FESTA DE CRISTO REI – ANO C

ELE É O REI

O AMANHECER DO EVANGELHO

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE

PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

FESTA DE CRISTO REI -ANO C

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

FESTA DE CRISTO REI – ANO C

ELE É O REI

Quando o povo se reuniu em alegre cortejo para acompanhar Jesus na entrada de Jerusalém, poucos dias antes de sua morte, cantando-lhe entusiásticas aclamações -“Bendito o que vem em nome do Senhor!” “Hosana ao Filho de Davi!” “Hosana ao Rei de Israel!” – não se pode duvidar que era uma solene proclamação do Rei-Messias. Mas também não se pode desconhecer que nem todos entendiam o sentido profundo desse título.

São João nota que o fato de Jesus entrar montado num jumentinho, manso e tranqüilo, era o cumprimento de uma profecia messiânica do profeta Zacarias. Mas o evangelista acrescenta que eles não o entenderam logo. Só foram compreender depois da Ressurreição, ao clarão da luz de Pentecostes. Como, aliás, aconteceu com vários outros fatos do evangelho ( cfr. Jo 12, 14-16).

Jesus não é um rei que entra no mundo protegido por tropas militares, ostentando riquezas e poder, sentado num trono, vestido de púrpura. Ele é o Rei manso, que conquista a terra. pelo amor do seu coração. Na paixão o coroaram, mas foi com uma coroa de espinhos, que lhe fez sofrer e derramar sangue. Esse sangue que foi o preço da redenção do mundo.Tudo isso está presente na Igreja, quando ela celebra com filial comprazimento a solenidade de Cristo, Rei do Universo. Ela não está pensando em cetros e coroas. Está pensando no profundo sentido espiritual que tem o Reino de Cristo, segundo a palavra que Ele disse ao governador romano: “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36).

Pilatos não precisava temer, pensando que Jesus fosse um subversivo, pronto a arregimentar forças para derrubar o domínio romano. “Se meu reino fosse deste mundo- explicou Jesus – meus súbditos teriam combatido para eu não ser entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. “Então, tu és Rei?” perguntou-lhe Pilatos. E Jesus respondeu: “Tu o dizes, eu sou Rei”. Mas acrescentou estas sublimes palavras: “Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade, escuta a minha voz” (lbid.,37).

Se quisermos pertencer ao povo de Cristo, temos que estar do lado da verdade. Quem vai atrás da vaidade, da falsidade, das exterioridades inconsistentes, da superficialidade, não estará construindo o reino de Cristo.

Temos que buscar sinceramente a verdade” E podemos encontrá-la na escola de Jesus, que é por excelência o Mestre. Ele desceu do alto e nos trouxe o testemunho da eterna verdade de Deus. E o reino que Ele vem instalar consiste essencialmente em levar os homens a conhecer a verdade e a vivê-Ia, de acordo com a expressiva palavra de São Paulo: “realizando a verdade na caridade” (Ef 4, 15). Assim fazendo, – continua o Apóstolo no mesmo lugar -“cresceremos em tudo em direção àquele que é a Cabeça, Cristo”. Na medida em que se opera esse crescimento, vai-se estabelecendo o reino de Cristo no mundo. Esse reino que, segundo proclama a Igreja na sua liturgia, é um “reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz” (Pref.).

Nesta festa de Cristo Rei, o povo de Deus é convidado a contemplar com infinita satisfação a grandeza do Rei divino. O apóstolo Paulo, com vigorosas pinceladas, traça para nós sua majestosa figura, no trecho da carta aos Colossenses que a Liturgia nos faz ler na missa de hoje: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criatura, porque nele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, tanto as visíveis como as invisíveis: tronos, dominações, principados, potestades, tudo foi criado por Ele e para Ele.

Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas têm nele sua consistência. É Ele que é a Cabeça do Corpo, isto é, da Igreja; Ele é o começo, o primogênito dentre os mortos (o primeiro ressuscitado), a fim de ter em tudo a primazia” (CI l 15-18). Se bem prestamos atenção a esta maravilhosa página de Paulo, descobrimos que ele nos está ensinando que a Encarnação, coroada pela Ressurreição, colocou a natureza humana de Cristo não só à frente de todo o gênero humano, mas de todo o universo criado. Uma primazia total! O rei absoluto!

Daí a nossa alegria. Nossa vontade de escutar a palavra da Verdade. Nossa vontade de dizer como disse na cruz o Bom Ladrão – por confusa que pudesse ser sua idéia sobre o reinado de Cristo – a grande palavra de esperança: ” Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino” (Lc 23, 42).

LEITURAS para a Solenidade de Cristo Rei – Ano C:
1a) 2Sm 5, 1-3
2a) CI l 12-20
3a) Lc 23, 35-43

Quando o Cardeal Aquiles Ratti, Arcebispo de Milão, foi eleito Papa no dia 06 de fevereiro de 1922 e tomou o nome de Pio XI, seu primeiro gesto foi uma surpresa para o povo italiano e para o mundo. Apresentou-se no balcão da Basílica de São Pedro e abençoou o povo reunido na Praça, fato que não acontecia desde 1870, quando Roma fora ocupada pelas forças italianas e declarada Capital da Itália, e se criara a famosa Questão Romana, ficando o Papa como prisioneiro dentro do Vaticano. É que Pio XI iria resolver a velha questão: assinaria com o governo italiano o Tratado de Latrão e se criaria a Cidade e Estado do Vaticano. O que aconteceria em 11 de fevereiro de 1929.  Esse foi o fato mais importante do pontificado de Pio XI, que foi, sem dúvida, um grande Papa: o Papa das missões e da Ação Católica, o Papa da cultura e das universidades católicas, das bibliotecas e da Arte Sacra. Seu pontificado encheu a Igreja de entusiasmo. Pensaram em dar-lhe o título de Pio Magno.Seu grande sonho era ver o mundo inteiro conquistado para Cristo e para o Evangelho. Tinha como lema ” A paz de Cristo no Reino de Cristo”. E instituiu a festa de Cristo – Rei, cujos textos cantam jubilosamente a expansão do Reino de Cristo no mundo. Entre outros, este texto do Apocalipse: ” Jesus Cristo é a Testemunha fiel, o Primogênito dos mortos, o Príncipe dos Reis da terra” (Ap 1, 5).Evidentemente não se trata de um reino feito de grandezas terrenas. “Meu reino não é deste mundo”, disse Jesus diante de Pilatos (Jo 18, 36).É o reino da verdade, da justiça, da fraternidade, da Paz. Não é um reino deste mundo, mas vive e se desenvolve dentro deste mundo.E seu empenho é impregnar com a seiva do Evangelho todas as realidades terrenas: a cultura, o trabalho, a família, a política, as relações internacionais. Tenho para mim – e muita gente pensa assim comigo – que o Concílio Vaticano II foi um dos maiores passos dados na História nesse sentido.

O conjunto  de seus documentos, iluminados pela luz do céu e voltados com sincero interesse para as realidades do mundo, cria um clima de serena confiança para a expansão do reinado de Cristo. Pode-se falar de duas épocas da História: a de antes do Vaticano II e a de depois do Vaticano II.A paz de Cristo não conseguiu ainda estabelecer a paz em toda a realidade humana, mas seus princípios vão sendo apregoados cada vez com mais clareza, e significam um sinal de esperança para todas as nações. A pregação da Igreja – que hoje acolhe com simpatia os novos recursos dos meios de comunicação – tem força e claridade bastante para orientar para o bem os rumos da civilização, aplaudindo o que é bom, retificando o que estiver errado, perdoando misericordiosamente as fraquezas, mas jamais compactuando com o mal.E é forçoso reconhecer que a ação da Igreja está vivendo uma época particularmente rica de sua caminhada, graças – por que não dizê-lo? – à presença desse homem carismático que foi o Papa João Paulo II.Ainda não se apagaram na memória da Igreja e do mundo os ecos de suas vibrantes palavras na homilia da missa inaugural de seu pontificado, celebrada na Praça de São Pedro na radiosa manhã de 22 de outubro de 1978: “Não tenhais medo de acolher a Cristo e de aceitar o seu poder!Ajudai o Papa e todos aqueles que querem servir a Cristo e, com o poder de Cristo, servir o homem e a humanidade inteira! Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, ou melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao seu poder salvador abrir os confins dos estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos da cultura, da civilização e do progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem “o que é que está dentro do homem”. Somente Ele o sabe!”.E é inegável que o Papa, com sua palavra, com seus gestos, com o fascínio de sua presença, vai escancarando todas as portas – dos corações e das fronteiras das nações -ao suave Reino de Cristo.Ninguém honestamente pode desconhecer que foi sua palavra e sua presença que levaram a se abrir as fronteiras dos países do Leste Europeu para a presença livre do Evangelho de Cristo. Vai-se realizando o ideal do Pio XI: A paz de Cristo no Reino de Cristo.LEITURAS para a Solenidade de Cristo Rei- Ano B:

1ª – Dn 7,13-14.

2ª – Ap 1,5-8.

3ª – Jo 18,33b-37.