Lc 7,1-10- A figura do centurião abre o caminho para todos aqueles que querem aderir à fé de Israel e depois encontrar e conhecer o rosto do Pai em Jesus
Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo –

 

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O Amanhecer do Evangelho-

Reflexões, ilustrações e Vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

Segunda-feira da 24ª Semana do Tempo Comum

1) Oração

Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Lc 7,1-10)

1Quando terminou de falar estas palavras ao povo que o escutava, Jesus entrou em Cafarnaum. 2Havia um centurião que tinha um servo a quem estimava muito. Estava doente, à beira da morte. 3Tendo ouvido falar de Jesus, o centurião mandou alguns anciãos dos judeus pedir-lhe que viesse curar o seu servo. 4Quando eles chegaram a Jesus, recomendaram com insistência: “Ele merece este favor, 5porque ama o nosso povo. Ele até construiu uma sinagoga para nós”. 6Jesus foi com eles. Quando já estava perto da casa, o centurião mandou alguns amigos dizer-lhe: “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. 7Por isso, nem fui pessoalmente ao teu encontro. Mas dize uma palavra, e meu servo ficará curado. 8Pois eu, mesmo na posição de subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens, e se ordeno a um: ‘Vai!’, ele vai; e a outro: ‘Vem!’, ele vem; e se digo a meu escravo: ‘Faze isto!’, ele faz”. 9Ao ouvir isso, Jesus ficou admirado. Voltou-se para a multidão que o seguia e disse: “Eu vos digo que nem mesmo em Israel encontrei uma fé tão grande”. 10Aqueles que tinham sido enviados voltaram para a casa do centurião e encontraram o servo em perfeita saúde.

3) Reflexão

* O capítulo 7 do Evangelho de Lucas nos ajuda a acolher o chamado aos gentios para aderir à fé no Senhor Jesus. A figura do centurião abre o caminho para todos aqueles que querem aderir à fé de Israel e depois encontrar e conhecer o rosto do Pai em Jesus. Na meditação deste Evangelho, também é feita a proposta de nos abrirmos à fé ou fazer forte a nossa confiança na Palavra do Senhor. Tentemos, então, seguir, com o coração, os passos deste centurião romano, pois nele estamos presentes também nós.

* Talvez um primeiro aspecto, que emerge da leitura do trecho, é a situação de sofrimento em que se encontra o centurião. Tento ouvir mais atentamente todas as palavras que iluminam esta realidade. Cafarnaum, cidade de fronteira, fora de mão, à margem, cidade onde a bênção de Deus parece difícil de chegar. A doença grave; a morte iminente de um ente querido.

* Mas vejo imediatamente que o Senhor entra nesta situação, para compartilhá-la, para vivê-la com sua presença amorosa. Sublinho todos os verbos que confirmam esta verdade: “pedindo-lhe para ir“, “foi com eles”, “não era muito distante.” É maravilhoso ver este movimento de Jesus, que vai para aquele que o chama, que o busca e lhe pede salvação. Assim Ele faz com cada um de nós.

* Mas, para mim, é muito útil entrar em contato com a figura do centurião, que aqui é um pouco como o meu mestre, meu guia no caminho da fé. “Tendo ouvido falar de Jesus.” Ele recebeu o anúncio, ouviu a boa notícia e a guardou em seu coração, se não a deixou fugir, não fechou os ouvidos e a vida. Lembrou-se de Jesus e agora o busca.

Mandou.” Por duas vezes ele executa essa ação, primeiro para enviar a Jesus os anciãos do povo, pessoas importantes, depois para enviar alguns de seus amigos. Lucas usa dois verbos diferentes e isso ajuda-me ainda mais para perceber que algo aconteceu neste homem, havia uma mudança: ele foi gradualmente se abrindo para o encontro com Jesus. Mandar os amigos é um pouco como enviar a si mesmo. “Para pedir-lhe para vir e salvar.” Dois belíssimos verbos que expressam a intensidade de seu pedido a Jesus. Quer que Jesus venha, que se aproxime, que entre em sua pobre vida, que venha visitar a sua dor. É uma declaração de amor, de grande fé, porque é como se lhe dissesse: “Eu sem você não posso mais viver. Venha!” Ele não pede uma salvação qualquer, a cura superficial, como nos faz entender o verbo que Lucas escolhe. Na verdade, aqui se fala de uma salvação transversal, capaz de atravessar toda a vida, toda a pessoa e capaz de levar a pessoa  mais, mais além de qualquer obstáculo, dificuldade ou prova, além de até mesmo a morte.

* “Não sou digno“. Duas vezes Lucas coloca nos lábios do centurião estas palavras, que ajudam a compreender a grande mudança acontecida dentro dele. Ele se sente indigno, incapaz, insuficiente, como eles expressam os dois termos gregos aqui utilizados. Talvez a primeira conquista na caminhada de fé com Jesus é esta: a descoberta de nossa grande necessidade dEle, da sua presença e consciência cada vez mais certa que sozinhos não podemos fazer nada, porque somos pobres, somos pecadores. Mas justamente por isso somos amados de modo infinito!

* “Dize uma palavra.” Aqui está o grande salto, o grande passo para a fé. O centurião agora acredita de uma maneira clara, serena, confiante. Enquanto Jesus caminhava em direção a ele, ele também estava fazendo seu caminho interior, estava mudando, estava se tornando um novo homem. Antes aceitou a pessoa de Jesus e depois a sua palavra. Para ele é o Senhor e, como tal, a sua palavra é eficaz, verdadeira, poderosa, capaz de operar o que ele diz. Todas as dúvidas desabam; só resta é a fé e a confiança certa na salvação em Jesus.

4) Para um confronto pessoal

1) Faço minha a oração do centurião dirigida a Jesus para vir e salvá-lo? Eu estou pronto para expressar ao Senhor que tenho necessidade dEle?

2) E se eu abro o meu coração à oração, à invocação, se convido o Senhor para vir, qual é a atitude profunda do meu coração? Há também em mim, como no centurião, a consciência de ser indigno/a?

5) Oração final

Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sl 30,20)

Mateus 8, 5-11- Lc 7,1-10- Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo –

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O Amanhecer do Evangelho-

Reflexões, ilustrações e Vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

O evangelho de hoje dá seqüência à descrição das atividades de Jesus para mostrar como ele praticava a Lei de Deus, proclamada no Monte das Bem-aventuranças. Após a cura do leproso do evangelho de ontem (Mt 8,1-4), segue agora a descrição de várias outras curas:

* Mateus 8,5-7: O pedido do centurião e a resposta de Jesus
Ao analisar os textos do evangelho, sempre é bom prestar atenção nos pequenos detalhes. O centurião é um pagão, um estrangeiro. Ele não pede nada, mas apenas informa a Jesus que seu empregado está doente e que sofre horrivelmente. Atrás desta atitude do povo frente à Jesus está a convicção de que não era necessário pedir as coisas a Jesus. Bastava comunicar-lhe o problema. Ele, Jesus, faria o resto. Atitude de ilimitada confiança! De fato, a reação de Jesus é imediata: “Vou com você para curar o seu empregado!”.

* Mateus 8,8: A reação do centurião
O centurião não esperava um gesto tão imediata e tão generoso. Não esperava que Jesus fosse até à casa dele. E a partir dá sua experiência como capitão tira um exemplo para expressar a fé e a confiança que tinha em Jesus. Ele disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e meu empregado ficará curado. Pois eu também obedeço a ordens e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: vá, e ele vai; e a outro: venha, e ele vem; e digo ao meu empregado: faça isso, e ele faz”. Esta reação de um estrangeiro diante de Jesus revela como era a opinião do povo a respeito de Jesus. Jesus era alguém no qual eles podiam confiar e que não rejeitaria quem a ele recorresse ou quem a ele revelasse seus problemas. Esta é a imagem de Jesus que o evangelho de Mateus até hoje comunica a nós, seus leitores e leitoras do século XXI

* Mateus 8,10-13: O comentário de Jesus
O oficial ficou admirado com a reação de Jesus. Jesus ficou admirado com a reação do oficial: “Eu garanto a vocês: nunca encontrei uma fé igual a essa em ninguém de Israel!” E Jesus previu o que já estava acontecendo na época em que Mateus escrevia o seu evangelho: “Eu digo a vocês: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó. Enquanto os herdeiros do Reino serão jogados nas trevas exteriores onde haverá choro e ranger de dentes.” A mensagem de Jesus, a nova Lei de Deus proclamada no alto da Montanha das Bem-aventuranças, é uma resposta aos desejos mais profundos do coração humano. Os pagãos sinceros e honestos como o centurião e tantos outros que virão do Oriente ou do Ocidente, percebem em Jesus a resposta aos seus anseios e a acolhem. A mensagem de Jesus não é, em primeiro lugar, uma doutrina ou uma moral, nem um rito ou um conjunto de normas, mas uma experiência profunda de Deus que responde ao que o coração humano deseja. Se hoje muitos se afastam da igreja ou procuram outras religiões, a culpa nem sempre é deles, mas pode ser de nós que não sabemos viver nem irradiar a mensagem de Jesus.

* Mateus 8,14-15: A cura da sogra de Pedro Jesus entrou na casa de Pedro e curou a sogra dele. Ela estava doente. Na segunda metade do primeiro século, quando Mateus escreve, a expressão “Casa de Pedro” evocava a Igreja, construída sobre a rocha que era Pedro. Jesus entra nesta casa e cura a sogra de Pedro: “Jesus tocou a mão dela, e a febre a deixou. Ela se levantou, e começou a servi-los”. O verbo usado em grego é diakonew, servir. Uma mulher se torna diaconisa na Casa de Pedro. Era o que estava acontecendo nas comunidades daquele tempo. Na carta aos Romanos, Paulo menciona a diaconisa Febe da comunidade de Cencréia (Rm 16,1). Temos muito a aprender dos primeiros cristãos

* Mateus 8,16-17: A realização da profecia de Isaías Mateus diz que “chegando a noite”, levaram a Jesus muitas pessoas que estavam possuídas pelo demônio. Por que só à noite? É que no evangelho de Marcos, de onde Mateus tirou sua informação, tratava-se de um dia de sábado (Mc 1,21), e o sábado terminava no momento em que aparecia a primeira estrela no céu. Aí, o povo podia sair de casa, carregar peso e levar os doentes até Jesus.
E “Jesus, com a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os doentes! Usando um texto de Isaías, Mateus ilumina o significado deste gesto de Jesus: “Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: “Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças.” Deste modo, Mateus ensina que Jesus era o Messias-Servo, anunciado por Isaías (Is 53,4; cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Mateus fazia o que fazem hoje as nossas comunidades: usa a Bíblia para iluminar e interpretar os acontecimentos e descobrir neles a presença da palavra criadora de Deus.

4) Para um confronto pessoal

1) Compara a imagem que você tem de Jesus com a do centurião e do povo que andava atrás de Jesus.

2) A Boa Nova de Jesus não é, em primeiro lugar, uma doutrina ou uma moral, nem um rito ou um conjunto de normas, mas uma experiência profunda de Deus que responde ao que o coração humano deseja. Como a Boa Nova de Jesus repercute em você, na sua vida e no seu coração?

5) Oração final

Celebrai comigo o SENHOR, exaltemos juntos o seu nome. Busquei o SENHOR e ele respondeu-me e de todo temor me livrou. (Sal 33, 4-5)

EVANGELHO E HOMILIA DO DIA

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

Segunda-feira da 1ª Semana do Advento

CURTA O VIDEO: SENHOR EU NÃO SOU DIGNO:

https://www.youtube.com/watch?v=3_9DumJorwc

1) Oração

Senhor nosso Deus, dai-nos esperar solícitos a vinda do Cristo, vosso Filho. Que ele, ao chegar, nos encontre vigilantes na oração e proclamando o seu louvor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 8, 5-11)

Naquele tempo, Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica: Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito. Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei. Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado. Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz… Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, – Palavra da salvação.

3) Reflexão

O Evangelho de hoje é um espelho. Ele evoca em nós as palavras que dizemos durante a Missa na hora da comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo”. Olhando no espelho deste texto, ele sugere o seguinte:

* A pessoa que procura Jesus é um pagão soldado do exército romano que dominava e explorava o povo. Não é a religião nem o desejo de Deus, mas sim a necessidade e o sofrimento que o levam a procurar Jesus. Jesus não tem preconceito. Não faz exigência prévia, mas acolhe e atende ao pedido do oficial romano.

* A resposta de Jesus surpreende o centurião, pois ela ultrapassa a expectativa. O centurião não esperava que Jesus fosse até à casa dele. Ele se sente indigno: “Não sou digno!” Sinal de que considerava Jesus como uma pessoa muito superior.

* O centurião expressa sua fé em Jesus dizendo: “Diga só uma palavra e o meu empregado estará curado”. Ele crê que a palavra de Jesus possa fazer a cura. De onde ele tirou esta fé tão grande? Da sua experiência profissional como centurião! Pois quando um centurião dá suas ordens, o soldado obedece. Deve obedecer! Assim ele imagina Jesus: basta Jesus dizer uma palavra, e as coisas acontecem conforme a palavra. Ele crê que a palavra de Jesus tem força criadora.

* Jesus ficou admirado e elogiou a fé do centurião. A fé não consiste em aceitar, repetir e decorar uma doutrina, mas sim em crer e confiar na pessoa de Jesus.

4) Para um confronto pessoal

  1. Colocando-me na posição de Jesus: como atendo e acolho as pessoas de outra religião?
  2. Colocando-me na posição do centurião: qual a experiência pessoal que me leva a crer em Jesus?

5) Oração final

Lembra-te de mim, Senhor, pelo amor do teu povo, visita-me com teu auxílio salvador; para eu sentir a felicidade dos teus eleitos, e me alegrar com a alegria do teu povo e me gloriar com tua herança. (Sal 105, 4-5)

IX Domingo do Tempo Comum -ANO C SENHOR, EU NÃO SOU DIGNO DE QUE ENTREIS EM MINHA MORADA, MAS DIZEI UMA SÓ PALAVRA E SEREI SALVO –

É muito simpática a figura do centurião, cujo servo Jesus curou em Cafarnaum, conforme nos relata São Lucas no evangelho que estamos lendo na missa dominical (Lc 7, 1-10). Aliás, o mesmo se lê no lugar paralelo de São Mateus (Mt 8, 5-13). O centurião não pertencia ao povo judeu, mas foi procurar Jesus, atraído pela fama do poder divino do Mestre. No seu coração havia o respeito pelas coisas de Deus, embora não tivesse delas conhecimento tão nítido. Respeitava a religião do povo dentro do qual se encontrava. Mais ainda: construíra para eles uma sinagoga. A bondade do seu coração se evidenciava também pelo interesse com a saúde de seu servo. Impressionante sua confiança no poder de Jesus, que, segundo a comparação que usou, podia dar ordens à saúde, à doença, como ele dava ordens a seus soldados e aos seus criados. E então, sua grande fé, que despertou a admiração de Jesus: “Eu vos digo que nem mesmo em Israel encontrei uma fé tão grande (Lc 7, 9). E sua humildade: “Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa… Dize apenas uma palavra e meu criado será salvo” (v 7). É um dos quadros mais tocantes do Evangelho. Encanta e edifica. Pelo fato de o milagre ter sido feito em favor de um estrangeiro, a liturgia nos faz ler como primeira leitura um belo trecho da oração de Salomão que está no primeiro livro dos Reis: “Se o estrangeiro, que não pertence a Israel vosso povo, vier de uma terra distante por causa do vosso nome – porque se ouvirá falar do vosso grande nome, da vossa mão poderosa e de vosso braço estendido -, se ele vier rezar neste templo, ouvi-o do céu, lugar onde estais. E atendei a todos os pedidos desse estrangeiro, a fim de que todos os povos da terra reconheçam e tenham respeito pelo vosso nome” (1 Rs 8, 41-43). É o templo de Jerusalém contemplado aqui num sentido de centralidade cósmica. Não mais apenas como um santuário nacional, mas aberto para todos os povos da terra, pois Deus quer ouvir e salvar a todos. É como que um prelúdio dos tempos messiânicos, a respeito dos quais tanto o profeta Isaías como o profeta Miquéias falam da “montanha da casa de Javé”, que se torna a mais alta de todas as montanhas e para a qual acorrem todos os povos, para serem instruídos e para ouvirem a palavra de Deus (ls2, 1 ss; Mq4, 1 ss). Não se trata mais aqui de nenhum templo material, mas do templo vivo que é a própria Igreja, construída sobre o alicerce dos apóstolos e dos profetas e do qual Jesus Cristo é a pedra angular. Nela ninguém é estrangeiro ou forasteiro. Todos os fiéis pertencem à família de Deus e não concidadãos dos santos (cfr. Ef, 2, 19-22). E veja-se a elegância dos caminhos de Deus. Aquele centurião cheio de fé e de humildade, que se aproximou de Jesus em Cafarnaum para pedir a cura de seu servo, é lembrado todos os dias pela Igreja em toda a face da terra. Onde quer que se celebre a Santa Missa, na hora da comunhão, os fiéis que se aproximam do altar para comungar repetem com muito amor as palavras de humildade e de fé que aquele homem pronunciou: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo” (Rito da Comunhão). Dar-se-ia que o perfume de bondade que naquele dia se irradiou de seu coração continua a recender na Igreja inteira. Para aprendermos sua lição de fé. Sua lição de humildade. Sua lição de plena confiança em Jesus, o Salvador. O Salvador de todos. Pois “virão muitos do Oriente e do Ocidente e se assentarão à mesa do Reino dos Céus” (Mt 8, 11 ).

LEITURAS do IX Domingo do Tempo Comum – Ano C:
1a) 1Rs 8, 41-43
2a) G11, 1-2.6-10
3a) Lc 7, 1-10

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE

PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CMSegunda-feira da 1ª Semana do Advento

“Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada “

1) Oração

Senhor nosso Deus, dai-nos esperar solícitos a vinda do Cristo, vosso Filho. Que ele, ao chegar, nos encontre vigilantes na oração e proclamando o seu louvor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.2) Leitura do Evangelho (Mateus 8, 5-11)

Naquele tempo, 5Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica: 6Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito. 7Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei. 8Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado. 9Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz…10Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. 11Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, – Palavra da salvação.3) Reflexão

O Evangelho de hoje é um espelho. Ele evoca em nós as palavras que dizemos durante a Missa na hora da comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo”. Olhando no espelho deste texto, ele sugere o seguinte:* A pessoa que procura Jesus é um pagão soldado do exército romano que dominava e explorava o povo. Não é a religião nem o desejo de Deus, mas sim a necessidade e o sofrimento que o levam a procurar Jesus. Jesus não tem preconceito. Não faz exigência prévia, mas acolhe e atende ao pedido do oficial romano.* A resposta de Jesus surpreende o centurião, pois ela ultrapassa a expectativa. O centurião não esperava que Jesus fosse até à casa dele. Ele se sente indigno: “Não sou digno!” Sinal de que considerava Jesus como uma pessoa muito superior.* O centurião expressa sua fé em Jesus dizendo: “Diga só uma palavra e o meu empregado estará curado”. Ele crê que a palavra de Jesus possa fazer a cura. De onde ele tirou esta fé tão grande? Da sua experiência profissional como centurião! Pois quando um centurião dá suas ordens, o soldado obedece. Deve obedecer! Assim ele imagina Jesus: basta Jesus dizer uma palavra, e as coisas acontecem conforme a palavra. Ele crê que a palavra de Jesus tem força criadora.* Jesus ficou admirado e elogiou a fé do centurião. A fé não consiste em aceitar, repetir e decorar uma doutrina, mas sim em crer e confiar na pessoa de Jesus.4) Para um confronto pessoal

  1. Colocando-me na posição de Jesus: como atendo e acolho as pessoas de outra religião?
  2. Colocando-me na posição do centurião: qual a experiência pessoal que me leva a crer em Jesus?

5) Oração final

Lembra-te de mim, Senhor, pelo amor do teu povo, visita-me com teu auxílio salvador; para eu sentir a felicidade dos teus eleitos, e me alegrar com a alegria do teu povo e me gloriar com tua herança. (Sl 105, 4-5)