães e deu-os aos discípulos para que lhos distribuíssem”. (Mc 6, 41 ).E os pães e os peixes foram sendo distribuídos fartamente, como água que fosse jorrando de uma fonte sem parar. Não foi preciso comprar duzentos denários de pão, como surgira na preocupação de Felipe. Entrou a gratuidade de Deus e sua infinita liberalidade, operando pelas mãos de Jesus.E todos se fartaram. E sobraram ainda doze cestos. Era o número dos apóstolos e era o símbolo da universalidade dos bens de Deus. Até ao fim do mundo não irá faltar o pão para o corpo, nem o pão para o espír1to: a palavra de Deus e a eucaristia, que aquela multiplicação de pães prefigurava.Como os Santos Padres já observavam, o milagre que Jesus faz é um pequeno milagre instantâneo, se comparado com o milagre continuado pelo qual Deus faz crescer as searas em toda a superfície da terra, ao longo dos anos e dos séculos, para que chegue o pão às mãos de todos os homens.O gesto de Jesus é lição para a Igreja, é lição para os cristãos. Não que devamos repetir o milagre. Ainda que mesmo isso Deus tenha concedido a alguns de seus servos, como Eliseu no Antigo Testamento (cfr 2Rs 4, 42-44).O que temos que aprender é cultivar o ritmo do trabalho honesto pelo qual a terra produzirá. Com fartura, e os bens da terra serão distribuídos. Com justiça, de modo que nem falte o pão a quem tem fome, nem sobre para quem não tem fome.Penso que essa mensagem está implícita nesta página do Evangelho. Não é apenas um convite a adorar o poder taumatúrgico de Jesus e sua misericórdia que se compadeceu daquela gente humilde. Nem é só a lição de que a Providência de Deus premia os que Vão em busca da Palavra de Deus.Eles sabem que não só de pão vive o homem; mas Deus sabe que os homens precisam também de pão; e têm o direito de rezar não só para que o nome de Deus seja santificado, para que seu reino venha e sua vontade seja feita na terra e no céu; mas têm também o direito de pedir o pão de cada dia. Jesus os ensinou tudo isso, quando ensinou seus discípulos a rezar.A lição evangélica aponta, porém, certamente para nossa responsabilidade em face da distribuição dos bens da terra. Deus criou o homem e o pôs na terra para que a governasse. Não para que a subjugasse despoticamente. Destinou a terra para todos, e não é justo que apenas um pequeno grupo se aposse dela, fazendo faltar terra para os que precisam e podem trabalhar.“Sejam quais forem as formas de propriedade, adaptadas às legítimas instituições dos povos, segundo circunstâncias diversas e mutáveis, deve-se atender sempre a esta destinação universal dos bens” (G S 69/430). Isso é 0 que ensinou o Concílio Vaticano lI.Como ensinou o dever de uma justa distribuição das terras, o dever da honestidade nos negócios, a harmonia entre o capital e o trabalho, a dignidade do homem, que jamais deve ser sacrificada aos valores econômicos.Se a luz do Evangelho iluminar o caminho dos homens, a terra será sempre a grande mãe fecunda de bens para todos os seus filhos. Não haverá desperdício nem miséria. E, onde houver necessitados, não faltará quem os socorra. E aquela multidão alimentada pelo pão do milagre de Jesus estará presente e multiplicada em toda a terra, alimentada pelo milagre do trabalho honesto, da justiça respeitada, da caridade solícita e da fé em Deus sempre presente.

Depois Final
Acompanhai, ó Deus, com proteção constante os que renovastes com o pão do céu e, como não cessais de alimentá-los, tornai-os dignos da salvação eterna. Por Cristo, nosso Senhor.

LEITURAS DO XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A:

1a) Is 55,1-3

2a) Rom 8,35.37-39

3a) Mt 14,13-21