11. IV Domingo da Quaresma

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA).

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
IV DOMINGO DA QUARESMA – ANO B

JESUS VEIO PARA SALVAR
No livro dos Números se narra um curioso episódio, de difícil compreensão para nossa mentalidade tão diferente da mentalidade dos orientais. O povo, impacientando-se pelos proble¬mas do caminho e pela falta de alimentos, murmurava contra Deus e contra Moisés. O Senhor Ihes deu uma grave lição, no estilo da pedagogia da época.

Apareceram no deserto serpentes venenosas cujas picaduras produziam febres altas, e muita gente morria. O povo, então, voltou-se para Deus, pedindo perdão e suplicando misericórdia. Deus deu ordem a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e que a erguesse em um poste. E todos aqueles que fossem picados pelas serpentes, bastava que olhassem para ser¬pente de bronze e ficariam curados. E foi o que aconteceu (cfr Num 21, 4 9).
A lembrança desse fato permaneceu na memória do povo por muito tempo. No tempo de Jesus ainda era lembrado. Seu significado é muito complexo. O que em resumo se pode dizer é que não era um rito mágico, e que era um sinal do poder de Deus.
No livro da Sabedoria está escrito: “A serpente (de bronze) era um símbolo de salvação, que dava a saúde não em virtude da figura que tinham diante dos olhos, mas por Aquele que era o Salvador de todos” (Sb 16, 6-7). Porém o alto e profundo significado desse misterioso rito salvador é o que declarou Jesus no seu colóquio com Nicodemos: Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer nele tenha a vida eterna” (Jo 3, 14-15). E eu, espontaneamente, ao ler esse texto, penso no Centurião, que olhou para o Cristo morto na cruz, com o lado aberto pela lança, e confessou: Este era realmente Filho de Deus” (Mc 15, 39). Certamente sua alma estava iluminada pela luz da fé.

Para isso está levantada a cruz no centro da História. Para que todos olhem para Cristo e se salvem. Olhem para Cristo com olhar de amor e de fé. Certos da lealdade de sua palavra dita no mesmo colóquio com Nicodemos: Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem nele crê não é julgado: quem não crê, já está julgado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus” (Jo 3, 17-18). Essa segunda parte está aí, porque a salvação não é automática. Há a escolha da liberdade. Já tinha sido dito por Simeão, no dia da Apresentação no Templo, que Jesus ia ser um sinal de contradição” (Lc 2, 34). Uns estariam com Ele, e para esses haveria a salvação. Outros estariam contra Ele, e para esses haveria a queda. Não escolheriam a luz que é Cristo. Escolheriam as trevas. Como os malfeitores que se escondem nas sombras da noite. É a história do mundo na sua caminhada. Apesar da claridade da salvação, que se derrama da cruz do Salvador, muitos preferem as trevas à luz” (Jo 3, 19).

É essa uma verdade dolorosa, mas não podemos fechar os olhos a ela. Deus nos quer salvar. Para isso mandou seu Filho ao mundo. Sua vontade é de amor. Não quer condenar ninguém. Mas Ele quer a colaboração da nossa liberdade. Não nos quer autômatos irresponsáveis. É glória de Deus ser o Criador do homem livre. É glória de Deus premiar no céu o homem que fez bom uso da liberdade. É de Santo Agostinho um famoso trocadilho a esse respeito: Qui creavit te sine te, non salvabit te sine te”. Quer dizer: “Aquele que te criou sem a tua ajuda, não te salvará sem a tua colaboração”.

Somos com Deus os construtores de nossa eterna felicidade. Sua graça nunca nos faltará, mas nossa colaboração nunca será dispensável. E nós a estaremos dando com certeza, sempre que soubermos olhar para Cristo, com a mesma fé – simples e profun¬da – com que o contemplou o Centurião naquela tarde no alto do Calvário. Com essa fé vamos caminhando com alegria ao encontro da festa da Páscoa que se aproxima: “Alegra-te, Jerusalém… Vós que estais tristes, exultai de alegria. Saciai-vos com a abundância de sua consolação”, que é como canta a Igreja neste quarto domin¬go da Quaresma, que tem o nome do “Domingo da Alegria”. É na alegria que respondemos ao convite do Senhor.

LEITURAS do IV domingo da Quaresma – Ano B:
1ª – 2 Cr 36,14-16, 19-23.
2ª – Ef 2, 4-10.
3ª – Jo 3,14-21.

TEMA: A COMUNIDADE CAMINHA À MEDIDA EM QUE SEUS MEMBROS SE COMUNICAM PELO DIÁLOGO.

Irmãos. Estamos bem adiantados já, na Campanha da Fraternidade deste ano. Durante este tempo todo a Igreja vem nos convidando a gente a sermos solidários com deficientes e caminharmos juntos com eles. O que ajuda a gente a caminhar juntos é o diálogo. Existe diálogo, quando duas pessoas comunicam uma à outra o que pensam e sentem. Quando é só uma parte que comunica, não existe diálogo.
Vamos então refletir hoje sobre a nossa comunicação com as outras pessoas. Sem isso não há jeito de caminhar juntos.

ATO PENITENCIAL
Para que nós possamos participar bem desta celebração, vamos pensar como vai a nossa comunicação com Deus e com os homens.
1. Nas minhas orações, tem havido diálogo com Deus? Tenho parado para ouvir a voz de Deus, ou só eu é quem falo?
2. Todos os problemas de uma comunidade partem da falta de comunicação dos seus membros. Tem havido diálogo entre mim e os irmãos deficientes? Dentro da minha família? Com os vizinhos? Ou a incompreensão está atrapalhando a gente a caminhar juntos?

1ª ORAÇÃO
Ó Deus Pai, o Senhor mandou o seu Filho Jesus ao mundo, para entrar em diálogo conosco. Através dessa comunicação divina, nós passamos a perceber mais claro o seu amor para com cada um de nós. E com isso, nossos laços de amizade se estreitaram mais.
Senhor, faça com que a gente corresponda com esta amizade, crescendo mais no diálogo e no entendimento e no entendimento entre nós aqui na comunidade. Por Jesus Cristo, que vive e reina com o Senhor, na unidade do Espírito Santo.

REFLEXÕES SOBRE A 1ª LEITURA: 2 Cr 36,14-16, 19-23.

Deus não despreza a gente em momento algum. Mesmo quando somos infiéis a ele. O povo estava vivendo como pagão. Mas Deus envia seus mensageiros para orientar o pessoal.
Mesmo quando acontece com a gente alguma coisa que não presta, é para a gente acordar e se lembrar de Deus. E dialogar com Ele. Deus está sempre arranjando um jeito de se comunicar com a gente.

REFLEXÕES SOBRE A 2ª LEITURA: Ef 2, 4-10

A iniciativa do diálogo é sempre da parte de Deus. Mesmo quando a gente estava perdido com o pecado, Jesus Cristo nos salvou. “E nos salvou de graça”
Por que não corresponder, e fazer a nossa parte para manter essa comunicação constante com Deus?

MENSAGEM/REFLEXÕES SOBRE O EVANGELHO: Jo 3,14-21

Irmãos. A comunicação com os outros, dizer o que pensamos, saber ouvir os nossos irmãos, dialogar com todos, eis o caminho da fraternidade. É isso que faz a gente caminhar juntos, em comunidade. Vamos pensar mais um pouco.

1. JESUS CRISTO É O NOSSO MODELO DE DIÁLOGO
O Evangelho de hoje traz uma parte do diálogo de Cristo com Nicodemos. Conversando, Jesus esclareceu todas as suas dúvidas.
Na Bíblia, Jesus é chamado o Verbo de Deus, que quer dizer, a palavra, o meio de Deus dialogar com os homens.
Deus nos amou tanto, que nos deu o seu Filho único. Deus sabe que depois do pecado a gente sozinho não tem condições de voltar-se para Ele. E porque Ele nos ama, enviou o seu filho Único, Jesus Cristo, para recomeçar um diálogo mais profundo com a gente.
Jesus comunicou para nós mensagens novas vindas de Deus Pai. E, ao mesmo tempo procurou chamar a atenção para a nossa resposta. Resposta que agente dá através da fé, pela oração, e pela nossa vida de união e amor, na comunidade.

2. O DIÁLOGO COM OS OUTROS É SINAL DO NOSSO DIÁLOGO COM DEUS.
Jesus fala no Evangelho que Ele é a luz. Ele é o grande sol que iluminando as pessoas e clareando as estradas para a gente poder caminhar juntos.
Aqueles que vivem bem não tem medo de se aproximar da luz.
Mas aqueles que vivem mal tem medo da luz, tem medo de suas maldades serem descobertas.
Se a gente não tem a luz de Deus, se a gente não dialoga com Deus, então a gente se tranca no nosso egoísmo. Então a gente não tem força de se comunicar com os outros.
Não dialogamos. E porque não conhecemos o outro, passamos a prejudicá-lo e ofender-lhe.
Se estamos dialogando bem com os outros, é sinal que estamos também dialogando com Deus.

3. O DIÁLOGO É UMA FORÇA PARA A GENTE CAMINHAR JUNTOS.

O diálogo leva à compreensão. Se eu troco de idéias com os outros, eles passam a me conhecer, eu passo também a conhecer melhor esses meus irmãos.
Com isso, muitas barreiras e muitos preconceitos caem por terra. E a gente começa a ver que o outro é muito melhor do que pensava. Daí, surge confiança de um com o outro. E como consequência vem ajuda mútua.
É claro que o diálogo supõe um esforço, e uma luta para a gente mesmo. O nosso egoísmo quer que a gente se feche dentro de nós. É preciso se esforçar, para se abrir e confiar no outro, como Deus confia em nós.
Não podemos também ficar esperando pelo outro. Cada um de nós pode puxar o diálogo. Dar o começo.
Se Deus fosse esperar pela nossa iniciativa, nós nunca tínhamos encontrado com Ele.

LEITURAS do IV domingo da Quaresma – Ano B:
1ª – 2 Cr 36,14-16, 19-23.
2ª – Ef 2, 4-10.
3ª – Jo 3,14-21.

MENSAGEM/REFLEXÕES DOS PARTICIPANTES/PERGUNTAS Jo 3,14-21

Nos grupos de reflexão:
1. Você acha que já existe diálogo em nossa comunidade? Dê alguns exemplos. E diálogo nas famílias, entre pais e filhos?
2. Quais são as maiores dificuldades que temos, aqui, para dialogar? Há pessoas vizinhas que não se conhecem? Há inimizades que separam as famílias? E a política atrapalha o diálogo? Que mais?
3. Que vamos fazer esta semana, para caminhar juntos, através do diálogo? De que jeito? Tem jeito da gente dialogar com os irmãos, sem dialogar com Deus? Por que?

PRECES DA COMUNIDADE

– Para que a nossa comunidade, a exemplo de Cristo, se mantenha em atitude de diálogo, fomentando a fraternidade, pelo diálogo com o próximo, rezemos ao Senhor.
– Para que aprendamos a sair do nosso isolamento egoísta e saibamos nos dispor ao diálogo com o próximo, rezemos ao Senhor.
– Pelos pais, professores, sacerdotes e autoridades, para que saibam compreender os jovens, dialogar com eles, atendendo as suas legítimas aspirações, rezemos ao Senhor.
– Pelos jovens, para que procurem, com os pais e os mais velhos, a trabalharem juntos na construção da própria personalidade, rezemos ao Senhor.

ORAÇÃO SOBRE OS DONS

Ó Deus Pai, o Senhor se comunica conosco através de Jesus Cristo, aqui e agora, com este sacrifício da Missa.
Que estas ofertas que nós fazemos neste momento, sejam uma demonstração concreta do nosso esforço de aceitar a comunicação que o Senhor quer fazer com a gente.
E do nosso desejo de dialogar com todos os irmãos. Num diálogo franco e sincero. Por Jesus Cristo, a Palavra eterna, que vive com o Senhor, na unidade do Espírito Santo.

ÚLTIMA ORAÇÃO

Ó Jesus, acabamos de nos encontrar com o Senhor, através da comunhão. É um gesto de amor que o Senhor teve com a nossa comunidade, e com cada um de nós. Queremos estar sempre em comunicação com a gente. E nos dando sempre a força de vencer as barreiras que atrapalham o nosso diálogo.
Muito obrigado!
Ajude-nos a entender, que para a gente fazer a comunicação com todos os irmãos. Numa atitude de constante abertura.
O Senhor que vive com o Pai, na unidade do Espírito Santo.
MISSÃO DA SEMANA

PROCURAR DIALOGAR COM UMA PESSOA QUE ESTEJA AFASTADA DA GENTE. LEMBRAR-SE QUE DIALOGAR NÃO É SÓ FALAR. PRECISA OUVIR TAMBÉM E PROCURAR COMPREENDER.