Lucas 12, 49-53 – Jesus veio trazer fogo e a divisão sobre a terra

Lucas 12, 49-53: “O fogo na terra” Vós pensais que vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão”(Lc 12,51) –

A Bíblia Explicada em Capítulos e Versículos

O Amanhecer do Evangelho

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

  Jesus veio trazer fogo e a divisão sobre a terra

QUINTA-FEIRA DA 29ª SEMANA DO TEMPO COMUM

 1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho  (Lucas 12, 49-53)

49Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso? 50Mas devo ser batizado num batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra! 51Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação. 52Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; 53estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra.3) Reflexão

*  O evangelho de hoje traz algumas frases soltas de Jesus. A primeira sobre o fogo na terra só ocorre em Lucas. As outras têm frases mais ou menos paralelas em Mateus. Isto nos remete para o problema da origem da composição destes dois evangelhos que já fez correr muita tinta ao longo dos últimos dois séculos e só será resolvido plenamente quando pudermos conversar com Mateus e Lucas, depois da nossa ressurreição.*  Lucas 12,49-50Jesus veio trazer fogo sobre a terra

“Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso! Devo ser batizado com um batismo, e como estou ansioso até que isso se cumpra!”   A imagem do fogo ocorre muito na Bíblia e não tem um sentido único. Pode ser imagem de devastação e castigo e também pode ser imagem de purificação e iluminação (Is 1,25; Zc 13,9). Pode até evocar proteção como transparece em Isaías: “Se passar pelo fogo, estarei contigo” (Is 43,2). João Batista batizava com água, mas depois dele Jesus haveria de batizar pelo fogo (Lc 3,16). Aqui, a imagem do fogo é associada à ação do Espírito Santo que desceu no dia de Pentecostes  sob a imagem de línguas de fogo (At 2,2-4). Imagens e símbolos nunca têm um sentido obrigatório, totalmente definido, que não permitiria divergência. Nesse caso já não seria imagem nem símbolo.É da natureza do símbolo provocar a imaginação dos ouvintes e expectadores. Deixando liberdade aos ouvintes, a imagem do fogo combinado com a imagem do batismo indica a direção na qual Jesus quer que a gente dirija a imaginação. Batismo é associado com água e é sempre expressão de um compromisso. Em outro lugar o batismo aparece como símbolo do compromisso de Jesus com a sua paixão: “Você podem ser batizados com o batismo com que serei batizado?”. (Mc 10,38-39).*  Lucas 12,51-53Jesus veio trazer a divisão

Jesus sempre fala em paz (Mt 5,9; Mc 9,50; Lc 1,79; 10,5; 19,38; 24,36; Jo 14,27; 16,33; 20,21.26). Então, como entender a frase do evangelho de hoje que parece dizer o contrário: “Vocês pensam que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu lhes digo, vim trazer divisão”.Esta afirmação não significa que Jesus estivesse a favor da divisão. Não! Jesus não quer a divisão. Mas o anúncio da verdade de que ele, Jesus de Nazaré, era o Messias tornou-se motivo de muita divisão entre os judeus. Dentro da mesma família ou comunidade, uns eram a favor e outros radicalmente contra. Neste sentido a Boa Nova de Jesus era realmente uma fonte de divisão, um “sinal de contradição” (Lc 2,34) ou, como dizia Jesus: “Ficarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra”. Era o que estava acontecendo, de fato, nas famílias e nas comunidades: muita divisão, muita discussão, como conseqüência do anúncio da Boa Nova entre os judeus daquela época, uns aceitando, outros negando. O mesmo vale para o anúncio da fraternidade como o valor supremo da convivência humana. Nem todos concordavam com este anúncio, pois preferiam manter seus privilégios. Por isso, não tinham medo de perseguir os que anunciavam a fraternidade e a partilha. Esta é a divisão que surgia e que está na origem da paixão e morte de Jesus. Era o que estava acontecendo. Era o julgamento em andamento. Jesus quer é a união de todos na verdade (cf. Jo 17,17-23). Até hoje é assim. Muitas vezes, lá onde a Igreja se renova, o apelo da Boa Nova se torna um “sinal de contradição” e de divisão. Pessoas que durante anos viveram acomodadas na rotina da sua vida cristã, já não querem ser incomodadas pelas “inovações” do Vaticano II. Incomodadas pelas mudanças, elas usam toda a sua inteligência para encontrar argumentos em defesa de suas opiniões e para condenar as mudanças como contrárias ao que elas pensam ser a verdadeira fé.

4) Para um confronto pessoal

1) Buscando a união, Jesus era causa de divisão. Isto já aconteceu com você?

2) Diante das mudanças na Igreja, como me situo?5) Oração final

Exultai no Senhor, ó justos, pois aos retos convém o louvor. Celebrai o Senhor com a cítara, entoai-lhe hinos na harpa de dez cordas. (Sl 33, 1-2)

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
(LECTIO DIVINA)
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
– DIA DOS PAIS –
TRES REFLEXÕES PARA O DIA DOS PAIS
1. O PAI AMIGO
Perguntaram a uma menina pequenina se ela sabia dizer o que era um pai. E ela disse que pai era um homem grande que era capaz de se
sentar no chão com a gente e comer a comidinha de brinquedo da casa da boneca.
É como a história do fidalgo que entrando no gabinete do Rei encontrou Sua Majestade brincando com o filhinho caçula e servindo de
cavalo para o pequeno montar. E o Rei não deu nenhuma explicação nem pediu desculpas. Sabia que o fidalgo era pai também e entenderia.
Para filhos pequeninos valem esses quadros cheios de encanto.
Para filhos mais crescidos eu já pensaria na expressão que eu ouvi de um jovem entusiasmado por seu pai: “Meu pai é meu amigo”.
Vou tentar colocar em uma ligeira pincelada uma reflexão que o dia dos Pais me sugere meditar nesta importante qualidade que um Pai
deve ter: A AMIZADE.

E começaria pela expressão do jovem entusiasmado com seu pai: “Meu pai é meu amigo!” Evidentemente, porque há pais que não se mostram amigos dos filhos. Estão sempre ocupados. Não tem tempo para conversar com eles. Para ouvi-los e para falar-lhes. E para ajudá-los a não se perder em caminhos errados, nem se desencorajarem diante dos problemas.
Um jovem faz a seguinte queixa: Meu pai me fornece tudo o de que preciso: roupas, discos, dinheiro para gastar. Agora está me oferecendo uma viagem à Europa. Ele acha que eu sou ingrato. Mas é que ele ainda não entendeu que o que eu quero é que ele seja tão pródigo de si mesmo, como o é das coisas que me dá. Não sei se algum jovem saberia dizer de uma forma mais bonita como ser pai. Alguém que está presente, que escuta, que se interessa, que mostra caminho, que inspira e ajuda, que perdoa e que é capaz de reconhecer que, às vezes, erra também e é capaz de reformar seus pontos de vista.

Tenho pena dos pais pobres que não têm tempo de estar com os filhos, porque o trabalho longe de casa e as horas que gastam para ir e voltar mal lhes permitem ver os filhos nas últimas horas do dia.

E tenho pena dos pais ricos, cujos negócios e encargos e encontros obrigatórios e conferências e congressos lhe tomam todo o tempo e
pensamento, não lhes sobrando o espaço necessário para conviver com os filhos. Sem se perceber, vão se diluindo os laços que consolidam o amor e a confiança. Como é importante o encontro das gerações. Encontro de perto, íntimo, amigo. Encontro que se vai tornando, hoje, mais difícil, porque a brecha entre as gerações se alargou demasiadamente. São duas ou três dezenas de anos do passar do tempo, mas parecem séculos de diferença de mentalidade.

Os pais, de certo modo, tem que se educar de novo para aprender a acolher os filhos como eles são. Para descobrir os valores novos que neles
existem, como o repúdio à injustiça e a vontade de serem construtores do mundo. Para descobrir o caminho e para ajudá-los. E para anular os valores negativos que o mundo lhes vai insuflando. Que os pais não percam a esperança. Há forças misteriosas postas por Deus no coração dos filhos.
E elas atuam, mesmo quando pareçam amortecidas por uma porção de forças contrárias presentes no tempo e na sociedade.
A autoridade do pai não se destrói. Nem se destrói o respeito no coração dos filhos.
Talvez haja apenas novos modos de exercer a autoridade. Uma autoridade que, em vez de impor suas ordens, imponha-se pelo
seu valor. Como, nos filhos, o respeito é mais temperado de carinho e de confiança. Um respeito que cresce e se fortalece no fundo da
consciência, embora sem formas exteriores muito cerimoniosas.
Entra hoje mais o clima do caminhar junto, lado a lado, se bem que no subconsciente do filho esteja a certeza de que o pai é quem está na
frente por muitos títulos, infundindo-lhe uma grande confiança. Uma grande segurança. Um vivo estímulo.

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
(LECTIO DIVINA)
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
2. COMPROMISSOS E FUNÇÕES DO PAI CONTEMPORÂNEO

Alguns compromissos e funções do pai de família: Garantir o pão, proteger a família, guiar mulher e filhos pelo exemplo e palavras, enfrentar
com a esposa os desafios da educação dos filhos, garantir a sobrevivência do lar. Encontramos essas características do pai em qualquer lar que se preze. Mas no lar cristão isto não é suficiente. No lar cristão ser pai é sobretudo viver segundo a Palavra de Deus.

E exercer a paternidade fundamentada no Evangelho. São Paulo na carta aos Coríntios nos diz: “Quero, entretanto, que saibais
ser Cristo o cabeça de todo homem e o homem cabeça de Cristo”. Assim, pois, ser pai é ser o cabeça, o chefe de família. Ser chefe da família não significa, entretanto, assumir o comando e dar ordens a torto e a direito. A chefia consiste, na interação perfeita de 3 Elementos básicos: SUBMISSAO, AUTORIDADE e AMOR.

A primeira idéia que temos para definir a cabeça da família é a AUTORIDADE, mas no entanto, ela é a segunda em importância.

A primeira é a SUBMISSÃO. O homem só começa, realmente, a compreender a sua função de chefe de família quando reconhece que ele próprio está sob a autoridade: “Cristo é a cabeça de todo homem”. Portanto, o principal interesse do pai não está dirigido para sua família mas para Cristo. Muitos pais centralizam suas atenções nos filhos, nos problemas da família e se esquecem de sua responsabilidade para com Deus.

Não é a autoridade do próprio pai que é aplicada no lar mas a do Cristo, que se manifesta através do pai. O pai usa a autoridade, não para dominar a esposa e os filhos, mas, para, de maneira branda, edificá- los, guiá-los, animá-los, fazer planos para eles e orientá-los. Contudo sua autoridade também deve conter certo grau de firmeza e mesmo de serenidade. O castigo, quando aplicado com justiça é também um ato de amor e portanto querido por Deus. O que não pode acontecer é o pai descarregar suas frustrações sobre os filhos e esposa. Há necessidade de saber discernir o que é vontade própria e submissão a Cristo.

O terceiro elemento componente da chefia é o AMOR. O pai cristão, como o chefe da casa não deve dominar a família arbitrariamente.
Ele usa essa posição como uma base para servir a esposa e os filhos. Ele o serve ou serve pela aceitação da responsabilidade de ser o chefe da casa. Ele serve a sua família atendendo suas necessidades emocionais, materiais, sociais, intelectuais, culturais e espirituais. Foi esse amor que Jesus disse que deveríamos esperar de Deus que é modelo para todos os pais. O pai cristão
que vive estas três dimensões – submissão, autoridade e amor – é para seus filhos a imagem e a presença de Deus no lar.

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(LECTIO DIVINA)
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
3. Dia dos Pais

Hoje, dez, segundo domingo de agosto de 2014, é dia de festa, dia de alegria, é o “Dia dos Pais”. Você que é filho (a) agradeça ao Pai Eterno pelo ser sublime e maravilhoso que é seu “Pai”. Ser mãe é ter um mundo e não ter nada. É padecer num paraíso. Quanto aos pais o poeta emudeceu. Não se sabe por quê. Talvez por falta de palavras ou se tratar de alguém pouco sensível. Nada disto, creio eu. Ser pai é, também,
uma missão divina. “Alicerce de sustentação”. “Pai, herói anônimo”.

O que seria dos filhos não fosse à solidariedade, companheirismo, segurança, sabedoria, dedicação, simplicidade, compreensão, fortaleza, espírito de defesa e proteção representada na pessoa “Pai”? É virtuoso e testemunha viva da bondade de Deus encarnada no ser humano. Com o suor de seu rosto busca, através do trabalho, o sustento da família. Transforma o lar numa fortaleza respeitada e sagrada. Esposa e filhos se sentem protegidos recebendo apoio afetivo e efetivo.

Só a imagem de “Mãe” é tão linda e agradável quanto à do “Pai”. Não há termo de comparação ou quem possa substituí-lo em sua missão. É único. É soberano. É incomparável. É presença confortadora que dá força e vida.
Filho (a) acolha seu pai enquanto está junto dele, depois pode ser tarde demais. Não deixe passar esta oportunidade ímpar, de arrependidos o mundo está cheio. Deus, com sabedoria divina, escolheu um homem para representá-Lo. Ele, Deus Filho, enquanto homem foi protegido por, José, seu pai adotivo.
Filho (a) abrace seu pai e, num gesto carinhoso, beije suas mãos. É feliz quem tem a graça de tê-lo junto de si. Parabenize-o e renove o compromisso de filho (a) companheiro (a), amigo (a) e fiel aos princípios por ele defendidos. A família, certamente, ganhará com a deferência copiosa e a mãe se orgulhará do (a) filho (a) que possui.

Ao pai falecido, saudade sim, tristeza não. Agradeça a Deus e peça por ele, aguardando com renovado ardor seu encontro no paraíso, até porque, lugar de santo é no céu. Por tudo isto e por isto tudo, a Campanha Contra a Violência se sente engrandecida e honrada em reconhecer os méritos incontáveis deste ser, que o Criador permitiu ser chamado, também, de Pai.

“Pai, com três letras escreve este nome bendito. O céu também tem três letras e nele cabe o infinito”. Se três palavras são necessárias e suficientes para externar nosso sentimento de gratidão, alegria e paz pelo que representa perante a instituição família, à sociedade e, especialmente, aos filhos, lá as vão: Deus lhe pague. Feliz dia dos Pais. Parabéns.

(1) Pe. Lucas de Paula Almeida, CM
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