Domingo da 3ª Semana do Tempo Comum

O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo

1) Oração

Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho  (Marcos 1, 14-20)

14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galiléia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos, e crede no Evangelho!” 16E, passando à beira do mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Jesus lhes disse: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”. 18E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.3) Reflexão

*  Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galiléia proclamando a Boa Nova de Deus. João foi preso pelo rei Herodes por ter denunciado o comportamento imoral do rei (Lc 3,18-20). A prisão de João Batista não assustou a Jesus! Pelo contrário! Ele viu nela um sinal da chegada do Reino. E hoje, será que sabemos ler os fatos da política e da violência urbana para anunciar a Boa Nova de Deus?*  Jesus proclamava a Boa Nova de Deus. A Boa Nova é de Deus não só porque ela vem de Deus, mas também e sobretudo porque Deus é o seu conteúdo. Deus, Ele mesmo, é a maior Boa Notícia para a vida humana. Ele responde à aspiração mais profunda do nosso coração. Em Jesus aparece o que acontece quando um ser humano deixar Deus entrar e reinar. Esta Boa Notícia do Reino de Deus anunciada por Jesus tem quatro aspectos:1. Esgotou-se o prazo!  Para os outros judeus o prazo ainda não tinha se esgotado. Faltava muito para o Reino poder chegar. Para os fariseus, por exemplo, o Reino só poderia chegar quando a observância da Lei fosse perfeita. Jesus tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já se esgotou.2. O Reino de Deus chegou!  Para os fariseus a chegada do Reino dependia do esforço deles. Só chegaria, depois que eles tivessem observado toda a lei. Jesus diz o contrário: “O Reino chegou!” Já estava aí! Independente do esforço feito! Quando Jesus diz “O Reino chegou!”, ele não quer dizer que o Reino estava chegando só naquele momento, mas sim que já estava aí. Aquilo que todos esperavam, já estava presente na vida deles, e eles não o sabiam, nem o percebiam (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que Jesus vai revelar aos pobres da sua terra. É esta a semente do Reino que vai receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.3. Convertei-vos!  O sentido exato é mudar o modo de pensar e de viver. Para poder perceber a presença do Reino na vida, a pessoa terá que começar a pensar e viver de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar outra forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo do ensino dos fariseus e permitir que a nova experiência de Deus invada sua vida e lhe dê olhos novos para ler e entender os fatos.4. Acreditem nesta Boa Notícia!  Não era fácil aceitar esta mensagem. Não é fácil você começar a pensar diferentemente de tudo que aprendeu, desde pequeno. Isto só é possível através de um ato de fé. Quando alguém vem trazer uma notícia diferente, difícil de ser aceita, você só a aceitará se a pessoa que traz a notícia for de confiança. Aí, você dirá aos outros: “Pode aceitar! Eu conheço a pessoa! Ela não engana. É de confiança!”. Jesus é de confiança!*  O primeiro objetivo do anúncio da Boa Nova é formar comunidade. Jesus passa, olha e chama. Os primeiros quatro chamados, Simão, André, João e Tiago, escutam, largam tudo e seguem a Jesus para formar comunidade com ele. Parece amor à primeira vista! Conforme a narração de Marcos, tudo aconteceu logo no primeiro encontro com Jesus. Comparando com os outros evangelhos, a gente percebe que os quatro já conheciam a Jesus (Jo 1,39; Lc 5,1-11). Já tiveram a oportunidade de conviver com ele, de vê-lo ajudar o povo e de escutá-lo na sinagoga. Sabiam como ele vivia e o que pensava. O chamado não foi coisa de um só momento, mas sim de repetidos chamados e convites, de avanços e recuos. O chamado começa e recomeça sempre de novo! Na prática, coincide com a convivência dos três anos com Jesus, desde o batismo até o momento em que Jesus foi levado ao céu (At 1,21-22). Então, por que Marcos o apresenta como um fato repentino de amor à primeira vista? Marcos pensa no ideal: o encontro com Jesus deve provocar uma mudança radical na nossa vida!4) Para um confronto pessoal

1) Um fato político, a prisão de João, levou Jesus a iniciar o anúncio da Boa Nova de Deus. Hoje, os fatos da política e da polícia influem no anúncio que fazemos da Boa Nova ao povo?

2) “Convertei-vos! Acreditem nesta Boa Notícia!” Como isto está acontecendo na minha vida?5) Oração final

Tu, Senhor, és o Altíssimo sobre toda a terra, tu és excelso acima de todos os deuses. (Sal 96, 9)

O TEMPO SE COMPLETOU – III DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO B

Traz um sopro de esperança esta palavra que Jesus proclama no início de sua vida pública, junto ao mar de Tiberíades: “Completou-se o tempo e está próximo o Reino de Deus. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15). O tempo que se completou não é o prazo fatal para se cumprir uma ameaça, como os quarenta dias de prazo que Jonas deu para Nínive converter-se ou ser destruída (cfr Jn 3, 1-5). É a hora de Deus marcada para a salvação. É o tempo messiânico que São Paulo chama de “plenitude do tempo” (GJ 4, 4). Só podemos ficar felizes. E o “evangelho” no qual Jesus nos manda crer significa exatamente “boa notícia”: o Reino de Deus está próximo. Vamos começar a construí-Io. Para isso, os pescadores do Lago, chamados por Jesus se dispuseram a deixar seus barcos e suas redes e a assumir a nova tarefa que o Mestre Ihes ia confiar. Deixaram de ser pescadores de peixes, para se tornarem pescadores de homens, lançando a grande rede da palavra de Deus no mar da História para conquistar os homens para o Reino.Para construir esse reino é necessário deixar os caminhos do mal e aderir aos caminhos do bem. É necessário “converter-se”, A grande palavra sempre presente na pregação da Igreja. De modo especial na porta da Quaresma, quando ela impõe sobre nossas cabeças as cinzas – símbolo da penitência -e nos diz: “Convertei- vos e crede no Evangelho”.Para os que tomam consciência mais profunda do ensinamento do Evangelho, converter-se não é simplesmente deixar de fazer coisas erradas: deixar a mentira, a injustiça, a soberba, o egoísmo, a devassidão. E tudo isso e muito mais ainda. É aderir profundamente a Cristo. É despojar-se do “velho homem”, como se lê com freqüência em São Paulo – e revestir-se do homem novo, que é Jesus Cristo. E identificar-se com Cristo, a ponto de difundir “o bom perfume de Cristo”, simbolizado no bálsamo perfumoso com que se mistura o óleo Santo do Crisma, o sacra mento do cristão autêntico. E de tal maneira assumir em nós a vida de Cristo, que se possa dizer o que dizia São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim” (GI 2,20). Não pode haver coisa mais sublime! A presença de Cristo multiplicada na presença dos cristãos, à medida que o Evangelho caminha pelos caminhos da História!Mas talvez não seja inoportuno lembrar que a conversão é uma tarefa que deve continuar a vida toda. Temos sempre que nos converter. Porque continuamos sempre expostos a perder ou diminuir a vida da graça que Deus põe em nós. Estamos rodeados de dificuldades e empecilhos que põem em perigo nosso tesouro. Esse tesouro que, como diz ainda São Paulo, “trazemos em vasos de barro” (2 Co 4, 7). Dentro de nós há uma lei negativa que nos inclina para o mal. São Paulo a sentia dentro de si. Ele, o santo e grande apóstolo. Impressiona-nos ouvir os seus gemidos: “Constato essa lei: quando eu quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. Eu me comprazo na lei de Deus segundo o homem interior; mas percebo outra lei nos meus membros, que peleja contra a lei de minha razão e que me acorrenta à lei do pecado que existe em meus membros. Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte? Graças sejam dadas a Deus, por Jesus Cristo, Senhor nosso” (Rm 7,21-25).

E, assim, a vida cristã é uma luta permanente, para cada vez mais fugirmos da lei do pecado e caminharmos para a plenitude da lei do Evangelho. Devemos fazê-Io com constância. E com coragem! E com alegre esperança! Segundo uma belíssima norma vivida por São Paulo e que nós também devemos viver: vamos deixar para trás tudo o que houve de errado em nossa vida. Vamos olhar para frente e caminhar na direção do prêmio que Deus nos preparou (cfr F13, 13-14).LEITURAS para o III domingo do Tempo Comum – Ano B:

1ª – Jn 3,1-5,10.

2ª – 1 Cor 7, 29-31.

3ª – Mc1,14-20.