TRANSFIGUROU-SE NA PRESENÇA DELES: Mt 17,1-9

EVANGELHO E HOMILIA DO DIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

FATO DA VIDA: TRANSFIGURAÇÃO E DESFIGURAÇÃO

Leonardo Da Vince, que pintou o quadro da Santa Ceia no convento das Graças, em Milão, saiu à procura de um modelo para o rosto de Cristo. Encontrou um jovem que revelava no rosto sua paz interior. Correspondia exatamente ao sonho do artista. Passaram-se anos. Faltava encontrar alguém para modelo de Judas, o apóstolo traidor. Era necessário um rosto que retratasse a vilania e a perversidade. Finalmente, apareceu alguém de acordo com os requisitos do pintor. Era um homem preso pela polícia em um ambiente sórdido. Foi levado ao atelier. Ao ver a obra inacabada, a fisionomia feroz do criminoso se descontraiu. Rompeu em prantos. Anos atrás serviria ele mesmo de modelo para a figura de cristo e agora se prestava a retratar a baixeza de Judas Iscariotes.A PALAVRA DE DEUS:

“Jesus subiu a uma montanha para rezar, levando com ele Pedro Tiago e João. E quando ele estava rezando, o rosto Dele ficou todo mudado. E a roupa ficou toda branca e brilhante. Nisso, dois homens apareceram e começaram a conversar com Ele. Eram Moisés e Elias cercados da glória celestial. A conversa era sobre a morte que Jesus ia ter, em Jerusalém. Pedro e os seus companheiros estavam caindo de sono. Quando acordaram, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. Quando esses já iam sumindo, Pedro disse a Jesus:” Mestre, como é bom a gente ficar aqui!  Vamos fazer 3 barracas: uma para o Senhor, outra para Moisés e outra para Elias, (ele nem sabia o que estava dizendo). Pedro ainda estava falando quando veio uma nuvem que cobriu todos eles. Como entraram na nuvem os discípulos ficaram com muito medo. Então ouviram uma voz que vinha da nuvem: “Este é o meu filho, o meu escolhido. Escutem o que ele diz”. Quando a voz terminou, Jesus estava sozinho. Os discípulos guardaram segredo daquilo naqueles dias e não contaram para ninguém o que tinham visto.( LC 9,28b-36)”.EXPLICAÇÃO:

a)A CENA DA TRANSFIGURAÇÃO:

A cena evangélica da Transfiguração de Jesus no alto da montanha do Tabor, é celebrada duas vezes na liturgia: uma, no segundo domingo da quaresma e outra na festa de 6 de agosto. E é assim que nos encontramos de novo com essa luminosa página, em que Jesus oferece aos três discípulos prediletos – Pedro, Tiago e João uma espécie de amostra da glória futura. O cenário sugere o céu. A nuvem branca que envolve tudo é símbolo Bíblico da presença de Deus. A transformação que opera em Jesus dá um sinal da glória do corpo da ressurreição. Faz lembrar a visão do Filho do Homem do Apocalipse: vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um cinto de ouro. E os cabelos de Sua cabeça eram brancos, como lã branca, como neve; e seus olhos pareciam chamas de fogo (Ap 1,13ss). A voz do Pai Celeste se faz ouvir para proclamar o Filho, o eleito a quem deviam escutar ( Lc 9,35). E apareceram Moisés e Elias, como se fora a lei e os profetas a fazer guarda de honra do Evangelho. Conhecemos o texto que está nos três sinópticos, e sempre o lemos com novo prazer.b) MOISÉS É A LEI E  ELIAS A SANTIDADE:

São Lucas é que menciona o fato de Moisés e Elias conversarem com Jesus a respeito de Sua Pátria que se ia consumar em Jerusalém. De Seu êxodo, como é a palavra que Ele usa, insinuando que Jesus repete a história de seu povo (Ele é o Moisés) e vai passar, podemos dizer, pelo deserto do sofrimento da Paixão, ao encontro da glorificação final. O fato é que a transfiguração está unida à Paixão em mais de um sentido.Estão unidas à paixão como uma espécie de revigoramento da fé dos discípulos, para que eles não se desencorajassem diante da humilhação da Paixão, mas acreditassem na promessa da Ressurreição. Por isso mesmo, Jesus, ao descer do monte, refere-se à ressurreição, ordenando-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos (17,9). E ainda noutro sentido a Transfiguração se relaciona com a Paixão no sentido que aquele momento de fulgurante alegria não devia desviar Jesus de sua missão de servo sofredor que Ele iria cumprir no Calvário. Nada de se fixarem ali no alto da montanha onde tudo estava tão agradável. A glória só viria depois da cruz. Lição também para nós. Deus nos dá de vez em quando momentos de céu nos quais gostaríamos de permanecer para sempre. Mas estamos ainda na terra.

  1. ESPERANÇA É UM EMPRÉSTIMO DA FELICIDADE:

Temos que cumprir nossa peregrinação, marcada pelo sofrimento. Devemos, no entanto, deixar que a esperança nos transfigure. A esperança é, como alguém já disse, um empréstimo de felicidade.  Da felicidade do céu. Como a luz da aurora anuncia o sol que vai nascer e tinge o céu de suave claridade, a alegria da esperança dá tons de aurora à nossa vida envolta ainda como está entre as sombras noturnas dos problemas e angústias da terra. Por isso mesmo, o verdadeiro cristão nunca se pode entregar à tristeza. Alegres na esperança é um dos pontos que São Paulo dá como receita para uma vida cristã vivida na fidelidade. (RM 12,12)  E convida os Tessalonicenses  a que não se deixem acabrunhar pelo pensamento da morte, como acontece com aqueles que não têm esperança (TS 4,13).

E ainda ouvimos o Evangelho em que Jesus diz a seus discípulos: “Alegrai-vos porque os vossos nomes estão inscritos no céu”. Notemos que essa esperança não se refere apenas ao ponto final de nossa chegada à casa da eternidade. Ela deve ir alimentando cada momento de nossa vida. Porque sabemos que Deus cuida de nós e nos vai assistindo com a graça da coragem e da sabedoria em todos os nossos passos. Passaremos por momentos de dor e de provação, mas o Pai do céu não nos abandona. Os santos são para nós sinais e modelos de esperança. A tristeza é má conselheira. Cultivar a alegria, essa que vem do mais profundo do ser em paz com Deus é fonte de coragem e de energia espiritual. Nosso lema poderia ser esse: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: Alegrai-vos!” ( 15 ).

ANTES DA TRANFIGURAÇÃO

Certa vez, pouco antes da sua transfiguração, Jesus reuniu os discípulos e lhes perguntou: “Quem dizem os homens que eu Sou?”(Mc 8,27; Mt 16,13; Lc 9,18). A partir desse momento, muda o rumo dos acontecimentos, e notam-se diferenças profundas na atividade de Jesus. Diminuem os milagres: Na primeira fase de sua atividade entre o povo, Jesus fazia muitos milagres. Na segunda fase, os milagres são quase uma exceção. Marcos só refere dois, contra as dezenas de milagres na fase anterior. Mateus, igualmente, conhece os mesmos dois milagres mais um (Mt 17,14-21;20,29-34;17,24-27).

Lucas só conhece cinco milagres, isto é, os dois conhecidos por Marcos e Mateus e três outros só. Por que tantos milagres na primeira fase e tão poucos na segunda? Começa a alusão constante à Paixão: Na primeira fase só uma ou outra vez se fala da paixão como uma possibilidade futura. Agora, na segunda fase, a paixão é uma certeza, e dela se fala respectivamente. Jesus chega mesmo a fazer profecias da paixão (Mc 8,31-32;9,30-32;10,32-34). Muda a atitude para com o povo. Antes, a grande preocupação de Jesus era o povo. Agora, na segunda fase a grande preocupação dele são os discípulos e a sua instrução. Muitas vezes, está a sós com eles e os vai instruindo. Faz até uma viagem ao exterior, na terra de Tiro e Sidão, para estar a sós com os discípulos. Fala pela primeira vez em Igreja (Mt 16,18). Começa a falar da necessidade da cruz para os discípulos: Não só fala da sua própria paixão, mas igualmente da necessidade de a gente sofrer com ele. Insiste nas exigências duras para alguém poder ser o seu discípulo (Mt 16,24-28; Mc 8,34-38; Lc 9,23-27;14,27;17,33;12,9; Mc 10,28-31). Antes, na primeira fase, não havia insistência na necessidade de se sofrer com ele. A perspectiva das parábolas é diferente: Na primeira parte, Jesus usa muitas parábolas, para com elas ilustrar o mistério do reino, enquanto deve realizar-se no futuro, através da Paixão e da Morte. A oposição dos fariseus se torna clara. Na primeira fase, existia uma certa oposição velada contra Jesus por parte dos líderes do povo. Agora, na segunda parte, esta oposição se torna clara, aberta e irreversível. Essas são as diferenças que uma leitura atenta dos Evangelhos descobre entre a primeira e a segunda fase da atividade de Jesus.

Leonardo Da Vince, que pintou o quadro da Santa Ceia no convento das Graças, em Milão, saiu à procura de um modelo para o rosto de Cristo. Encontrou um jovem que revelava no rosto sua paz interior. Correspondia exatamente ao sonho do artista.
Passaram-se anos. Faltava encontrar alguém para modelo de Judas, o apóstolo traidor. Era necessário um rosto que retratasse a vilania e a perversidade. Finalmente, apareceu alguém de acordo com os requisitos do pintor. Era um homem preso pela polícia em um
ambiente sórdido. Foi levado ao atelier. Ao ver a obra inacabada, a fisionomia feroz do criminoso se descontraiu. Rompeu em prantos. Anos atrás serviria ele mesmo de modelo para a figura de cristo e agora se prestava a retratar a baixeza de Judas Iscariotes.

http://www.padrelucas.com.br/wp-content/uploads/2017/06/06.-XVIII-Domingo-da-Transfigura%C3%A7%C3%A3o-1.pdf

EVANGELHO E HOMILIA DO DIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

A TRANSFIGURAÇÃO E DESFIGURAÇÃO NA FAMÍLIA

O Evangelho nos mostrou Jesus subindo a uma montanha para rezar. Ele gostava de rezar sozinho, no alto das montanhas. Às vezes passava lá a noite inteira rezando. Desta vez, Ele levou 3 apóstolos com ele. Isto já nos ensina alguma coisa sobre a família. Jesus está ensinando que a gente precisa rezar sozinho, de quarto fechado. Mas precisa também rezar junto com a nossa família. Quando Jesus estava rezando, o rosto dele ficou todo mudado. Ficou desfigurado. E a roupa dele ficou brilhando de branca. Quando a gente está rezando junto com a família, Jesus faz a família toda ficar transfigurada. Muita coisa muda dentro de nossa casa. A gente tem mais amor, mais coragem, mais alegria, mais paz. Vamos ver aqui algumas coisas que mudam e se transfiguram na família que reza unida:AS CONVERSAS:

Nem sempre as conversas que saem dentro de nossa casa, são conversas boas. Muitas vezes, a gente fala mal dos outros ou fica rindo dos defeitos alheios. Quantos boatos são espalhados nessas conversinhas: O Evangelho falou que a conversa de Jesus, Moisés e Elias era sobre a morte de Jesus. Será que em nossas casas a gente costuma conversar sobre Jesus? Contar para as crianças as histórias da Bíblia Sagrada e da vida dos santos? Bons exemplos que a gente vê na comunidade. Há tanta coisa boa para conversar. É preciso começar em nossa casa a viver a fraternidade em nossas conversas.A CARIDADE:

Vamos começar em casa a viver mais a caridade com os irmãos necessitados. Foi o que fez São Pedro. São Pedro, em vez de pensar em si, pensou só nos outros. Ele queria fazer 3 barracas para os outros. Assim também, a família caridosa não se descuida de praticar a caridade com os necessitados. E isto transfigura a família toda aos olhos de Deus.O SOFRIMENTO:

Toda família passa momentos de sofrimentos e aflições. A oração faz a gente não ficar com medo, quando chegar essa nuvem de dificuldades. Assim como a nuvem, isso passa. E o céu vai ficar mais bonito, mais azul, depois da chuva da aflição.OS PROBLEMAS:

Há problemas na família, que deixam os membros sem saber o que fazer. Por exemplo, formação dos filhos, crises da adolescência e juventude. A família que reza, sempre sabe escutar a voz do Espírito de Deus, indicando os caminhos que ele deve seguir. Jesus é o Filho de Deus, o nosso Mestre. Vamos escutar a voz Dele!O AMBIENTE:

Quando a família está reunida, conversando, cantando, rindo, brincando, a gente vive momentos felizes na nossa vida. A oração atrai a bênção de Deus para dentro de nossa casa afastando as desavenças, as brigas e os xingos.

Tudo em nossa casa é paz e alegria. A gente, então, sente o mesmo que São Pedro sentiu no Tabor. E a gente exclama: Senhor, como é bom ficar aqui em casa! Comecemos então em nossa casa a rezar em família. E teremos a satisfação de sentir que toda a nossa família está mudada, transfigurada.

Leituras do II Domingo da Quaresma – Ano C:

1a) Gên 15,5-12.17-18

2a) Fl 3,17-4,1

3a) Lc 9,28b-36

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REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

II DOMINGO DA QUARESMA – ANO C

“E TRANSFIGUROU-SE DIANTE DELES”

A mesa da Palavra deste domingo aproxima para a nossa reflexão dois altos montes: o monte Moriá, onde Abraão, por ordem de Deus, se dispunha a imolar Isaac, e o monte Tabor, que foi o cenário da Transfiguração de Jesus. E por detrás desses dois montes entrevê-se um terceiro, não tão alto como altura material, mas o mais alto do mundo pelo seu significado na História da Sal­vação: o monte Calvário.

No alto do Moriá – que, segundo a tradição, é o mesmo no qual Salomão edificou o Templo de Jerusalém, lugar definitivo dos sacrifícios do culto do Povo de Deus – Abraão ia cumprir a ordem de Deus, num supremo gesto de fidelidade, imolando seu filho úni­co, Isaac. Mas era apenas uma prova. Na hora da execução, o anjo de Deus deteve o braço de Abraão. O menino foi poupado. E o Patriarca imolou no lugar dele um carneirinho que ali apareceu com os chifres enredados entre os ramos. E, para premiar a fideli­dade de Abraão, Deus lhe prometeu uma descendência tão nume­rosa como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar (cfr. Gn 22, 1-18). Isaac, subindo a montanha com o feixe de lenha às costas, ficou sendo símbolo de Cristo, subindo o Calvário com a cruz às costas. Mas é preciso notar logo a grande diferença. No Cal­vário não houve a substituição da vítima, como quando Isaac foi trocado por um carneirinho. Jesus é o próprio “Cordeiro de Deus”, e foi imolado pela salvação do mundo. Deus Pai “não poupou seu próprio Filho, mas o entregou à morte por todos nós” (Rm 8, 32).No alto do Tabor, Jesus realizou a Transfiguração. Na pre­sença dos discípulos Pedro, Tiago e João – as testemunhas dos grandes momentos – seu rosto se tornou brilhante com o sol e suas vestes ficaram alvas como a neve.São Marcos, num toque agrada­velmente familiar, comenta que nenhum tintureiro da terra seria capaz de conseguir uma alvura igual. E apareceram Moisés e Elias ao lado de Jesus, conversando com Ele.Uma nuvem branquíssima os envolveu a todos, e do meio da nuvem se ouviu a voz do Pai do céu, dizendo: “Este é meu Filho amado. Escutai-o”.O entusiasmo dos discípulos foi tão grande, que Pedro propôs que se erguessem ali três tendas – para Jesus, para Moisés e para Elias – e ali ficassem para sempre. Mas a visão desapareceu.E desceram a montanha, recebendo de Jesus a determinação de que nada contassem a nin­guém, senão depois que Ele ressuscitasse dos mortos (cfr Mc 9,1-9).E preciso sublinhar com São Lucas que Moisés e Elias ­representavam a Lei e os Profetas – conversaram com Jesus a respeito de sua morte, que estava para acontecer em Jerusalém” (Lc 9, 31).Por onde se vê que a Transfiguração tem uma ligação íntima com a morte de Jesus no Calvário.Ela vem mostrar um reflexo da glória final da Ressurreição, mas acentuando que essa glória deve passar pela cruz.Jesus havia falado muitas vezes da glória futura. Porém, a realidade de sua vida, como o presenciavam os discípulos, era marcada pelo sofrimento, pelas perseguições, e pela ameaça da morte, que se tornava cada vez mais insistente. Para que a fé não desfalecesse no coração dos discípulos, quis dar-Ihes, podemos dizer, uma “amostra” do que seria a felicidade futura. E essa amostra foi tão persuasiva, que São Pedro guardou-lhe a lembrança bem viva até o fim da vida. E, na sua segunda carta, “ainda na tenda terrestre, mas prestes a despedir-se dela”, escreve que, quan­do fala da vinda gloriosa de Cristo na parusia, não está inventando fábulas, mas está baseado na experiência, que teve- quando viu sua glória lá no monte santo (cfr 2Pe 1, 16-18).

A Transfiguração nos mostra como a vida cristã tem que ser iluminada pela luz da esperança. Uma como música do céu, res­soando em surdina no fundo do nosso coração, no meio das tribulações da vida terrena. Um dia nós O veremos, como lembrou São Pedro aos destinatários da sua carta. O que não podemos é querer, como ele o pretendeu lá no Tabor, ficar no embevecimento de um êxtase permanente de felicidade, enquanto temos ainda o compro­misso de construir a cidade terrena.

E, como nos ensina o Vatica­no II, “a esperança de uma nova terra, longe de atenuar, deve, antes, impulsionar a solicitude pelo aperfeiçoamento desta terra.  Nela cresce o corpo de uma nova humanidade, que já pode apre­sentar algum esboço do mundo novo. Por isso, ainda que o pro­gresso terreno deva ser cuidadosamente distinguido do crescimento do Reino de Cristo, contudo, na medida em que pode contribuir para melhor organizar a sociedade humana, esse progresso é de grande interesse para o Reino de Deus” (G S, 39/319). Poder-se-ia dizer: um mundo iluminado pela esperança é um mundo melhor. Nele haverá a verdade, a justiça, o amor e a paz.Leituras do II Domingo da Quaresma – Ano C:

1a) Gên 15,5-12.17-18

2a) Fl 3,17-4,1

3a) Lc 9,28b-36

 

EVANGELHO E HOMILIA DO DIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

II DOMINGO DA QUARESMA – ANO A

 A PALAVRA DE DEUS:

“Jesus subiu a uma montanha para rezar, levando com ele Pedro Tiago e João. E quando ele estava rezando, o rosto Dele ficou todo mudado. E a roupa ficou toda branca e brilhante. Nisso, dois homens apareceram e começaram a conversar com Ele. Eram Moisés e Elias cercados da glória celestial. A conversa era sobre a morte que Jesus ia ter, em Jerusalém. Pedro e os seus companheiros estavam caindo de sono. Quando acordaram, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. Quando esses já iam sumindo, Pedro disse a Jesus:” Mestre, como é bom a gente ficar aqui!  Vamos fazer 3 barracas: uma para o Senhor, outra para Moisés e outra para Elias, (ele nem sabia o que estava dizendo). Pedro ainda estava falando quando veio uma nuvem que cobriu todos eles. Como entraram na nuvem os discípulos ficaram com muito medo. Então ouviram uma voz que vinha da nuvem: “Este é o meu filho, o meu escolhido. Escutem o que ele diz”. Quando a voz terminou, Jesus estava sozinho. Os discípulos guardaram segredo daquilo naqueles dias e não contaram para ninguém o que tinham visto.( LC 9,28b-36)”.TRANSFIGUROU-SE NA PRESENÇA DELES

No clima Litúrgico da Quaresma, prevalecem os tons roxos da penitência. E um clima de respeitosa tristeza. Inclusive pelo pensamento da Paixão do Senhor, que iremos comemorar na última semana e que vai sendo anunciada pela devoção popular da Via Sacra: “A morrer crucificado – teu Jesus é condenado – por teus crimes, pecador”.Porém, dentro desse contexto penitencial, resplandece no evangelho do segundo domingo o luminoso clarão do quadro jubiloso da Transfiguração do Senhor. São Pedro estava lá presente. E jamais se pôde esquecer da emoção daquele momento de céu. Escrevendo sua segunda carta às comunidades cristãs da Ásia Menor, lhes diz em tom comovente que, sabendo por manifestação de Jesus que está próximo o tempo de “desarmar a tenda” de sua habitação terrena, sente o dever de insistir com seus fiéis que permaneçam na fidelidade aos ensinamentos que Ihes transmitira. Ele, sem dúvida, estava certo de que a leitura dessa carta iria ajudar muito para esse grande resultado.E Ihes diz, então, expressamente que, ao Ihes anunciar a glória em que há de vir um dia Jesus Cristo no fim dos tempos, não estava inventando fábulas artificiosas, mas falava como testemunha ocular, que tinha sido, de sua majestade lá no alto da montanha. Quando do meio de uma glória magnífica se fizera ouvir a voz do Pai celeste, dizendo: “Este é meu Filho muito amado, no qual pus minha complacência. Escutai-o”. E essa voz – confirma ele – a ouvimos todos nós que estávamos com Ele no monte santo (cfr2 Pe 1,12-18).Certamente tudo isso ficara muito vivo no coração de Pedro. O esplendor de Cristo transfigurado, quando seu rosto se tornara brilhante como o sol e suas vestes alvas como a neve. A nuvem branca que envolvera a montanha – a “sekhiná” – sinal tradicional na Bíblia para indicar a presença de Deus. A presença da Lei e dos profetas, na pessoa de Moisés e Elias, e a do Evangelho e da Igreja, muito bem sintetizada nos três apóstolos que Jesus escolhia para testemunhas de certos momentos solenes: o próprio Pedro, Tiago e João. Os mesmos que Iriam ser testemunhas da sangrenta agonia do Getsêmani. Pedro certamente se recordava de como, ao ouvir a voz vinda do céu, os três tinham caído com o rosto em terra, cheios de medo. Mas Jesus os chamara e Ihes falara com a força encorajadora de suas palavras: “Levantai-vos, não tenhais medo”. Lembrava, se também de como tinha tido a leviandade de pedir a Jesus que a alegria daquele momento permanecesse para sempre. E se oferecera, até, para erguer três tendas, uma para Jesus1 outra para Moisés e outra para Elias. Mas a visão desaparecera, e Jesus os convidara a descer do monte, e Ihes dera ordem que não contassem nada a ninguém do que tinham visto, senão depois que ele ressuscitasse dos mortos (cfr Mt 17,1-9).E, como São Pedro, a Igreja continua a narrar esse grande mistério da vida de Jesus – ele é narrado pelos três sinópticos – e continua a tirar as lições que ele nos transmite. Tão importantes! E tão consoladoras! Antes de tudo, o sentido de uma “amostra” – chamemo-la assim – do que será o esplendor do corpo glorioso do Senhor ressuscitado. Não é o clarão da divindade, que essa não pode ser contemplada por nossos olhos nesta vida terrena. Só na eternidade.Quando a luz da fé for substituída pela luz da : glória: o “lumen gloriae”, que fará a felicidade dos eleitos. Jesus falara tantas vezes da glória final, da sua vinda no último dia. Mas, na realidade, o que os apóstolos iam ver antes disso eram os horrores da Paixão e da morte no Calvário. Era preciso que não ficassem abalados e decepcionados. Então o Mestre como que lhes levanta um pouco o véu do futuro e lhes reforça a fé e a esperança; É o que vemos que aconteceu com São Pedro. E ficou renovada a certeza, na solene declaração do Pai do céu, de que Jesus é o Filho de Deus, cuja voz devemos sempre ouvir. Como ficou a grande lição, característica da missão de Jesus: Ele tinha que passar pela morte, antes de chegar à glória. Ele não era o Messias político, cheio de grandeza terrena” que estava na expectativa de muitos. Por isso mesmo, só depois da Ressurreição é que Pedro e seus companheiros da visão do Tabor teriam direito de narrar o que tinham visto. A luz só depois da Cruz: “Per crucem ad lucem”.

Leituras do II Domingo da Quaresma – Ano C:

1a) Gên 15,5-12.17-18

2a) Fl 3,17-4,1

3a) Lc 9,28b-36

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

II DOMINGO DA QUARESMA – ANO C

Mc 9, 2-10: “Este é o meu Filho bem-amado. Ouvi-O!

O texto de hoje vem logo após o diálogo com Pedro e os discípulos, na estrada de Cesaréia de Filipe, sobre quem era Jesus e como deveria ser o seu seguimento:“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga” (8, 34).Começando essa passagem com as palavras “Seis dias depois”, Marcos quer ligar estreitamente o texto com a mensagem anterior sobre a cruz.O texto destaca um aspecto de Jesus que é muito importante – o fato que ele era um homem de oração. Durante a oração aparecem Moisés e Elias, símbolos da Lei e dos Profetas. Assim, Marcos mostra que Jesus está em continuidade com as Escrituras, isto é, o caminho que Jesus segue está de acordo com a vontade de Deus. Os dois personagens, tanto Moisés como Elias, eram profetas rejeitados e perseguidos no seu tempo – Marcos aqui vislumbra mais uma vez o destino de Jesus, de ser rejeitado, mas também de ser vindicado por Deus.Pedro, ao despertar do sono, faz uma sugestão descabida: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias” (v. 5). Claro, seria bom ficar ali, num momento místico, longe do dia-a-dia, da caminhada, das dúvidas, dos desentendimentos, da luta. Quem não iria querer? Mas, é uma sugestão que Jesus não pode aceitar.

Terminado o momento de revelação, “Jesus estava sozinho” e em seguida “desceram da montanha” (v. 9). Por tão gostoso que possa ser ficar no Monte, é precisa descer para enfrentar o caminho até o Monte Calvário! A experiência da Transfiguração está intimamente ligada com a experiência da cruz!! Talvez, foi a força da experiência do Monte Tabor que deu a Jesus a coragem necessária para agüentar a experiência bem dolorosa do Calvário!Todos nós – seja qual for a nossa vocação – precisamos de momentos de oração profunda, de união especial com Deus. Mas, essas experiências não são “intimistas” – nos aprofundam a nossa fé e o nosso seguimento para que possamos seguir o exemplo d’Ele que lavou os pés dos discípulos:“Eu, que sou o Mestre e o Senhor, lavei os seus pés; por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros” (Jo 13, 14). Também, esse trecho pode nos ensinar a valorizar os momentos de “Tabor”, os momentos de paz, de reflexão, de oração. Pois, se formos coerentes com a nossa fé, teremos muitas vezes de fazer a experiência de “Calvário”! Somos fracos demais para aguentar esta experiência – por isso, busquemos forças na oração, na Palavra de Deus, na meditação – mas sempre para que possamos retomar o caminho, como fizeram Jesus e os três discípulos! Para os momentos de dúvida e dificuldade, o texto nos traz o conselho melhor possível, através da voz que saiu da nuvem: “Este é o meu Filho bem-amado. Ouvi-o!” (v. 7). Façamos isso, e venceremos os nossos Calvários!!

Leituras do II Domingo da Quaresma – Ano C:

1a) Gên 15,5-12.17-18

2a) Fl 3,17-4,1

3a) Lc 9,28b-36