Tensão entre os discípulos de João e os de Jesus a respeito da “purificação” do batismo.

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações de Padre Lucas de Paula Almeida

O Enterro da Igreja e o Enterro da Comunidade Católica

EVANGELHO E HOMILIA DO DIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

Sábado depois da Epifania

DIFERENÇA ENTRE O BATISMO DE JESUS E O DE JOÃO BATISTA

Tensão entre os discípulos de João e os de Jesus a respeito da “purificação” do batismo.

 

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações de Padre Lucas de Paula Almeida

1) Oração

Concedei, ó Deus, que vejamos frutificar em toda a nossa vida as graças do mistério pascal, que instituístes na vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Evangelho (Jo 3,22-30): Depois disso, Jesus e seus discípulos foram para a região da Judéia. Ele ficava lá com eles e batizava. João também estava batizando, em Enon, perto de Salim, onde havia muita água. As pessoas iam lá para serem batizadas. João ainda não tinha sido lançado na prisão. Surgiu então, da parte dos discípulos de João, uma discussão com um judeu, a respeito da purificação. Eles foram falar com João: «Mestre, aquele que estava contigo do outro lado do Jordão, e de quem tu deste testemunho, está batizando, e todos vão a ele». João respondeu: «Ninguém pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu. Vós mesmos sois testemunhas daquilo que eu disse: ‘Eu não sou o Cristo, mas fui enviado à sua frente’. Quem recebe a noiva é o noivo, mas o amigo do noivo, que está presente e o escuta, enche-se de alegria, quando ouve a voz do noivo. Esta é a minha alegria, e ela ficou completa. É necessário que ele cresça, e eu diminua».«É necessário que ele cresça, e eu diminua»

Hoje ficamos surpresos vendo Jesus e o Batista batizando “em paralelo”. Dizemos, sim, “em paralelo”, mas, isso só acontece aparentemente, porque João o Batista remite a Jesus, que é o Messias, o “novo Moises”, o Profeta tão esperado, aquele que vem para nos dar a Deus. «Que trouxe [Jesus]? A resposta é muito simples: A Deus. Trouxe a Deus» (Bento XVI).Em consequência e imediatamente João aclara o sentido do batismo: Realmente, trata-se de uma purificação, mas «diferença-se das acostumadas abluções religiosas» daquele tempo e, —como afirmou o papa Bento— «Deve-se a consumação concreta de uma mudança que determina de modo novo e para sempre toda a vida». Assim, o batismo cristão comporta uma mudança tão radical como um novo nascimento, até o ponto de nos converter em um novo ser.Purificação, certamente, mas, para despojar-se do “homem velho”, morrer a si mesmo e —pela graça— nascer a uma nova vida: A vida divina, algo que «ninguém pode receber (…) se não lhe for dada do céu» (Jo 3,28). O Concílio II de Orange ensinou que «amar a Deus é exclusivamente um dom de Deus. Ele mesmo que, sem ser amado, ama, concedeu-nos que lhe amássemos. Fomos amados quando ainda lhe éramos desagradáveis, para que nos concedera algo com que agradar-lhe».Hei aqui, então, nossa tarefa pela santidade: Aprofundar na humildade para abrir espaço à ação de Deus e deixá-lo fazer. O importante não é tanto o que eu faça, mas que Ele atue em mim: «É necessário que ele cresça, e eu diminua» (Jo 3,30). E nossa alegria será tanto mais completa quanto mais desapareça o próprio eu e, mais presente se faça o Esposo em nosso coração e nas nossas obras.3) Reflexões – Evangelho (Jo 3,22-30):

* Tanto João Batista como Jesus, ambos apontavam um rumo novo para o povo. Mas Jesus, depois de ter aderido ao movimento de João Batista e de ter sido batizado por ele, deu um passo a mais e criou o seu próprio movimento. Ele chegou a batizar pessoas no rio Jordão ao mesmo tempo que João Batista. Ambos atraíam o povo pobre e abandonado da Palestina, anunciando a chegada da Boa Nova do Reino de Deus.* Jesus, o novo pregador, estava levando uma certa vantagem sobre João Batista. Ele batizava mais gente e atraía mais discípulos. Surgiu então uma tensão entre os discípulos de João e os de Jesus a respeito da “purificação”, isto é, a respeito do valor do batismo. Os discípulos de João Batista sentiam uma certa inveja e foram falar com João para informá-lo a respeito do movimento de Jesus.A resposta de João aos seus discípulos é uma resposta bonita, que revela a grandeza de alma. João ajudou seus discípulos a verem as coisas com mais objetividade. Ele usou três argumentos: 1) Ninguém recebe nada a não ser aquilo que lhe foi dado por Deus. Se Jesus faz coisas tão bonitas, é porque as recebeu de Deus (Jo 3,27). Em vez de inveja, os discípulos deveriam sentir alegria. 2) João reafirma, novamente, que ele, João, não é o Messias mas apenas o precursor (Jo 3,28). 3) No fim, ele usa uma comparação, tirada das festas de casamento. Naquele tempo, lá na Palestina, no dia da festa do casamento, na casa da noiva, os assim chamados “amigos do noivo” aguardavam a chegada do noivo para poder apresentá-lo à noiva. No caso, Jesus é o noivo, o povo é a noiva e ele, João, é o amigo do noivo. João Batista diz que, na voz de Jesus, reconheceu a voz do noivo e ele pôde apresentá-lo à noiva, ao povo. Neste momento, a noiva, o povo, deixa de lado o amigo do noivo e vai atrás de Jesus, porque reconheceu nele a voz do seu noivo! Por isso, é grande a alegria de João, “alegria completa”. João não quer nada para si! Sua missão é apresentar o noivo à noiva! A frase final resume tudo: “É necessário que ele cresça e eu diminua!” Esta frase é também o programa de toda pessoa seguidora de Jesus.* Naquele fim do primeiro século, tanto na Palestina como na Ásia Menor, onde quer que houvesse alguma comunidade de judeus, havia também gente que tinha estado em contato com João Batista ou que tinha sido batizada por ele (At 19,3). Vistos do lado de fora, o movimento de João Batista e o de Jesus eram muito semelhantes entre si. Os dois anunciavam a chegada do Reino (cf. Mt 3,1-2; 4,17). Deve ter havido uma certa confusão e tensão entre os seguidores de João e os de Jesus. Por isso era tão importante o testemunho de João sobre Jesus. Todos os quatro evangelhos se preocupam em relatar as palavras de João Batista dizendo que ele não é o messias. Para as comunidades cristãs, a resposta de João “Ele deve crescer e eu devo diminuir” valia não só para os discípulos de João da época de Jesus, mas também para os discípulos das comunidades batistas do fim do primeiro século.4) Para um confronto pessoal

  1. “Ele deve crescer e eu diminuir”. É o programa de João. É também o meu programa?
  2. O que importa é que a noiva encontre o noivo. Somos porta-vozes, nada mais. Será que eu sou?

5) Oração final

O SENHOR está perto de quem tem o coração ferido, salva os ânimos abatidos. Muitas são as desventuras do justo, mas de todas o SENHOR o livra.  (Sl 33, 19-20)

Jesus e o Batista batizando “em paralelo”

Tensão entre os discípulos de João e os de Jesus a respeito da “purificação” do batismo.

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações de Padre Lucas de Paula Almeida

Batismo do Senhor – Evangelho do dia e Homilia – O Amanhecer do Evangelho – Padre Lucas

13 DE JANEIRO- BATISMO DO SENHOR – ANO C

Primeira Leitura: Isaías 42, 1-4.6-7

Leitura do livro do profeta Isaías – Assim fala o senhor, 1Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar sobre ele meu espírito, para que leve às nações a verdadeira religião. 2Ele não grita, nunca eleva a voz, não clama nas ruas. 3Não quebrará o caniço rachado, não extinguirá a mecha que ainda fumega. Anunciará com toda a franqueza a verdadeira religião; não desanimará, nem desfalecerá, 4até que tenha estabelecido a verdadeira religião sobre a terra, e até que as ilhas desejem seus ensinamentos. 6Eu, o Senhor, chamei-te realmente, eu te segurei pela mão, eu te formei e designei para ser a aliança com os povos, a luz das nações; 7para abrir os olhos aos cegos, para tirar do cárcere os prisioneiros e da prisão aqueles que vivem nas trevas.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial (28/29)

REFRÃO: Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!
1. Tributai ao Senhor, ó filhos de Deus, tributai ao Senhor glória e poder! Rendei-lhe a glória devida ao seu nome; adorai o Senhor com ornamentos sagrados. – R.

Ouve-se a voz do Senhor sobre as águas! O Deus de grandeza atroou: o Senhor trovejou sobre as águas imensas! A voz do Senhor faz-se ouvir com poder! A voz do Senhor faz-se ouvir com majestade! – R.
A voz do Senhor retorce os carvalhos, desnuda as florestas. E em seu templo todos bradam: glória! O Senhor preside ao dilúvio, o Senhor trona como rei para sempre. – R.Segunda Leitura: Atos dos Apóstolos 10, 34-38
Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, 34Então Pedro tomou a palavra e disse: Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, 35mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo. 36Deus enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando-lhes a boa nova da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.

37Vós sabeis como tudo isso aconteceu na Judéia, depois de ter começado na Galiléia, após o batismo que João pregou. 38Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele.

Palavra do Senhor.

Evangelho: Lc 3,15-16.21-22

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas

Naquele tempo, 15Ora, como o povo estivesse na expectativa, e como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo, 16ele tomou a palavra, dizendo a todos: Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. 21Quando todo o povo ia sendo batizado, também Jesus o foi. E estando ele a orar, o céu se abriu 22e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição.

Palavra da Salvação.

Festa do Batismo do Senhor

O Evangelho deste domingo se inicia com uma síntese sobre a pregação de João Batista, na qual ele anuncia a vinda do Messias, que vai provocar uma profunda transformação. As multidões acorrem ao rio Jordão e aderem à proposta do Batista, que consiste na conversão dos pecados como caminho para quem deseja receber o Reino de Deus que está próximo. A primeira condição para acolhê‑lo é reconhecer‑se pecador. Assim, às margens do Jordão, afluíram aqueles que desejavam libertar‑se do pecado. Os fariseus e os saduceus não procuravam o batismo de João porque se consideravam justos, sem pecado(cf.Lc7,30).

Naqueles dias, também, Jesus chegou de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no rio Jordão. À primeira vista, o batismo de Jesus nas águas do rio Jordão pode parecer inútil. Eram as pessoas conscientes de seus pecados que procuravam o batismo, perante a iminente chegada do Messias prometido. Jesus, além de não ter pecados, não precisava mudar de vida. Mas sua vinda ao mundo tinha um objetivo: ir ao encontro e oferecer a salvação aos pecadores. Aderindo ao batismo de João, Jesus expressa sua solidariedade para com os pecadores e se coloca próximo a eles não como juiz, mas como salvador.

Mais que fazer uma crônica do que aconteceu, o evangelista quer revelar quem é Jesus e o faz servindo-se de três imagens. Jesus, ao sair das águas, “viu o céus se abrindo”. “Os céus fechados” lembram o silêncio e o distanciamento de Deus de seu povo (cf. Is 65,15‑19). O evangelista revela que o início da atividade pública de Jesus reconstitui a aliança entre o céu e a Terra, Deus e seu povo.

“O Espírito Santo em forma de pomba desceu sobre ele “. Na compreensão de Israel, a pomba era símbolo da doçura e do amor. O estilo suave dessa ave expressa o agir de Jesus que se aproxima dos pecadores e os trata com misericórdia. Além disso, o Espírito, que antes era como uma pomba que voava sem encontrar sobre quem repousar, agora repousa em Jesus para consagrá‑lo.

“E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição. ” ‑. A voz é expressão de alguém sendo solenemente apresentado para determinada missão. O Pai apresenta Jesus como o servo fiel e predileto. A missão do Filho de Deus tem sua imagem na do servo sofredor de Isaías: aquele que carrega sobre si os pecados do povo. Ao sair das águas do Jordão, Jesus é proclamado “Filho bem-amado”, sobre o qual pousou o Espírito que o consagrou para a missão de anunciar a Boa‑Nova da Salvação. Como o Messias esperado e Salvador, Ele recebe a força de Deus para conduzir a humanidade rumo ao novo céu e à nova Terra. RENASCER PELA ÁGUA E PELO ESPÍRITO SANTO

Com a festa do Batismo do Senhor, recebido pelas mãos de João Batista nas águas do rio Jordão, encerra-se o ciclo de Natal. O dia seguinte já pertence ao Tempo Comum, cuja primeira fase se estende até à terça-feira antes da quarta-feira de Cinzas. Esta festa do Batismo de Jesus é, portanto, um marco importante. Mas não só no calendário litúrgico. Significa a entrada de Jesus para sua vida pública, depois dos trinta anos de vida oculta em Nazaré. Pelo sinal do Batismo, João Batista reconheceu a Cristo como o Messias, e o pôde apresentar ao povo: “Eis o Cordeiro de Deus, eis o que tira o pecado domundo”(Jo1,2.9).

É muito saudável o costume de nossas igrejas – principalmente as mais antigas – de reproduzir num painel na parede do batistério a cena do Batismo de Jesus. Pinturas como essas já foram definidas como a Bíblia dos humildes, dos que não sabem ler. E não faltam catequistas que, quando ensinam o capítulo do batismo para os seus pequeninos, levam-nos a visitar o batistério e lhes explicam todos os pormenores do sugestivo quadro. O rio Jordão, que já era o rio sagrado dos hebreus, e que, pela presença de Cristo em suas águas, ficou sendo sagrado para os cristãos e para todo o mundo. Sobre Jesus, na hora em que Ele é batizado, paira o Espírito Santo em forma de pomba. E se ouve a voz do Pai eterno dizendo – uma inscrição na parede o indica -“Este é o meu Filho muito amado, no qual ponho toda a minha complacência” (Mt 3, 17).

Não há dúvida de que a Igreja, ao celebrar esta festa, não quer apenas louvar a Deus pela grandeza e santidade de seus mistérios, como se faz sempre na Liturgia. Ela quer chamar a atenção para a realidade – tantas vezes esquecida – de nosso batismo, do qual o de João Batista era apenas um humilde prelúdio, como ele próprio o diz: “Agora eu batizo com água, mas já vem Aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias, Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo”(Lc3,16). Aí a referência é ao fogo purificador profundo, que penetra a alma para libertá-Ia de toda a maldade, em oposição àquele batismo de água, puramente exterior. Aliás, línguas de fogo apareceram em Pentecostes, essa solene descida do Espírito Santo, que se pode considerar como sendo o batismo da Igreja.

O Concílio Vaticano II orientou a Igreja para reformular o rito do batismo, tanto de crianças como de adultos, a fim de indicar com mais clareza o sentido profundo desse sacramento (Sc, 66/129). E o esforço pastoral da Igreja hoje é no sentido de que o batismo seja cada vez menos um rito puramente tradicional e social, e cada vez mais uma entrada consciente do homem para o mundo de Cristo e do seu Evangelho. Um “mergulhar” em Cristo, talvez pudéssemos dizer, traduzindo a palavra “batismo” que tem exatamente esse significado. Como os israelitas, pela circuncisão, eram agregados ao antigo Povo de Deus, assim o batismo nos faz agora “concidadãos dos santos” (Ef 2.19) – não mais estrangeiros -, e destinados a ser na eternidade habitantes f “daquela Roma onde Cristo é romano”, conforme disse alegremente Dante na Divina Comédia (Purg. XXXII, 102). O cristão é alguém que tem que sentir e viver essa realidade sublime: ele entrou para o mundo de Cristo. Deixou para ! trás o mundo dos valores puramente terrenos e recebeu o Espírito Santo para viver uma vida nova. A água que se derramou sobre ele no rito do batismo não significa apenas ablução, purificação. Significa vida, e vida nova. O batismo é um “renascer”- um nascer de novo: “Quem não renascer pela água e pelo Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).

Nessa nova vida – convém recordar – não se introduz alguém de maneira automática, como se fosse por um passe de mágica. É como uma semente que se recebe para se cultivar. Quem se batiza assume um compromisso para ser cumprido ao longo de toda a vida. Dia por dia, com sinceridade, realizando a verdade na caridade -é São Paulo que no-10 ensina – temos que crescer em tudo, na direção daquele que é a Cabeça, Cristo” (Ef4,15).

Leituras da Festa do Batismo do Senhor – Ano C:

1a)IS 42,1-4,6-7

2a)At 10,34-38

3a) Lc 3,15-16,21-22

Batismo de Jesus – Renascer pela Água – Padre Lucas –