03. IX DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B O DIA DO SENHOR

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA).

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

O DIA DO SENHOR

             A observância do sábado – em hebraico “shabbat”, que quer dizer “repouso” – era uma das coisas mais sagradas para os israelitas. Descansar no sétimo dia era um dever gravíssimo.

            A própria narração do Gênesis mostra Deus descansando no sétimo dia, depois de completar a obra da criação. Na travessia do deserto, o maná faltava no dia de sábado; e, então, no sexto dia de trabalho colhiam uma porção dupla para terem o que comer no sábado.

            Além da prescrição do Decálogo, há muitos outros lugares da Bíblia em que se fala do repouso do sábado. Os rabinos montaram sobre o assunto infinitas discussões, chegando a certos tipos de prescrições – ou melhor, de proibições – que temos que achar no mínimo muito estranhas, senão de todo ridículas. Assim é que elencaram trinta e nove espécies de trabalho que não era permitido fazer no sábado. Visitar um doente, por exemplo, era proibido. Fazer uma viagem de mais de dois mil côvados (cerca de nove- centos metros), acender fogo, afastar-se de casa a não ser uma pequena distância, era proibido).

Assim é que uma vez que Jesus acompanhado de seus discípulos atravessava um campo de trigo maduro em dia de sábado, os discípulos começaram a colher espigas e debulhá-las com as mãos para comê-las. Os fariseus logo reclamaram: estavam fazendo uma coisa proibida no dia de sábado. Afinal, estavam preparando alimento, o que era um dos trinta e nove trabalhos vedados em dia de sábado.

A resposta de Jesus traz uma norma de sabedoria permanente. Lembrou o caso de Davi, que estando com fome, ele e seus soldados, entrou na casa de Deus e tomou os pães da proposição -reservados exclusivamente aos sacerdotes – e deles todos comeram.

Como que para dizer que a necessidade supera o rigor da lei. E o disse ainda mais explicitamente: “0 sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”. E acrescentou com autoridade: “Por isso, o Filho do homem é senhor também do sábado” (Mc 2, 27). Assim também, quando reclamaram porque Ele realizara uma cura num dia de sábado, foi esta a sua resposta: “Num dia de sábado é lícito fazer o bem ou fazer o mal? Salvar alguém ou deixá-lo morrer?” (Ibid., 3,4).

            O que é importante para nós é observar que o dia de sábado, segundo o que está escrito na Lei e segundo a praxe do povo israelita, não é apenas um dia de descanso, mas um dia santificado. Um dia de honrar a Deus, de prestar-lhe culto, de escutar a palavra dos profetas. Como, aliás, vimos o próprio Jesus fazer na sinagoga de Nazaré. O sábado é o dia do Senhor .

            Para os cristãos não existe mais o sábado. O “dia do Senhor” é para nós o domingo. Porque foi nesse dia – o primeiro da semana – que o Senhor ressuscitou. Como no primeiro dia da criação Deus fez a luz, no primeiro dia da nova criação, resplandeceu a claridade daquele que disse: “Eu sou a luz do mundo”. É então, para nós esse o dia santificado. O dia do repouso, preludiando, inclusive, o dia do eterno repouso, que a carta aos hebreus chama de “sabatismo do povo de Deus” (cfr Hb, cap. IV).

            O fato de o domingo ser o dia do repouso, fez dele espontaneamente um dia de lazer. Nada demais, se esse lazer se contiver dentro das normas da dignidade e não vier a profanar o dia do Senhor. E não vier desagregar a família, em vez de uni-la no encontro amigo e cheio daqueles valores que enobrecem a convivência humana.

            Mas o que vale a pena é insistir no fato de que o domingo é um dia santificado. O antigo “dia do sol” dos romanos -(nome que permanece nas línguas saxônicas: “sunday” , “sonntag”) – é para nós o dia do grande Sol do Senhor Ressuscitado. Cada domingo é comemoração da Páscoa.

            É uma pequena Páscoa. Que deve ser celebrada com puríssima alegria espiritual. E a missa dominical é a assembleia do Ressuscitado, que deve ajudar-nos a reviver aquele encontro de Cristo com seus discípulos da primeira Páscoa do cristianismo.

LEITURAS para o IX Domingo do Tampo Comum – Ano B:

1ª – Dt 5, 12-15.

2ª -2Cor 4,6-11.

3ª – Mc 2, 23-3, 6 ou 2, 23-28.